terça-feira, 21 de abril de 2015

O INICIADO

// Este texto é extraído do site da Fraternidade LUX et FRARI  e está na íntegra //
                                                                                                                 
                                               
Iniciado: Alguém que se iniciou; neófito de práticas secretas; aquele que recebe ensino de um mestre.
O iniciado é aquele que penetra nos mistérios da Deusa, levantando seus véus e contemplando a sua face comunga com seus mistérios divinos.
Meu mestre costuma dizer que: “Um mestre só se torna realmente mestre após ter um iniciado”. Este dito revela a importância do iniciado para o mestre.
Todo o mestre sonha em ter um iniciado perfeito, dedicado, estudioso e disciplinado, assim como o iniciado sonha em ter um mestre pleno de conhecimento, poder mágico e sabedoria. No entanto, para ambos, nem sempre isso acontece.
Diz um provérbio antigo “... o mestre se apresenta para o iniciado quando este está pronto”. Mas é preciso que o iniciado queira se tornar um. Ninguém pode obrigar alguém a ser um iniciado. Mas após optar e ser aceito, o iniciado deve dedicar-se, ter disciplina, seguir as orientações do seu mestre para progredir e esforçar-se para manter-se ao lado dele. “... o mestre é alguém que pesca com um anzol reto, o iniciado é alguém que se esforça para manter-se preso ao anzol”.
Às vezes vejo um iniciado julgando, criticando ou queixando-se do seu mestre, e isso me entristece, pois ou o mestre não esta atendendo as necessidades do seu iniciado ou o iniciado julga saber mais que seu mestre, e em ambos os casos a relação esta prejudicada, onde algumas vezes o rompimento da relação é a melhor solução.
A relação entre mestre e iniciado vai muito alem da relação entre professor e aluno. O laço entre os dois dura para sempre. Vejo com freqüência mestres se referindo ou citando palavras de seus antigos mestres ouvidas muitas vezes quando eram iniciados, e percebo nas suas vozes sentimentos de saudade, admiração e respeito, estes sentimentos por seus mestres, talvez nunca tenha sido percebidos por eles mesmos, quando eram iniciados.
Ouso dizer, que a relação entre mestre e iniciado é como a relação entre pai e filho.
A função do mestre é passar o conhecimento para o iniciado para que este possa seguir o seu caminho. A função do iniciado quando se tornar mestre é passar o que aprendeu de seu mestre, acrescido da sua experiência pessoal, a outros iniciados, mantendo viva a chama da tradição.
“... o pai que ama verdadeiramente seu filho deixa-lhe um legado para que este possa crescer com segurança e se manter no mundo vindouro quando seu pai lhe faltar. Da mesma forma quando o filho tornar-se pai passará o seu o conhecimento para o próprio filho”.
O caminho do iniciado não é um caminho fácil, muito pelo contrário, é repleto de ordalias. Há momentos em que as dificuldades, dúvidas, insegurança e medo parecem dominar e que a melhor saída é desistir. O iniciado deve confiar no seu mestre, ouvi-lo e tentar nestes momentos trevosos seguir-lhe a orientação. Ainda que seu mestre não seja o ser mais perfeito, ele é alguém que com certeza, não encontrou a sua espada caída na esquina; ele a conquistou superando as mesmas dificuldades pelas quais passa agora ou passará o seu iniciado.


Por Delphos Ankh-Af








O MESTRE


// Este texto é extraído do site da Fraternidade LUX et FRARI  e está na íntegra //

Abaixo transcrevo um texto do frater Goya do Círculo Iniciático de Hermes, por estar em plena concordância com os ensinamentos da Fraternidade Lux et Frati. Tomei apenas a liberdade de substituir a palavra discípulo ou aprendiz pela expressão iniciado, por esta, estar mais de acordo com a utilizada em nossa ordem.
Delphos Ankh-Af



Quem é o Mestre?

Por definição, Mestre: O que é perito ou versado numa ciência ou arte. Portanto, o Mestre seria alguém que se dedicou a um determinado ofício, ciência ou arte, até atingir um grau suficiente de instrução que lhe permita ensinar, ou guiar o iniciado.
Todo Mestre foi um dia iniciado. Ninguém nasce Mestre. O aprendizado nunca é um caminho fácil, mas ao contrário, é um caminho exigente e difícil, cujo preço é para a maioria das pessoas, impossível de pagar. Note-se que falamos aqui de um tipo de Mestre específico. O Mestre de uma ordem esotérica. Supõe-se portanto, que o Mestre ou Guia, tenha passado por todas as trilhas e iniciações previamente, as mesmas pelas quais levará seu iniciado. Logo, aqueles Mestres que levam o título sem ter nada praticado na verdade não se encaixam aqui sendo uma vergonha para seu iniciado. Mas voltaremos a eles mais adiante. Não percamos tempo.


A Formação do Mestre

Como alguém se torna Mestre? Em tese, qualquer pessoa pode tornar-se um Mestre, e por vários meios, embora a trajetória seja basicamente a mesma. No processo de formação do Mestre, nem sempre ele possui a idéia clara de que é um Mestre já no início. Mas o fato de não ter consciência imediata disso, não quer dizer que ele ainda não seja um Mestre.
Normalmente, no decorrer dessa jornada, o buscador primeiro responde a um Chamado (anseio) pessoal, que o leva a buscar certo caminho. Esse anseio muitas vezes é um desejo exagerado já na infância por coisas que são inapropriadas para a idade. Aqui estamos falando daqueles que desde de cedo acabam encontrando sua vocação, normalmente no final da primeira infância (a partir dos 7 anos). Depois disso, acabam buscando informações por conta própria, sendo difícil encontrar na história desses buscadores precoces um tutor assim em tão tenra idade. Normalmente a juventude desses buscadores acaba sendo bastante solitária e até podemos dizer marginal, pois em grande parte dos casos demonstra um recolhimento voluntário. Então, na vida adulta, após os 21 anos no Ocidente, é que acontecem as grandes reviravoltas. Normalmente nessa fase é marcada por grandes conflitos pessoais, um desejo incessante de crescer, e uma disparidade entre o que se pensa e o que se vive. Lembramos aqui que em nossos dias ninguém é educado desde a infância para ser Mestre. Logo, quando a fase de amadurecimento ocorre, há um choque entre aquilo que veio aprendido na família de origem, e aquilo que é aprendido por outros meios, sejam eles espirituais ou não. E normalmente, no período ao redor dos 30 anos, tem uma grande virada ou amadurecimento de sua carreira mágica.
Adiante disso, só podemos dizer que normalmente o caminho segue mais tranqüilo, a menos que ocorra algum tipo de virada na jornada pessoal. 


