domingo, 29 de junho de 2014

O “FALO” DE OSÍRIS

Que a luz do Amor Universal nos inunde a todos! Vamos pontuar, nestes momentos de conexão, tão esperados por nós, somente algumas das considerações que gostaríamos de estar restaurando neste momento histórico da Terra. Pretendemos resgatar uma situação planetária digna do interesse que temos de nos debruçar sobre questões de amplitude espiritual que possam delinear um quadro-roteiro, que identifique a vós o caminho seguro da ascensão e do vislumbre consciente dos fragmentos de conhecimentos que precisam ser adaptados à vossa compreensão, para que se facilite o vosso cotidiano planetário. O universo de personagens arquetípicas carece de desdobramentos explicativos, para que toda a sabedoria destes valiosos ensinamentos cumpra a sua atribuição de colaborar com a vida das criaturas humanas. O “Sagrado Masculino” e suas conjunções intrínsecas ao seu papel de dinamizador da vida dos seres terráqueos é o tema que ressurge em todo o planeta, através de vários canais, a fim de que possam todas as criaturas humanas identificar a lacuna energética que conspira contra a plenitude do ser e contra a expansão da consciência, que romperá todas as fronteiras e barreiras religiosas em direção ao amplo domínio do conhecimento possível na Terra sobre todos os retalhos da “Verdade Universal”.

Pensando em uma figura masculina neste momento, vamos imaginar aqui a presença daquele que foi o representante mais iluminado desta imensa comunidade humana específica e que trouxe o mais precioso álbum de recordações a todos os seres terrenos. E quem não seria se não fosse aquele que inaugura conosco, neste momento cósmico da Terra, este novo "Portal de Ísis", na busca da restauração da “Verdade Integral” e na busca daquilo que realmente nos compete nesta hora da Terra, que é auxiliá-la a ser, além de regaço feminino abençoado, onde a semente da nova raça germinará, com toda a magnitude de suas alvissareiras promessas de transmutar a psicosfera do orbe, também o repositório certamente mais conveniente para o florescimento das potentes sementes Crísticas da “Sabedoria”, que precisam adentrar o solo mental deste reino dos humanos, como preciosa alavanca de evolução, dada a importância de se conhecer a “Verdade”, para que o plano da luz divina encontre sintonia no terreno das mentes e corações da nova humanidade que desponta a partir de agora no planeta.

Esta figura masculina que tem este poder tão admirável é aquele ser inconspurcável que trouxe as suas lágrimas, o seu suor e o seu sangue imaculado na face da Terra, para poder esta, já fecundada pelo seu amor, trazer à vida, trazer à luz da vida tudo aquilo quanto nos planos superiores da Vida se projetou para ser nascido, adubado e colhido, em tempos programados pela sabedoria divina. São estes os frutos que se espera nascerem, para poderem ressarcir das sombras do passado todos os seres que necessitam agora deste elemento masculino sagrado, para poderem recuperar e revigorar todas as suas forças, desfalecidas no decurso destes milhares de anos e de séculos, na face da Terra, desde que ela assim foi criada como um orbe para a purificação de tantas almas perdidas neste universo sem fim. Precisariam elas, para todo o sempre, de todas as forças e energias deste manancial específico terreno (a energia masculina), para alcançarem os seu páramos de angelitude, de luz, de elevação suprema como dantes, na sua fase virginal. Este elemento masculino que nós visualizamos como o Mestre Jesus, neste momento planetário, fecundando a mãe Terra com o seu poder irradiador daquele próprio Cálice do Santo Graal a que nos referíamos, faz jorrar nos corações dos seres humanos toda a abundância da sua luz cósmica esplendorosa, para que esta possa irradiar-se igualmente por toda esta esfera azul e fazer este azul estar cada vez mais deslumbrante e assim poder trazer paz e esperanças renovadas a todos os seres humanos.

