sábado, 15 de fevereiro de 2014

Dogons - Herdeiros de Sírius


Dogon é um povo que habita o Mali e o Burkina Faso. Os dogons do Mali são um povo que vive em uma remota região no interior da África Ocidental - são cerca de 200 mil e a sua maioria vive em aldeias penduradas nas escarpas de Bandiagara, ao leste do Rio Níger. Ainda não podem ser qualificados como "primitivos", pois possuem um estilo de vida muito complexo, e não são excelentes candidatos a possuir conhecimentos científicos. Contudo, possuem um conhecimento muito preciso do sistema estelar de Sirius1 (incluindo pelo menos uma estrela que ainda não foi identificada pelos astrônomos) e dos seus períodos orbitais. Os sacerdotes dogons dizem que sabem desses detalhes, que aparentemente são transmitidos oralmente e de forma secreta, séculos antes dos astrônomos.

Esses conhecimentos foram publicados pela primeira vez em 1950, no "A Sudanese Sirius System", escrito pelos antropólogos franceses Germaine Dieterlen e Marcel Griaule, que viveram muito tempo com os dogons no final dos anos 1940. Os dois cientistas ganharam a confiança dos sacerdotes até o ponto deles lhe confiarem esses notáveis conhecimentos, muito ligados às suas crenças religiosas.


A astronomia Dogon

A origem da vida

Para os dogons, toda a criação está vinculada à estrelas que eles chamam de Po Tolo, que significa "estrela semente". Esse nome vem da minúscula semente chamada de "fonio", que em botânica é conhecida como Digitaria exilis. Com a diminuta semente, os dogons referem-se ao inicio de todas as coisas. Segundo os dogons, a criação começou nessa estrela, qualificada pela astronomia como anã branca, e que os astrônomos modernos chamam de Sirius B, a companheira muito menor da brilhante Sirius A, da constelação Cão Maior.
Os dogons sabem que a Po Tolo tem uma enorme densidade, totalmente desproporcional ao seu reduzido tamanho e acreditam que isso deve-se à presença do sagala, um metal extremamente duro e desconhecido na Terra. Continuam descrevendo que as órbitas compartilhadas da Sirius A e da Sirius B formam uma elipse, com a Sirius A localizada em um dos seus focos.
Os dogons também dizem que a Sirius B demora 50 anos para completar uma órbita em volta da Sirius A, a astronomia moderna estabeleceu que o seu período orbital é de 50,4 anos. Igualmente intrigante é a sua afirmação de que a Sirius B gira em torno do seu próprio eixo e demora um ano terrestre para terminar este movimento. Alguns astrônomos afirmam que isso é possível, enquanto outros discordam dizendo que esse período de rotação é muito longo para uma estrela tão pequena e densa.
Mas, o que é realmente assustador é o conhecimento que dizem ter sobre o terceiro astro do sistema Sirius, descoberto apenas recentemente pelos astrônomos, já que possui um tamanho irrelevante perto dos dois outros astros do sistema, e por isso levou quase meio século para ser descoberto. Os Dogons chamam este terceiro corpo de Emme Ya, ou "Mulher Sorgo" (um cereal) e dizem que é uma estrela pequena com apenas um planeta em sua órbita, ou um grande planeta com um grande satélite. Os modernos intérpretes dessa tradição chamam esta estrela de Sirius C.


Influências européias


Bonecos dançando Dogon, da coleção do Museu Infantil de Indianápolis
A conclusão de que a informação recebida por Dieterlen e Griaule era conhecida pelos dogons há milhares de anos, e é aceita pelo membro da Royal Astronomical Society, Robert Temple, uma vez que há provas a favor de tal afirmação. Contudo, há um grupo de críticos que não concordam com essa informação. Entre este grupo de cético, estão Carl Sagan, Ian Ridpath, James Oberg e Ronald Story. Segundo eles, os exploradores da Europa e dos Estados Unidos encontraram os dogons há 150 anos e forneceram-lhes informações sobre Sirius, que logo foi incorporada à sua cosmologia.
Contudo, em uma entrevista ao programa Horizon da BBC, Germaine Dieterlen não concordou com esse ponto de vista e, para prová-lo, mostrou um esquema feito pelos dogons do sistema Sirius de 500 anos de idade. Além disso, outros pesquisadores argumentam que muitos dos astrônomos dos dogons não eram conhecidos no Ocidente até o século XX.