Um Mestre deve ter uma vida perfeita?

Deveria, mas não tem. Muitas pessoas têm o conceito errôneo de que por ser Mestre, o indivíduo deve ter uma vida perfeita. Devemos aqui lembrar que a pessoa pode ser um Mestre, mas o cônjuge, os filhos, ou os parentes necessariamente não o são, e tampouco o são o Chefe do Trabalho, os credores e por aí vai.

Mas se ele é Mestre, como não consegue resolver as questões diárias?

Não devemos nos esquecer que um Mestre é alguém preparado para determinadas áreas do conhecimento. Ele é um especialista, logo, por ser um Mestre no lado esotérico não faz dele um terapeuta familiar, ou um especialista em finanças. O Mestre é alguém que vive no nosso plano físico e portanto limitado às nossas leis e regras como qualquer um de nós. A grande diferença é que ele aproveita muito melhor as chances da sua vida. O verdadeiro Mestre busca o equilíbrio em tudo o que faz, e o alcança na maioria das vezes. E como dissemos adiante, nem sempre os familiares (que são os que estão mais próximos a ele) são Mestres também. Voltaremos a esse tema quando falarmos do Discipulo. 


Um Mestre é alguém Teórico?

Sim e não. O verdadeiro Mestre é aquele que possui habilidades teóricas e práticas. Alguém que sabe passar (logos/teoria) aquilo que se pratica (práxis/prática). Toda prática, leva ao estabelecimento de uma teoria. Por exemplo, o melhor jeito de bater num prego, para que consiga pregar no menor número de marteladas possível. Levando assim, à Teoria do Martelo. Logo, quando for ensinar alguém, vou passar a Teoria do Martelo e a Prática do Martelar...
A grande dificuldade existente hoje, é que muitas pessoas apenas lêem, não praticam, e se dizem grandes conhecedores, pois analisaram todas as possibilidades na sua mente “racional”. Devemos lembrar que essas pessoas “racionais” são as mesmas que não conseguem sustentar uma conversa sob qualquer tema até o final, as mesmas que esquecem metade da lista do supermercado, e as mesmas que tem dificuldades nos caixas eletrônicos. Sendo na verdade, racionais de meia-tigela, que querem bater num determinado artista na rua porque o personagem dele é mau na novela, e é a mesma pessoa racional que se diz elevada espiritualmente e espanca os filhos quando chega em casa nervosa do trabalho. E se dizem racionais...


Mestres Secretos e Mestres Conhecidos

Tradicionalmente existem pelo menos dois tipos de Mestre. Existe o Mestre Secreto ou Desconhecido e o Mestre Conhecido.
O Mestre Desconhecido, deve ser entendido como alguém a quem o aprendiz apenas tem acesso e que pede sigilo, ou ainda a uma egregóra, como Jesus, Buda, etc. Nosegundo caso, o aprendiz absorve de alguma forma o conhecimento fornecido pela egrégoratentando assim obter o que se chama tecnicamente de “revelação”.Muitos adoram usar o termo Mestre como alguém inacessível, porque é importante para eles justificarem sua incompetência em seguir qualquer estudo diligente seja sozinho ou em grupo. Logo, ele cria uma figura idealizada de Mestre Oculto, distante, invisível e em outro plano, porque é incapaz de admitir a si mesmo que apesar de ser um incompetente total naquilo que se propôs, outros podem ser bons alunos e praticantes, chegando a algum tipo de mestria de fato. Surge aí então, o Mestre Conhecido, que é aquele que se mostra publicamente. Talvez nesse ponto é que surjam as grandes dificuldades de se saber quem é quem. Muitas pessoas buscam a mestria como um auto-reconhecimento, um motivo do que se orgulhar.
De fato, não há mal algum em se orgulhar de um trabalho bem-feito, mas algumas pessoas acham que o título lhes garante status, o que não é verdade. Um dos pontos mais facilmente observáveis nos falsos Mestres, é a dificuldade de tê-los disponíveis e a aura de mistério que fazem questão de exalar. Poses, caras e bocas, fazem deles seres inatingíveis. Mas esses, que apenas se fazem de mestres sem verdadeiramente o ser, são descobertos facilmente após algum tempo de convívio. Vamos ao Mestre de fato, aquele que realmente nos interessa. Normalmente, o Mestre Conhecido pertence a alguma escola esotérica. Existem ordens e ordens. Como já foi dito acima, o Mestre é alguém que percorre um longo caminho em direção à perfeição de si mesmo, porque acredita que este é seu papel, ou ainda, também pode ser colocado nessa situação por forças externas a ele. E em especial, o Mestre Conhecido, aquele que se expõe, quando é um Mestre realmente, é alguém que faz das tripas coração para atender seu iniciado.

Por Frater Goya

Transcrito por 
Delphos Ankh-Af

A Neteret Sehkmet

Na mitologia egípcia a Neteret Sekhmet, Sachmet, Sakhet, Secmet ou Sakhmet, é uma deidade solar.

Sekhmet é representada por uma mulher coberta por um véu, cabeça de leoa, e um disco solar. Também era conhecida como “a Terrível”, “a Poderosa”, “a Amada de Ptah”. Ela é qualificada como “aquela cujo poder é tão grande quanto o infinito”.

A cabeça de leoa é símbolo de força e poder de destruição de inimigos. Os seus mensageiros (génios terríveis), as suas setas incandescente ou o seu sopro de fogo saindo de sua boca de leoa (pois ela encarna o “olho de Rá em fúria”, o sopro devastador do sol, as suas radiações solares), espalham sobre a Terra epidemias, doenças e morte. Sendo assim a Deusa da guerra e das doenças. No entanto, ela tinha igualmente o poder de curar, o que fazia dela a protectora dos magos e dos médicos. Os sacerdotes de Sekhmet formavam a mais antiga corporação de médicos e veterinários.