No entanto, esta força masculina tão insubstituível, cuja expressão material, espiritual, energética e mental é aquela que Ísis procura ainda, na face deste planeta que ora habitais, adoeceu gravemente nas suas camadas recônditas e invisíveis de seus papéis subjetivos nesta moradia planetária, neste último ciclo terreno. A face masculina da vida, aquela pela qual esta deusa da Terra procura, é, “apenas por um ângulo de interpretação”, o “potencial” que todos os seres humanos encarnados como figuras masculinas detêm e que, neste momento planetário encontram-se numa travessia íngreme de suas almas, praticamente diluídas nesta torrente tão arrojada destas águas tão raivosas das circunstâncias emocionais e espirituais deste orbe terráqueo. No entanto, paira muito além deste estrito sentido as nuances intrincadas deste mito merecedor de profundas análises e elucubrações iniciáticas.

Antevíamos já, há algum tempo, a necessidade de explorarmos estes caminhos, ilustrando aos seres humanos enfoques pertinentes a uma atualização desta mística saga de Isis, trazendo-a para todas as faces de interpretação necessárias, no momento, para o advento de uma nova mentalidade sobre a importância da luta feminina pelo próprio seu oposto masculino, não somente no seu sentido estritamente sexológico e materialista, mas também, no sentido mais filosófico e no sentido mais religioso, no que tange a tão necessária e importante Lei Cósmica da “atração dos opostos”, a atração dos sexos. Que isto, manifestado na vida dos seres humanos, possa ser acrescentado aos seus apontamentos de análise esotérica, por esta observação que hoje aqui faremos.

É importante reverenciarmos uma lei tão suntuosa do plano universal, que rege a atração dos astros nas suas próprias órbitas (é neste contexto, também, que vemos a sexualidade como uma Lei Divina), onde o negativo e o positivo se atraem, onde o feminino e o masculino, estuantemente, em se unindo, fazem gerar novas vidas. E, no plano universal, é esta a Lei que faz gerar, também, novos planetas, novos astros, novas estrelas e novos sóis.

No próprio Hálito Divino, em cujo Sopro Criador, incompreensível a vós, consumam-se através da inspiração e da expiração de todas as galáxias, em eras cíclicas exatas, a fecundação Divina, no regaço feminino do espaço universal. Nós vemos, também, o retrato vivo do movimento próprio da sexualidade divina. A penetração cósmica divina, primordial, por esse movimento do ir e vir, do inspirar e do expirar, é como o movimento dos vossos corpos, nos momentos deste inefável encontro de almas e de corpos, de hormônios e de emoções. E, expressando-se, na vida material, este lindo fenômeno cósmico, nós vemos, no território das relações humanas, os desencontros brutais neste grande momento do conluio sexual das criaturas terrenas. É o “desencontro forjado”, que tem sido regido por tantas mentes desencarnadas, laboriosas na dissolução das emoções mais delicadas dos corações e das almas dos seres que revestem o seu corpo espiritual das formas masculinas. Este é apenas um aspecto deste enigma iniciático.

Por outro lado, analisando esotericamente a busca de Ísis pelo princípio masculino, obviamente sabemos que ela não vislumbra estes princípios simplesmente como um “Falo” decepado que estivesse enterrado ou de posse de algum aventureiro, ou de algum ditador, ou de algum imperador de algum feudo, ou de alguma nação em algum canto desta Terra. Mas sim, “Ela”, (representando o “Sagrado Feminino”), “busca”(tem a missão intrínseca), ela busca, então, ainda, por um “Atributo Masculino Planetário”, ela busca por um movimento fertilizador necessário para a Terra, um movimento importantíssimo que devemos implementar pelas formas viáveis: o da “Restauração do Poder Insofismável do Polo Masculino na Terra”, a dinamização exponencial da polaridade masculina deste orbe, a vivificação do elemento fecundador sem o que a Criação se tornaria inexequível.