Sekhmet era a irmã e esposa de Ptah (posteriormente Ptah-Seker), e mãe de Nefertoum (o Deus Lótus), que foi criada pelo fogo do olho de Rá, seu pai, como uma arma de vingança e destruição dos homens que lhe desobedeciam, sendo muito temida no antigo Egito, ela era o símbolo da punição de Rá. A sua 1ª função consistia em aniquilar os inimigos do criador e evitar que as forças do caos não se manifestassem.



Diz a lenda que:

Rá, deus do Sol e soberano do Egito, reinava em sua cidade Annu.

Rá envelhecera. Seus membros eram de prata, a carne de ouro, as articulações de lápis-lazúli. Percebeu, então, que os homens que habitavam o vale e os desertos se tornavam arrogantes e insolentes e revoltaram-se contra ele. Rá reuniu seu conselho: Su, Tefnu, Geb, Nut, Nun e o Olho de Rá. Permanece no teu posto — disseram-lhe os demais deuses — pois grande é o temor que inspiras aos homens; basta que o teu olhar se volte contra eles para que todos pereçam.” Os homens, porém, pressentindo o perigo, fugiram para as montanhas. E os deuses disseram a Rá: “Deixa que o teu Olho vá sozinho; que ele desça sob a forma de Sekhmet ”. O Olho transformou-se na deusa Sekhmet ; esta desceu para as montanhas, onde estavam os homens, e, durante muitas noites e muitos dias, fez terrível carnificina. Rá assustou-se com a fúria sanguinária de Sekhmet ; já que a justiça fora cumprida, cumpria-lhe, agora, salvar o resto da humanidade. Como, porém, deter o braço feroz da cruel guerreira? Como apaziguar a sede de sangue que abrasava a deusa que já conhecia o sabor do sangue humano? Mandou Rá que se preparassem sete mil taças de licor inebriante, de cor vermelha, e que estas fossem derramadas no vale que ficou cheio até quatro palmos de altura. O artifício deu resultado. A deusa bebeu do líquido, e em tal quantidade que não distinguia nem os homens que junto dela se achavam. Então Rá chamou: “Vem em paz, graciosa deusa, vem!” E ela tornou a entrar no palácio dos deuses.

Ao acordar, sua fúria havia passado e a terrível bebedora de sangue se transformara na gata Bastet, a bebedora de leite.


A Deusa Sekhmet era uma divindade de 3 rostos:


Hathor - a Vaca cósmica, que dá à luz ao Sol

Sekhmet - a Leoa, a terrível, a Deusa da guerra e das doenças. Considerada como “Senhora da Vida” e Patrona dos Médicos.
Bastet - a Gata, cuja predominância é a doçura.

Segundo a lenda egípcia, ela tortura as pessoas malignas e desrespeitosas, mas é protetora dos fracos e desprotegidos. Os seus poderes abrangem: proteção, banimento e destruição do negativo.

Como parte de um arsenal contra a morte prematura, os egípcios usavam amuletos que mostravam o olho curador de Hórus, ou a imagem da Deusa Sekhmet. As estátuas de Sekhmet protegiam o acesso aos lugares sagrados, proibindo aos seres impuros e incapazes a entrada nos templos.



sábado, 11 de abril de 2015

Liber DCCCXIII vel ARARITA

Este livro é um relato do Hexagrama e do método de reduzi-lo à Unidade e Além. Ele descreve, em linguagem mágica, um processo muito secreto de Iniciação.



I


Aleph




Ó meu Deus! Um é o Teu Início! Um é o Teu Espírito, e Tua Permutação é Uma!
Deixai-me enaltecer as Tuas perfeições perante os homens.
Na Imagem de uma Sêxtupla Estrela que flameja através da Abóbada vazia, deixai-me revelar as Tuas perfeições.
Tu apareceste perante mim como um Deus ancião, um Deus venerável, o Senhor do Tempo, portando uma foice afiada.
Tu apareceste perante mim como um Deus jovial e corado, cheio de Majestade, um Rei, um Pai no seu apogeu. Tu portavas o cetro do Universo, coroado com a Roda do Espírito.
Tu apareceste perante mim com espada e lança, um Deus guerreiro em flamejante armadura em meio aos Teus cavaleiros.
Tu apareceste perante mim como um Deus jovem e brilhante, um deus de música e beleza, exatamente como um jovem deus em seu vigor, tocando a lira.
Tu apareceste perante mim como a espuma alva do Oceano colhido em membros mais brancos do que a espuma, os membros de um milagre de mulher, como uma deusa de extremo amor, portando o cinturão de ouro.
Tu apareceste perante mim como um jovem rapaz malicioso e amável, com Teu globo alado e suas serpentes fixadas por sobre um bastão.
Tu apareceste perante mim como uma caçadora em meio aos Seus cães, como uma deusa casta virginal, como uma lua por entre os carvalhos desbotados das florestas pelos anos.
Porém eu não fui iludido por nenhum destes. Todos estes eu abandonei, gritando: Vá-se embora! De modo que todos estes desvaneceram da minha visão.
Também eu fundi a Estrela Flamejante e a Estrela Sêxtupla na forja da minha alma, e vede! Uma nova estrela 418 que está acima de todos estes.
Mas ainda assim eu não fui iludido; pois a coroa tem doze raios.
E estes doze raios são um.