O que Ísis busca, além disso, quando tenta recolher todos os pedaços do corpo de Osíris, na verdade, é a Unidade do Ser, a simbiose plena entre todos os mecanismos humanos de interação com o “Todo Absoluto” e com o respeito ao funcionamento individual de cada um destes universos micro propulsores do funcionamento do “Um”. Este corpo de Osíris, que está sendo representado pelos pedaços da Verdade retalhados como religiões, filosofias e seitas de variada ordem, de múltiplos estilos de expressão, em infindável número de grupos e segmentos espiritualistas, como também de outras áreas que compõem os elos de articulação da vida humana, tem como ponto crucial a ser consumado, (após a restauração dessas verdades fragmentadas), por Isis (a deusa da religação do “eterno feminino” com o “eterno masculino”), e como o ápice de suas pretensões iniciáticas, “alcançar a sua fita de vitória” e, pousando o peito vitorioso nesta chegada sobejamente magnífica na virada do eixo equilibrador do planeta Terra, este “Falo” tão falado, este “Falo” tão querido, este “Falo” tão desejado, ambicionado por todas as almas que aqui na Terra se revestem de corpos e de emoções femininas, ser “encontrado”, como o agente miraculoso da propulsão dos eventos impalpáveis de transfusão energética para a Terra, transformando o cenário deste plano humano em palco de novas e maravilhosas fases de evolução e solidariedade, e, além disto, transmutando a atuação sexual dos pares num evento de integração plena entre o “sagrado masculino” e o “sagrado feminino”. O masculino não mais ostentando somente a sua face de elemento de “força” e “comando”, que vem sendo a tônica de sua frequência vibratória no cotidiano da vida humana, mas sim a sua interface com a frequência do “amor” e da “compaixão”, aspectos femininos da aura magnética vibratória dos seres humanos. O polo feminino, por sua vez, fortalecendo sua identidade com a “determinação” e “penetração” em todos os âmbitos da vida humana, o que já tem acontecido de forma mais visível, e incrementando a sua força natural e sutil, como já o tem feito, de direcionar a mente e o coração das criaturas humanas para o equilíbrio e harmonia entre sentimentos e ações.

Com relação à restauração da “Verdade Integral”, é preciso que se situe de uma forma muito clara e de uma forma muito positiva a questão de que a Terra, como elemento feminino no universo, necessita de toda a vibração deste “Falo”. Este “Falo” subjetivo é o ponto obscuro ainda no mosaico da colcha de retalhos da “Verdade”. Este “Falo” é o ponto de equilíbrio da vida na Terra e é neste departamento de estudo que estaremos nos articulando doravante, todos nós dos planos espirituais do governo oculto do mundo, a fim de que deixemos registrado no catálogo akáshico deste novo ciclo terreno, o papel preponderante dos arquétipos de Jesus Cristo e Maria Madalena na história da Terra. Este elo “subjetivo”, neste contexto em que nós queremos aqui desbravar, não se refere, então, ao simplismo de se considerar o “Falo” de Osíris apenas o órgão da genitália masculina, embora venha a ser, de certa forma, a sua importância de significado emblemático, uma consequência também a nível de relações sexuais humanas que, a partir deste momento de transição da Terra, caminham para a plenitude do ser e de suas manifestações fisiológicas, inclusive.

Toda esta egrégora verdadeiramente complexa do mito de Osíris e seu papel de força propulsora e fecundadora no orbe terráqueo, manifesta-se, no entanto, de forma desarmônica, ainda, na Terra, causando, então, todos estes desencontros no plano das expectativas materiais, emocionais, mentais e espirituais, nas suas interfaces com praticamente todos os mecanismos da vida humana.