II


Resh

Agora então eu vi estas coisas adversas e malvadas; e elas não eram, assim como Tu Não és.
Eu vi as cabeças gêmeas que sempre batalham uma contra a outra, de modo que todo o seu pensamento é uma confusão. Eu Te vi nelas.
Eu vi as obscuridades da sabedoria, como símios pretos conversando perversidades sem sentido. Eu Te vi neles.
Eu vi as mães devoradoras do Inferno, que devoravam seus filhos—Ó vós que não possuis entendimento! Eu Te vi nelas.
Eu vi as impiedosas e vis harpias rasgando sua comida imunda. Eu Te vi nelas.
Eu vi os incandescentes, gigantes como vulcões expelindo o vômito preto de fogo e fumaça em sua fúria. Eu Te vi neles.
Eu vi os insignificantes, os irascíveis, os egoístas,—eles eram como homens, Ó Senhor, eles eram exatamente parecidos com os homens. Eu Te vi neles.
Eu vi os corvos da morte, que voavam com gritos ásperos por sobre as carniças da terra. Eu Te vi neles.
Eu vi os espíritos enganadores como sapos sobre a terra, e sobre a água, e sobre o metal traiçoeiro que corrói todas as coisas e não permanecem. Eu Te vi neles.
Eu vi os obscenos, homens-touro presos no abismo de putrefação, que mordiam as línguas uns dos outros até a dor. Eu Te vi neles.
Eu vi a Mulher. Ó meu Deus, eu vi a imagem dela, exatamente como uma adorável silhueta que escondia um símio preto, exatamente como uma figura que puxava com as suas mãos pequenas imagens de homens para dentro do inferno. Eu a vi da cabeça até o umbigo como uma mulher, do umbigo até os pés como um homem. Eu Te vi nela.
Pois minha era a senha para o Fechado Palácio 418 e minhas eram as rédeas da Carruagem das Esfinges, preta e branca.
Mas eu não fui iludido por qualquer uma de todas aquelas coisas.
Pois eu a expandi pela minha sutileza nos Doze Raios da Coroa.
E estes doze raios eram Um.

III


Aleph

Tu dizes que Ele, Deus, é um; Deus é o Eterno; nem possui Ele qualquer Igual, ou qualquer Filho, ou qualquer Companhia. Nada permanecerá de pé diante de Sua face.
Mesmo por quinhentas e onze vezes à noite para um e quarenta dias eu clamei bem alto ao Senhor a afirmação de Sua Unidade.
Também eu glorifiquei a Sua sabedoria, pela qual Ele criou os mundos.
Sim, eu louvei a Ele pela Sua essência inteligível, pela qual o universo se iluminou.
Eu agradeci a Ele pela Sua múltipla misericórdia; eu adorei a Sua magnificência e majestade.
Eu tremi perante o Seu poder.
Eu me deliciei na Harmonia e na Beleza de Sua Essência.
Na Sua Vitória eu persegui os Seus inimigos; sim, eu os lancei para baixo no despenhadeiro; eu vociferei atrás deles até o mais remoto abismo; sim, ali eu compartilhei da glória do meu Senhor.
Seu Esplendor brilhou por sobre mim; eu venerei Seu adorável esplendor.
Eu repousei, admirando a Sua Estabilidade, como o estremecer do Seu Universo, a dissolução de todas as coisas, não conseguem abalá-Lo.
Sim, verdadeiramente, eu o Senhor Vice Regente do Seu Reinado, eu, Adonai, que falo ao meu servo V.V.V.V.V. regi e governei em Seu lugar.
Ainda assim também eu formulei a palavra de duplo poder na Voz do Mestre, exatamente a palavra 418.
E todas estas coisas não me iludiram, pois eu as expandi pela minha sutileza nos Doze Raios da Coroa.
E estes doze raios eram Um.

IV


Resh

Também a pequena criança, o amante de Adonai, mesmo V.V.V.V.V., refletindo a glória de Adonai, ergueu sua voz e disse:
Glória a Deus, e graças a Deus! Há somente um Deus, e Deus é excessivamente grande. Ele está sobre nós, e não existe força exceto Nele, o exaltado, o grande.
Dessa forma V.V.V.V.V. enlouqueceu, e andou nu.
E todas estas coisas desapareceram, pois ele compreendeu todas elas, que elas eram nada mais do que velhos trapos sobre a Divina Perfeição.
Ele também lamentou por todas elas, pois eram nada mais que reflexos distorcidos.
Ele também as feriu, para que elas não tivessem domínio sobre o justo.
Ele também as harmonizou em um quadro, belo de ser admirado.
E assim tendo conquistado a elas, havia um certo encantamento de santidade mesmo na esfera vazia de brilho externo.
De modo que todas se tornaram esplêndidas.
E tendo firmemente estabelecido a elas em ordem e disposição,
Ele proclamou a perfeição, a noiva, o deleite de Deus na Sua criação.
Mas embora tenha Ele assim operado, ele sempre julgou a sua obra através da Estrela 418.
E isso não o iludiu; pois pela sua sutileza ele expandiu tudo nos Doze Raios da Coroa.
E estes doze raios eram Um.

V


Iod

No lugar da cruz o ponto indivisível que não tinha pontos nem partes nem magnitude. Deveras nem tinha posição, estando além do espaço. Nem tinha existência no tempo, pois está além do Tempo. Nem tinha causa ou efeito, vendo que seu Universo é infinito de todos os modos, e não compartilhou destas nossas concepções.
Então escreveu οὔ μή o Adepto Isento, e as gargalhadas dos Mestres do Templo não o envergonharam.
Nem estava ele envergonhado, ouvindo as gargalhadas dos pequenos cães do inferno.
Pois ele permaneceu no seu lugar, e sua falsidade era verdade no seu lugar.
Os pequenos cães não conseguem corrigi-lo, pois eles nada podem fazer além de latir.
Os mestres não conseguem corrigi-lo, pois eles dizem: Vinde e vide.
E eu vim e vi, justamente eu, Perdurabo, o Philosophus do Colégio Externo.
Sim, justamente eu o homem presenciei esta maravilha.
E eu não pude transmitir isso a mim mesmo.
Aquilo que me consagrou é invisível e desconhecível na sua essência.
Apenas aqueles que conhecem ISTO podem ser conhecidos.
Pois eles possuem a habilidade da poderosa espada 418.
E eles não foram iludidos por quaisquer destas coisas; pois através da sua sutileza eles as expandiram a todas nos Doze Raios da Coroa.
E estes doze raios são Um.

VI


Tav

Mais e mais fundo no atoleiro das coisas!
Mais e mais longe na infinita Expansão do Abismo.
A grande deusa que se curva sobre o Universo é minha amante; eu sou o globo alado no seu coração.
Eu me contraio sempre enquanto ela sempre se expande;
Ao final tudo isso é um.
Nossos amores trouxeram o nascimento do Pai e Criador de todas as coisas.
Ele estabeleceu os elementos; o éter, o ar, a água, a terra e o fogo.
Ele fixou as estrelas errantes nos seus cursos.
He lavrou com as sete estrelas do seu Arado, deveras para que as Sete pudessem se mover, ainda assim sempre apontando para o Imutável.
Ele estabeleceu os Oito Cinturões, com os quais ele cingiu os globos.
Ele estabeleceu a Trindade das Tríadas em todas as coisas, forçando fogo em fogo, e ordenando todas as coisas na Morada Estável dos Reis do Egito.
Ele estabeleceu Sua regra no Seu reinado.
Ainda assim o Pai também se curvou ao Poder da Estrela 418 e assim
Na sua sutileza Ele expandiu tudo nos doze raios da Coroa.
E estes doze raios são Um.

VII


Aleph

Então no poder do Leão eu formulei a mim mesmo aquele fogo santo e informe, Shin Dalet Kaph, que se lançou e flamejou pelas profundezas do Universo.
Ao toque do Fogo Qadosh a terra se derreteu em um líquido claro como água.
Ao toque do Fogo Qadosh a água evaporou tornando-se um ar luminoso.
Ao toque do Fogo Qadosh o ar se inflamou, e se tornou Fogo.
Ao toque do Fogo Qadosh, Ó Senhor, o Fogo se dissipou no Espaço.
Ao toque do Fogo Qadosh, Ó Senhor, o Espaço se resolveu em uma Profundidade da Mente.
Ao toque do Fogo Qadosh, a Mente do Pai foi fragmentada no brilho de nosso Senhor o Sol.
Ao toque do Fogo Qadosh, o Brilho de nosso Senhor foi absorvido no Nada de nossa Senhora do Corpo do Leite das Estrelas.
Então havia apenas o Fogo Qadosh extinto, quando o Entrante foi trazido de volta do limiar,
E o Senhor do Silêncio foi estabelecido sobre a flor de Lótus.
Então foi concluído tudo aquilo que tinha de ser concluído.
E Tudo e Um e Nada foram assassinados pelo Guerreiro 418.
No assassinato da sutileza que expandiu todas estas coisas nos Doze Raios da Coroa.
Que retornou ao Um, e além do Um, exatamente na visão do Louco na sua loucura que cantou a palavra ARARITA, e além da Palavra e do Louco; sim, além da Palavra e do Louco.


sexta-feira, 10 de abril de 2015

A FLOR DO WARATAH


E eu creio em uma Terra, a mãe de todos nós, e em um Ventre no qual todos os Homens são gerados e onde deverão descansar, Mistério do Mistério, em Seu nome BABALON. (Liber XV)

BABALON, Mãe das Abominações, como a Grande Mãe, representa a Matéria, uma palavra que deriva do termo em Latim para Mãe. Ela é a mãe física de todos nós, aquela que nos proveu de nossa carne material para vestir nossos espíritos desnudos; Ela é a Mãe Arquetípica, a Grande Yoni, o Útero de tudo o que vive através do circular do Sangue; Ela é o Grande Mar, o Sangue Divino em si que reveste o mundo e circula em nossas veias; e Ela é a Mãe Terra, o Útero de Toda Vida que conhecemos.

Ela guarda o Abismo. E é sua uma perfeita pureza daquilo que está acima, ainda que seja enviada como a Redenção àqueles que estão abaixo dela. Pois que não há outra senda para o mistério Superno que não por ela e pela Besta na qual ela cavalga.

Deixa-o olhar para a taça onde está misturado o sangue, pois o vinho da taça é o sangue dos santos. Glória à Mulher Escarlate, Babalon, Mãe das Abominações, que cavalga a Besta, pois ela derramou seu sangue em todos os cantos da terra e eis! Porém ela o misturou na taça de sua prostituição.

Este é o Mistério de Babalon, a Mãe das Abominações, e é este o mistério de seus adultérios, pois ela rendeu-se a tudo o que vive e a tudo fez participante de seu mistério. E por ter-se feito serva de todos, de tudo tornou-se senhora. Tu ainda não podes compreender sua glória. Tu és bela, Oh Babalon, e desejável, porque te deste a tudo o que vive, e tua fraqueza conquistou a força deles. Através desta união tu entenderás. Portanto és chamada de Entendimento, Oh Babalon, Senhora da Noite!

Sete são os véus da dançarina do harém d‟ELE.
Sete são os nomes, e sete são as lâmpadas ao lado da cama Dela.
Sete eunucos A guardam com espadas desembainhadas; Nenhum Homem aproxima-se Dela.
Em seu copo de vinho estão as sete torrentes de sangue dos Sete Espíritos de Deus.
Sete são as cabeças d‟A BESTA na qual Ela Cavalga.
A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo; a cabeça de um Poeta: a cabeça de Uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem Valoroso; a cabeça de um Sátiro; e a cabeça de um Leão-Serpente.
Sete letras tem Seu mais sagrado nome, que é:

 


Este é o Selo sobre o Anel que está no Indicador d‟ELE: e este é o Selo sobre as Tumbas daqueles a quem Ela assassinou.
.Aqui está sabedoria. Que aquele que tem Compreensão conte o Número de Nossa Senhora; pois que ele é o Número de uma Mulher; e Seu Número é:

Cento e Cinquenta e Seis.

Este foi um nome que ela escolheu enquanto meio ébria, como um plágio da lenda teosófica, mas contendo muitas das nossas letras-números-chaves dos Mistérios; também, o número de pétalas do mais sagrado lótus. Sua soma é 1001, que é também Sete vezes Onze vezes Treze, uma série de fatores que pode ser lida como: o Amor da Mulher Escarlate pela Magia produz Unidade, em hebraico. Pois 7 é o número de Vênus, e o Nome secreto de sete letras de minha concubina BABALON é escrito com Sete Setes, assim:

77 + (7 +7)/7 + 77 = 156, o número de BABALON.

Este número equivale a Zion, a Montanha Sagrada e a Cidade das Pirâmides. Observando-se o sistema Enoquiano de John Dee, veremos que cada tabela de anjos, contém 156 pirâmides.