Saindo do plano das idéias e do plano filosófico desta aparente lenda incompreensível para muitos, para a constatação de que a busca de Isis pelo “Falo de Osíris” é o espelho que reflete uma situação planetária palpável, nós vamos contemplar aqui mais uma situação inequivocamente preocupante para todos nós, do mundo espiritual, e de todas as confrarias intergalácticas. Quando verificamos a necessidade do despertamento e conscientização dos seres terrenos sobre o papel do “eterno masculino” neste momento ímpar de abertura de portais dimensionais também de cima para baixo, ou seja, da chegada de novos recursos energéticos para a fertilização da Terra, especialmente os do augusto “Cálice do Santo Graal Crístico”, dimensionalmente fazendo jorrar suas mônadas de contextura sutil espermática no regaço feminino das terras da Terra, consideramos sobejamente útil nos reportarmos, nestes momentos de conexão, ao importante desiderato que teremos todos que acalentar e implantar na face da Terra, na área dos cerimoniais magísticos que nos servem de antenas planetárias para a a transmissão magnética dos recursos previstos para serem efusionados para a Terra. É imprescindível que haja uma preocupação mais acirrada de todas as esferas cósmicas e de todos os agentes humanos canalizadores e que tenham autorização espiritual para atuação magística especializada e qualificada, que criem condições e oportunidades de restabelecimento das lacunas energéticas do polo masculino na Terra. É preciso que haja uma consciência nova sobre a restauração deste departamento desta egrégora específica em todos os patamares de entendimento sobre a questão.

No que pese, agora, por outro lado, a indagação que tenha ficado sobre as “mentes desencarnadas laboriosas” na deturpação das emoções sexuais masculinas no encontro do elemento feminino e os “desencontros forjados”, temos a afirmar, neste momento, que existe uma contra-oferta astral, dos submundos abissais, sobre a energia masculina operante na vida dos seres humanos. Um imenso “corpo” de plasmação densa, albergando milhares de clones de corpos masculinos com seus falos etéricos, encontram-se em situação de aprisionamento nos umbrais deste orbe. Inteligências devotadas à derrocada da expansão evolutiva do planeta Terra e ainda investidos de condições energéticas para manipulação de suas conhecidas artes magísticas de caráter sombrio e por ora ainda operosos em suas ignomínias, trabalham ininterruptamente em detrimento da felicidade e da evolução dos seres humanos. Propiciaram esses antigos atlantes, capelinos e seres do planeta Morg, com seus conhecimentos iniciáticos de ordem invertida e inferior, longe de estarem voltados à materialização da salubridade mental e espiritual, física e emocional dos seres terrenos, a existência, no interior das mais recônditas camadas frequenciais da atividade “mental”, como também da “metabólica” dos seres que tem se revestido de corpos masculinos na Terra, de uma mui inferiormente criada “matriz” astral, condensada em seu órgão fálico, e igualmente plasmada como “idéia”, e ressuscitada a cada dia, como lacuna real de valores de impulso evolutivo para a nova raça que desponta no planeta. Deterioram-se, por esta via abominável, as emoções do mundo masculino quanto à importância do seu papel de representantes da atribuição crística de fecundação sagrada e da sua “performance” mais qualificada no conúbio sexual, onde a harmonia vibratória com o universo emocional feminino passa distante do seu nível ideal.

Não fosse agora um planejamento mais habilmente estudado pelas falanges crísticas sobre o resgate do “mito de Osíris”, sobre a conscientização dos semeadores da luz na Terra, através da articulação de mensagens sincrônicas, restabelecendo o papel decisivo do elemento masculino cósmico do Senhor e Mestre Jesus Cristo, e a de fazermos acontecer estes mecanismos de divulgação de mistérios revelados através da palavra falada ou escrita, não haveria muito mais tempo para providências indispensáveis. Doravante tereis, todos, vós, seres da Terra, uma constituição de novos quesitos esotéricos através da “Doutrina Universal” que se plasma definitivamente em vosso orbe, e que se revela como evidência, a partir de agora, com este movimento integrado entre inúmeros instrumentos humanos que trazem aspectos da Verdade e, num desforço mais específico deste veículo do qual se serve a “Voz do Raio Rubi”.