BABALON é uma ortografica variante de BABYLON é encontrado pela primeira vez nas obras Enochianas de John Dee e Edward Kelly como BABALOND, traduzido como "prostituta". Babylon era uma das maiores cidades da Mesopotâmia, parte da cultura suméria. Coincidentemente, a deusa suméria Ishtar traz incontestes semelhanças com a Babalon de Crowley. Babylon é também (como Babilônia), uma cidade várias vezes citada no Apocalipse de João, usualmente representada de forma metafórica como uma cidade uma vez paradisíaca que caiu em ruínas, um aviso contra os perigos da decadência.

Babalon e da Babylon (Babilônia) são ambas palavras de sete letras e seus valores em hebraico pode ser escrito com sete setes:


77
77 + (-) + 77 = 165 = BABYLON
7

ou

[77 + (77) / 7 + 77 = 165]

7 + 7
77 + (-) + 77 = 156 = BABALON
7

ou

[77 + (7+7) / 7 + 77 = 156]





COMENTÁRIOS (ΜΘ)

49 é o quadrado de 7.
7 é um número passivo e feminino. O capítulo pode ser lido em conexão com o capítulo 31, pois ELE (N. Trad.: IT, no original em inglês) reaparece. O título, o Waratah, é uma voluptuosa flor de cor escarlate, comum na Austrália, o que conecta este capítulo com os de número 28 e 29; no entanto, isso é apenas uma alusão, pois o assunto do capítulo é NOSSA SENHORA BABALON, a qual é concebida como a contraparte feminina d’ELE. Isso não confirma muito a teogonia comum ou ortodoxa do capítulo 11; mas deve ser explicado pela natureza ditirâmbica deste capítulo. No parágrafo 3, NENHUM HOMEM é, claramente, NEMO, o Mestre do Templo. “Liber 418” explicará a maioria das alusões neste capítulo. Nos parágrafos 5 e 6, o autor identifica-se claramente com a BESTA referida no livro, no Apocalipse e em LIBER LEGIS. No parágrafo 6, a palavra “anjo” talvez se refira à sua missão, e a palavra “leão-serpente” ao sigilo de seu decano ascendente. (Teth = Cobra = espermatozóide e Leo no Zodíaco, o qual tem, como Teth, forma de serpente. θ escrevia-se originalmente ☉ = Lingam-Yoni e Sol.) O parágrafo 7 explica a dificuldade teológica referida acima. Há apenas um único símbolo, mas este símbolo tem muitos nomes: destes nomes BABALON é o mais sagrado. Este é nome ao qual se refere em “Liber Legis” 1, 22. Repare que a figura de BABALON, ou seu sigilo, é um selo sobre um anel, e este anel está no dedo d’ELE. Isto identifica ainda mais o símbolo consigo próprio. Compare com o capítulo 3. Diz-se também ser este o selo sobre as tumbas daqueles que foram por ela assassinados, que são os Mestres do Templo. Conectando com o número 49, ver “Liber 418”, 22o Aethyr; bem como as fontes usuais.


LIBER AL VEL LEGIS

15. Agora vós sabereis que o sacerdote e apóstolo escolhido do espaço infinito é o príncipe-sacerdote a Besta; e na sua mulher chamada a Mulher Escarlate todo o poder é concedido. Eles deverão reunir minhas crianças em sua congregação: eles deverão trazer a glória das estrelas para os corações dos homens.

A Missão de 666 e sua mulher. Sua Natureza & Função. Ela é a Mulher Escarlate, Η ΚΟΚΚΙΝΑ ΓΥΝΗ, 667, assim como ele é ΤΟ ΜΕΓΑ ΘΗΡΙΟΝ, A Grande Besta Selvagem 666. Eu, A Besta 666, sou chamado para mostrar esta adoração e enviá-la para o mundo; por minha Mulher chamada de Mulher Escarlate, que é qualquer mulher que receba e transmita a minha Palavra e meu Ser Solar, esta é a Minha Obra realizada; pois sem a Mulher o homem não tem qualquer poder. Por Nós que todos os homens aprendam que tudo o que pode ser é o seu Caminho de Prazer para que prossigam; e que todas as almas são da Alma de Luz Verdadeira.

52. Existe um véu: esse véu é negro. É o véu da mulher modesta; é o véu de tristeza e a mortalha da morte: isto não é de mim. Rasgai aquele falso espectro dos séculos: não veleis os vossos vícios em palavras virtuosas: esses vícios são meu serviço; faze-os bem, e Eu vos recompensarei agora e no futuro.


Da luz vamos agora para a ausência de luz. Ainda assim isto não é real. Isto é um véu. Este véu não está na ordem da natureza. Ele foi feito de vergonha e medo, tentando trancar tudo o que é verdadeiro e real da alma. Resistir à mudança e desafiar a natureza, esta é a chave da Magia do mal da Fraternidade Negra, cujo ídolo é a mulher modesta. Seu véu é de tristeza e morte. Nós de Thelema adoramos Nuit: “tudo o que pode ser” adorado por “tudo o que é.” Suas formas são inumeráveis; e em cada uma ela se entrega livremente para todas e cada alma que A deseje. Então a Sua sacerdotisa na terra é a Mulher Escarlate, a Meretriz da Besta que concede tudo o que ela pode a todos que desejam. Cada um dos seus atos invoca mudança que é vida. Por outro lado, a “mulher modesta” se oculta e se nega. Ela está com medo e envergonhada de si mesma – com medo e envergonhada de todos os homens. Ela sonha que algo pode acontecer a ela, e assim permanece rígida e inflexível em morte mesmo no auge da sua juventude. Este verso do Livro da Lei é o desafio final ao passado. O Anjo golpeia sua lança de ponta afiada sobre o temeroso escudo do covarde e escravo que espreita por trás da mascara de um Mestre, de um fantasma, um espantalho, erguido por ele para espantar os cancioneiros alados da liberdade dos campos férteis que são seus por direito. Até este verso, talvez pudesse ter estado em poder de algum sofista sutil a explicação dos versos deste livro. Aqui Aiwass não deixa sombra de dúvida. Ele diz com o máximo de clareza “Rasgai aquele falso espectro dos séculos: não veleis os vossos vícios em palavras virtuosas: esses vícios são meu serviço; faze-os bem, e Eu vos recompensarei agora e no futuro.”.