A urgência maior no aspecto iniciático do contexto do mito de Osíris, sobretudo quando cogitamos de que venham os seres terráqueos a assimilarem mais celeremente a nova consciência sobre o papel do “Sagrado Masculino” na Terra, é a de iniciardes uma empreendidura empírica de divulgação e sedimentação da “idéia” e das “liturgias ritualísticas” necessárias na sua implementação através de cultos e celebrações, com a meta precípua de poderem estas consolidar materialmente a nova energia crística restaurada de seu esquecimento e das distorções teóricas, energéticas, mentais e fisiológicas que estão ocorrendo de forma desvairadamente planejadas pelas mentes doentias e ardilosas dos viventes desencarnados nos recôndirtos umbralinos da Terra.

A energia masculina específica, na sua qualidade intrínseca de caráter penetrante na realidade do plano astral e física no planeta, atinge o seu objetivo cósmico quando existe reciprocidade na onda frequencial mental dos seres terrenos. Sendo ela dinamizada etericamente, por meio da ativação extrema do “Cálice do Santo Graal”, egrégora e manancial crístico de doação constante ao planeta, age ela, então, como fonte geradora de suprimento energético de extremo poder e alcance absoluto sobre a vida na Terra e sobre a sustentação do equilíbrio de cada ser humano.

O que buscamos, nós dos planos superiores da Vida, juntamente com a mítica Isis (a sua egrégora) é poder consumar essa odisséia evolutiva. O nosso “Osíris” e seu “Falo” tão enigmático, deve ser assumido na humanidade como agente precursor de “criação”, por múltiplos ângulos de interpretação, dada a sua legítima atribuição de fecundar e fazer a polaridade feminina do planeta e dos seres humanos ser conjugada ao seu propósito altaneiro de gerar a “Vida”, mas somente após a fonte divina primeva de polaridade masculina ter se apresentado como “semente” para a consumação da obra maravilhosa desta mesma “Vida”.

A celebração constante não somente à “Deusa Mãe Terra”, mas também àquele que vai fecundar esta mãe Terra é crer no seu poder absolutamente penetrante, materializante e estuante nesta própria Terra que deve trazer, então, frutos abençoados, nas roupagens específicas de elementos vivificadores do magnetismo mineral, vegetal, animal, hominal, mental e espiritual. As forças resultantes deste acoplamento entre o polo feminino e o polo masculino da Terra, da Vida e das relações humanas regem as milhares faces da existência humana e todos os seus mecanismos de manifestação das emoções, sentimentos, valores e postulam assim, arquetipicamente, as ações humanas, situando-as nos seus devidos patamares de concretização.

Tendes todos vós, irmãos da Terra, um arcabouço de novas versões da “Teologia dos Arquétipos Planetários” a serem devassados. É a isto que se propõe aquilo que chamaremos doravante de “Jardim de Isis”, o portal de ingresso à “Verdade Integral”, iniciado em sua implantação prática a partir deste grupo que nos serve como voz da “Voz do Raio Rubi”. Falaremos sobre esta meta a partir de agora, complementando, porém, sobre “Osíris e seu Falo Sagrado”, na interação com o “Olho de Hórus” e com o “Jardim de Isis”.




A ALMA NO ANTIGO EGITO

O destino da Alma está no céu; o destino do corpo está na Terra. Os rituais de mumificação determinam a direção da viagem.

O ego pessoal e a Alma diante da sala do Juízo

Na antiga cultura egípcia, o Ego pessoal é representado pelo coração e é de dupla natureza. Possui uma face espiritual superior, que lhe outorga as faculdades mentais da memória e da imaginação. Mas essa luz da inteligência se encontra submersa no mundo do desejo e da dualidade, o kama dos hindus, que se entende como uma espécie de Alma inferior humana ou mente de desejos.

O coração tem dois nomes que na vida se convertem em um só: Ab e Hati. O Hati é o coração físico, o que permanece na terra, o aspecto temporal, a sede das paixões que se devem dominar para transcender a natureza inferior. O Ab é o que vai ser julgado como uma testemunha que olha o passado e o futuro da alma.

Helena Blavatsky insiste em que a alma que aspira à osirificação, à ressurreição ou renascimento num plano superior, é o eu pessoal (Ab). Este coração, Ab, é o aspecto inferior da mente. O Ba é o superior, e ambos constituem uma unidade. De fato, devem integrar-se como tal na Sala do Juízo para demonstrar estar com a Verdade, com a Justiça, com a Lei e com a Luz. Isto é o que considera a alma osirificada, que permite ao Ba recuperar o poder sobre a memória e a imaginação.

Há diversos capítulos do Livro dos Mortos em que o coração hereditário Geb-Ba¹, ou o princípio que reencarna, solicita ao seu coração Ab que não testemunhe contra ele. “Oh, meu coração, meu coração hereditário, (te) necessito para minhas transformações (…) não te afastes de mim perante o guardião das balanças, Tu és minha personalidade dentro do meu peito, companheiro divino que vela meu corpo” (Livro dos Mortos. Cap. LXIV, 34, 35).²

O coração Ab deve testemunhar acerca da inocência do defunto e de que este se comportou na Terra como um discípulo no caminho espiritual. Este coração é o centro da forma e da vida da personalidade temporal, que tem de demonstrar, frente ao tribunal de Osíris, ter sido o correto canal dos princípios superiores.

Quando o coração do defunto é julgado puro, a sentença de sua liberação que o juiz pronuncia é: “que o coração seja posto em seu lugar, na pessoa de Osíris N. O retorno do coração ao peito do defunto é o sinal de seu renascimento e está associado ao escaravelho”.

A osirificação do coração permite o renascimento da alma no plano de Atum, sua divinização e sua fusão na luz de Re. O coração, uma vez osirificado, não se transforma mais, porém o Ba prosseguirá ainda sua transformação. O defunto diz: “Eu vejo as minhas formas, como vários homens transformando-se eternamente (…). Eu conheço este capítulo. Aquele que não o conhece assume todo tipo de formas viventes”. (Livro dos Mortos, Cap. LXIV, 29-30)

O juízo do coração determinará a direção da viagem, seja para reencarnar na Terra, seja para continuar seus renascimentos no Céu.

Se não consegue passar no juízo, o coração é engolido pelo monstro Amhet, que o excreta nos planos inferiores, transformando-o no corpo causal de uma futura vida ou encarnação. O Ba se inverte, retorna ao Duat de cabeça para baixo e volta a ter uma morada na Terra, o que se representa como o Ba retornando ao túmulo. Voltar ao túmulo significa reencarnar. Por isso, se vê Ba levar para a múmia funções vitais e alimentos, o que representa o processo de uma nova encarnação na terra. Na realidade a múmia não renasce no além, mas apenas simboliza a futura personalidade ou quaternário que deverá encarnar, em estado de gérmen.

A múmia representa o corpo que fica na Terra e por sua vez a representação do último destino da alma, o Sahu, o que pode causar muitos mal-entendidos porque é um conceito utilizado de modo alegórico. O corpo, depois da morte, é transformado em múmia. A múmia é a sustentação no mundo terreno da recomposição dos elementos septenários que tendem à dissolução depois da morte. Os rituais funerários propiciam a transformação do defunto em um corpo de Luz ou Akh. A múmia, como prefiguração do corpo de luz, é também denominada Sahu, que se distingue do cadáver ou corpo putrefactível, Khat, e do Djet ou corpo físico vivo.

A múmia pode também representar o continente ou veículo do que será transformado ou renascerá em qualquer plano. Estar em estado de múmia é estar em estado vegetativo ou latente. Mas isso pode denotar tanto a latência do corpo físico como a da alma superior. Não é a múmia física que ressuscita.