O Anjo nem ao menos se digna a mostrar que aquilo que as pessoas piedosas chamam de vícios são de fato virtudes: ou seja, símbolos de masculinidade; ou que vícios significam “imperfeições”. Ele usa estas duas palavras no seu sentido vulgar. Desafiar o mundo para um duelo até a morte. Ele não tenta a humanidade meramente para aquilo que os cristãos chamam de mal, ele diz que estes vícios são do sacerdotado de Hadit, meios de invocá-Lo, meios de chegar à verdade, escadarias para galgar até a Divindade. Nós não seremos punidos por fazer o que é errado, como eles o chamam. Tanto aqui como doravante a nossa recompensa é garantida.

Mais ainda. O véu é odioso. Nós não podemos, como a classe dominante dos homens fazem agora, nos divertirmos de todas as formas, e fingir com o máximo de cautela que não fazemos nada disso. Nós devemos ter orgulho do nosso prazer. Nós devemos ser desavergonhados e francos. Já que tudo o que existe, é Deus, o único erro é impedir que Deus seja ele mesmo ou que faça a sua vontade, ou que descubra a sua verdade.


XI ‒ VOLÚPIA

Este trunfo era chamado anteriormente de Força. Mas ele implica em muitíssimo mais do que força no sentido ordinário da palavra. Uma análise técnica mostra que o caminho que corresponde a esta carta não é a força de Geburah, mas a influência proveniente de Chesed sobre Geburah, o caminho equilibrado tanto vertical quanto horizontalmente na Árvore da Vida (ver diagrama). Por esta razão, julgou-se melhor mudar o título tradicional. Volúpia sugere não apenas força, mas inclusive a alegria da força exercida. Trata-se de vigor e do arrebatamento do vigor. “Saí, oh crianças, sob as estrelas, & tomai vossa fartura de amor! Eu estou acima de vós e em vós. Meu êxtase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.” “Beleza e força, gargalhada e langor delicioso, força e fogo são de nós.” “Eu sou a Serpente que dá Conhecimento & Deleite e glória brilhante, e agita o coração dos homens com embriaguez. Para me adorar, tomai vinho e drogas estranhas das quais Eu direi ao meu profeta, & embebedai-vos deles. Eles não vos ferirão em nada. Isto é uma mentira, esta tolice contra o ser. A exposição de inocência é uma mentira. Sê forte, oh homem! deseja, aproveita todas as coisas de sentido e êxtase: não temas que Deus algum te negue por isto.” “Vede, estes são graves mistérios; pois há também amigos meus que são eremitas. Agora, não penseis em encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas bestas de mulheres com extensos membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelos em chamas em volta delas: lá vós os encontrareis. Vós os vereis no governo, em exércitos vitoriosos, em toda a alegria; e neles haverá uma alegria um milhão de vezes maior do que esta. Cuidado, para que um não force ao outro, Rei contra Rei! Amai-vos uns aos outros, com corações ardentes; nos homens baixos, pisai no violento ardor de vosso orgulho, no dia da vossa ira.” “Há uma luz diante de teus olhos, ó profeta, uma luz indesejada, muito desejável. Eu estou erguido em teu coração; e o beijo das estrelas chove forte sobre teu corpo. Tu estás exausto na voluptuosa plenitude da inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e risonha que uma carícia do próprio verme do Inferno!“ Este trunfo é atribuído ao signo do Leão no zodíaco. É o Kerub do fogo e é regido pelo Sol. É a mais poderosa das doze cartas zodiacais e representa a mais crítica de todas as operações mágicas e alquímicas. Representa o ato do casamento original como ocorre na natureza, em oposição à forma mais artificial ilustrada na Atu VI; não há nesta carta nenhuma tentativa de dirigir o curso da operação. O assunto principal da carta se refere a mais antiga coletânea de lendas ou fábulas. Aqui se faz necessário entrar um pouco na doutrina mágica da sucessão dos Æons, a qual está ligada à progressão do zodíaco. Assim, o último Æon, o de Osíris, se refere a Áries e Libra, como o anterior a este, o de Ísis, estava especialmente relacionado aos signos de Peixes e Virgem, enquanto que o presente Æons, o de Hórus, está vinculado a Aquário e Leão. O mistério central nesse Æon passado foi o da encarnação; todas as lendas de homens-deuses se fundaram em alguma história simbólica desse tipo. O essencial em todas essas histórias consistia em negar a paternidade humana do herói ou homem-deus. Na maioria dos casos, afirma-se ser o pai um deus sob alguma forma animal, o animal sendo escolhido conforme as qualidades que os criadores do culto desejavam ver reproduzidas na criança. Assim, Rômulo e Remo foram gêmeos gerados numa virgem pelo deus Marte e foram amamentados por uma loba. Toda a fórmula mágica da cidade de Roma foi fundada sobre isso. Neste ensaio já foram feitas referências às lendas de Hermes e Dionísio. Dizia-se que o pai de Gautama Buda era um elefante de seis presas, o qual apareceu a sua mãe num sonho. Há também a lenda do Espírito Santo sob a forma de uma pomba impregnando a Virgem Maria. Há aqui uma referência à pomba da arca de Noé trazendo boas novas sobre a salvação do mundo das águas (os moradores da arca são o feto, as águas, o fluido amniótico). Fábulas similares devem ser encontradas em toda religião do Æon de Osíris: é a fórmula típica do deus que morre. Nesta carta, portanto, surge a lenda da mulher e o leão, ou melhor, serpente-leão (esta carta é atribuída à letra Teth, que significa serpente). Os videntes dos primeiros tempos do Æon de Osíris previram a manifestação deste Æon vindouro no qual vivemos agora, e eles o encararam com intenso horror e medo, não compreendendo a precessão dos Æons, e considerando toda mudança como catástrofe. Eis a interpretação real e a razão para as invectivas contra a Besta e a Mulher Escarlate nos capítulos XIII, XVII e XVIII do Apocalipse. Mas na Árvore da Vida o caminho de Gimel, a Lua, descendo do mais alto, corta o caminho de Teth, Leão, a casa do Sol, de modo que a mulher na carta pode ser considerada como um forma da Lua, sumamente iluminada pelo Sol, e intimamente unida a ele de tal maneira que produz encarnados sob forma humana o representante ou representantes do Senhor do Æon. Ela monta a Besta de maneira escarranchada; na mão esquerda segura as rédeas, que representam paixão que os une. Na mão direita segura nas alturas a taça, o Cálice Sagrado inflamado de amor e morte. Nesta taça estão misturados os elementos do sacramento do Æon.