Quando nos textos se vê o Ba regressando à múmia, se está simbolizando o descenso da alma ao plano terrestre, isto é, a reencarnação. “O que vai reviver (…), a alma deveria encontrar-se com a múmia (Livro dos Mortos. Cap XXXIX) e lhe dar novamente a vida”.³

Depois de haver passado um tempo no além, no Amenti, e se haver purificado da vida passada, o defunto é chamado a contribuir com novas existências para a múmia, o germe causal de sua próxima encarnação. “Oh Deuses de Heliópolis (…), concedei-me que minha alma venha a mim onde quer que esteja. (…) Minha alma e minha inteligência me foram arrancadas. Fazei que minha alma veja meu corpo, se a encontrardes… Que se uma à sua múmia (que reencarne)” (Livro dos Mortos cap. LXXXIX).

Quando a múmia chama a alma ou Ba representa o germe do futuro ego pessoal que se está reconstituindo para uma nova encarnação. Não há ressurreição da carne no mundo terreno. O destino da alma está no Céu. O destino do corpo esta na Terra.

No Livro das Respirações, ou Shai-n-sin sin, supostamente escrito por Isis para seu irmão Osiris, para fazer reviver a alma, para fazer reviver o corpo, se diz: “tua individualidade é permanente; teu corpo é durável; tua múmia germina. A germinação da múmia é o símbolo da ressurreição ou reencarnação na Terra”.

Se a Alma for osirificada, isso significa que seu coração está tão leve quanto a pluma de Maat e não é preso pelo monstro Amhet. Então será o deus Horus quem apresentará, não o coração, mas a Alma viva e justificada (Livro dos Mortos cap. CCXXV) do defunto a Osiris, deus do Além. A Alma viva poderá continuar seu itinerário ruma à luz do dia. Será purificada no lago de fogo (Livro dos Mortos cap. CCVI) e avançará no caminho que a conduzirá à sua verdadeira natureza, que é ser Luz junto a Re.

O Livro dos Mortos oferece uma lista completa das transformações da alma que o defunto realiza enquanto se despoja progressivamente das vestes mais opacas e densas, à medida em que se eleva na noite do Duat, à luz do horizonte de Re.

A sombra (Kaibit), a forma astral, é aniquilada, devorada por Oreus (Livro dos Mortos, CIL, 51). Os Manes serão aniquilados; os dois gêmeos (os princípios quarto e quinto) serão dissipados; mas a Alma Pássaro (Ba), a Andorinha divina e a Oreus de fogo (Sahu, que reúne os três componentes superiores em uma unidade) viverão na eternidade, pois são os maridos de sua mãe.4


Notas

Blavatsky compara este Geb-Ba com o Maná Hindú, a Alma hereditária, o fio brilhante imortal do Ego superior, ao qual adere o aroma espiritual de todas as vidas ou nascimentos (Doutrina Secreta, vol. 4p. 196). O (morto) Rei é Osíris nas cinzas. Seu horror é a terra: não entrará em Geb (pois) está aniquilado quando dorme em sua casa sobre a terra (a nova personalidade) (Pyr 308-312). A entrada em Geb é a entrada na vida terrestre, ou seja, a encarnação. Às vezes se vê nos desenhos a Alma como pássaro com cabeça humana sobre a tumba. Esta (a tumba) representa a antiga personalidade material, que contém a múmia, as vísceras e os aspectos materiais. Há analogias entre a tumba e a casa. A casa na terra é a nova personalidade terrestre.

Doutrina Secreta, vol 1, p. 241.

La réincarnation. E. Berthelot, Ed. Pierre Guenillard, p. 164. Lausanne, 1978.

Doutrina Secreta, vol. 1, p. 247.

Bibliografia

O livro dos mortos, traduzido do francês por Paul Pierret, Ed. Ernest Leru, Paris, 1882.

O Livro dos Mortos, Ed. José Llanes, Barcelona, 1953.