RITUAIS E CELEBRAÇÕES THELEMITAS

No segundo capítulo de Liber AL VEL LEGIS Hadit anuncia as seguintes celebrações:

36. Há rituais dos elementos e festas das estações.

37. Uma festa para a primeira noite do Profeta e sua Noiva!

38. Uma festa para os três dias da escrita do Livro da Lei.

39. Uma festa para Tahuti e a criança do Profeta – secreta, Ó Profeta!

40. Uma festa para o Ritual Supremo, e uma festa para o Equinócio dos Deuses.

41. Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa ainda maior para a morte!

42. Uma festa todos os dias em vossos corações no prazer do meu êxtase!

43. Uma festa toda noite para Nu, e o prazer do sumo deleite!

44. Sim! festejai! regozijai ! Não há medo no porvir. Há dissolução, e o êxtase eterno nos beijos de Nu.



DATAS


36. Há rituais dos elementos e festas das estações.

Cada elemento – fogo, terra, ar, água e Espírito – possui a sua própria Natureza, Vontade e Fórmula Mágica. Então cada um pode ter o seu ritual apropriado. Muitos dos quais em forma imperfeita são descritos em O Ramo Dourado do Dr. J.G. Frazer, a Glória da Trindade! Em particular as entradas do Sol nos signos cardinais dos elementos nos Equinócios e Solstícios são adequadas para festivais. A diferença entre ‘rituais’ e ‘festas’ é esta: através da primeira, uma forma particular de energia é gerada, enquanto que há uma descarga geral de força supérflua da pessoa através da outra. Ainda assim uma festa implica em nutrição regular.

37. Uma festa para a primeira noite do Profeta e sua Noiva!

Anotações e Comentário de Helena e Tau Apiryon: A Festa da Primeira noite do Profeta e sua Noiva é a comemoração da primeira noite Crowley com sua primeira esposa, Rose Edith Kelly. Casaram-se em uma cerimônia civil em Dingwall no dia 12 de agosto de 1903, embora o casamento não se registrasse propriamente até vários dias depois. Rose depois desempenhou um papel importante nos eventos que circundam a recepção do Livro da Lei. A Festa da Primeira noite do Profeta e A sua Noiva deve observar-se no dia 12 de agosto de cada ano.

38. Uma festa para os três dias da escrita do Livro da Lei.

O Livro da Lei foi ditado no Cairo entre o meio-dia e 13 horas em três dias sucessivos. Sendo estes 8, 9 e 10 de abril do ano 1904 e.v.. Esta celebração deve ser feita no mesmo horário nos três dias indicados com a leitura do capítulo conforme ditado por Aiwass, O Ministro de Hoor-paar-kraat.

39. Uma festa para Tahuti e a criança do Profeta – secreta, Ó Profeta!

Esta festa particular é de caráter adequado apenas para os iniciados.

40. Uma festa para o Ritual Supremo, e uma festa para o Equinócio dos Deuses.

O Supremo Ritual é a Invocação de Hórus, que trouxe consigo a Abertura do Novo Æon. A data é 20 de Março. O Equinócio dos Deuses é o termo usado para descrever o Início de um Novo Æon, ou uma Nova Fórmula Mágica. Ele deve ser celebrado em todo Equinócio, no modo conhecido pelos Neófitos.

Anotações e Comentário de Helena e Tau Apiryon: A Festa do Ritual Supremo, realizada no dia 20 de março de cada ano, é uma comemoração do aniversário da realização bem sucedida de Crowley da Invocação de Horus no Cairo, que ocasionou a abertura do Novo Æon. Crowley de fato começou a cerimônia de invocação por volta das 22h00 no sábado, 19 de março de 1904 e concluiu-a somente depois da meia-noite. O resultado da invocação veio durante as primeiras horas do amanhecer do domingo, 20 de março, o dia antes do equinócio de março, como o anúncio que o Equinócio dos Deuses foi imanente. De maneira interessante, há exatamente 22 dias entre a Festa do Ritual Supremo e o dia final da Festa durante os Três Dias da Escrita do Livro da Lei. A Festa do Equinócio dos Deuses é uma comemoração do começo do Novo Æon no dia 21 de março de 1904, ou do começo de uma nova fórmula mágica. Celebra-se em cada equinócio.

*Importante compreender que em 21 de março de 1904 foi aberta a película do Æon, porém o Æon só começou verdadeiramente, com toda a sua força, em 21 de dezembro de 2012.

41. Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa ainda maior para a morte!

As festas do fogo e da água indicam as alegrias a serem vividas na puberdade dos garotos e garotas respectivamente. A festa para a vida é no nascimento; e a festa para a morte é na morte. É de máxima importância tornar os funerais alegres, de forma a treinar as pessoas para ter a visão adequada sobre a morte. O medo da morte é uma as grandes armas dos tiranos, tanto quanto o seu açoite; e isto distorce a nossa inteira visão do Universo.

Festa para o Fogo: maturidade de um menino, em seu aniversário de 14 anos;
Festa para a Água: maturidade de uma menina, no dia de sua menstruação;
Festa para a Vida: nascimento de uma criança;
Festa para a Morte: também chamado de Grande Celebração, no falecimento de um thelemita;


42. Uma festa todos os dias em vossos corações no prazer do meu êxtase!

Para aquele que realiza Hadit este texto necessita de pouco comentário. Ele é maravilhoso, esta alegria de despertar a cada manhã para a verdade do seu arrebatamento e energia imortais.

43. Uma festa toda noite para Nu, e o prazer do sumo deleite!

Adormecer é retornar, em certo sentido, ao Seio de Nuit. Porém deve haver um Ato de Adoração particular de Nossa Senhora, como bem o conheceis