As migrações gregas

Os pesquisadores afirmam que os conhecimentos sobre o sistema Sirius dos dogons possuem milhares de anos, e tem a seu favor as provas históricas. Supõe-se que os dogons são remotos descendentes dos gregos que colonizaram a parte da África que atualmente constitui a Líbia. Heródoto os chama de Garamantianos, de Garamas, o filho de Gaia, a deusa grega da terra. Os elementos da tradição grega são muito parecidos à preocupação dos dogons com os números. Além disso, durante a sua permanência na Líbia, aqueles gregos expatriados poderiam ter adquirido alguns conhecimentos dos seus vizinhos, os antigos egípcios.
Séculos de lenta emigração para o sul levaram os dogons ao Rio Níger, onde se estabeleceram e se misturaram com os habitantes negros locais. Segundo Robert Graves, os últimos restos dessa errante tribo estão agora em uma aldeia chamada Koromantse, também chamada Korienze, a 75 km de Bandiagara.


Visitantes Anfíbios

Para alguns adeptos das teorias dos antigos astronautas, com referências no livro Eram os Deuses Astronautas? - 1968 - Português, Erinnerungen an die Zukunft - Título original em Alemão, do escritor suiço Erich von Däniken, isso constitui uma prova irrefutável da antiguidade dos conhecimentos astronômicos dos dogons. Mas a forma como os adquiriram continuam sem respostas. Como um povo que não dispunha de instrumentos óticos poderia conhecer os movimentos e as características da estrela mais brilhante, da sua companheira pouco visível e de um terceiro astro do qual ainda não existem provas cientificas de sua existência?
Os dogons explicam os seus conhecimentos astronômicos do sistema Sirius de uma forma muito simples: seus antepassados os adquiriram de visitantes anfíbios extraterrestres, chamados por eles de "nommos", provenientes da estrela Po Tolo (Sirius B). As descrições feitas pelos dogons são muito precisas.
Contam que os nommos chegaram pela primeira vez do sistema Sirius em uma nave espacial que girava em grande velocidade quando descia e que fazia um barulho tão forte quanto o rugido do vento. Também dizem que esta máquina voadora rebateu ao aterrissar como se fosse uma pedra pela superfície da água, semeando a terra com "jorros de sangue". Nativos dizem que "jorros de sangue" na língua dogon é semelhante a "escape de foguete", o empuxo invertido usado nos veículos espaciais. Os dogons também falam que pode ser interpretada como "nave mãe" colocada em órbita. Isso não é tão estranho quanto parece: A Apollo 11 ficou em órbita lunar enquanto o módulo descia para fazer a primeira alunissagem em julho de 1969.
Tudo isso parece ridículo se não fosse pelo paralelismo com as civilizações que apareceram na época das migrações dos antepassados dos dogons. As representações artísticas dos nommos na forma de réptil assemelham-se ao semideus babilônico Oannes, com rabo de peixe, aos anfíbios dos acadianos conhecidos como Ea, e à representação na arte primitiva egípcia de Ísis em forma de sereia. Todos esses personagens foram, para seus respectivos adoradores, os pais das suas civilizações.
Os seus vínculos com as antigas civilizações do Oriente Médio dependem da aceitação da teoria que diz que seus antepassados teriam viajado até o sul, enquanto a afirmação de que os extraterrestres descreveram-lhes o sistema estelar.


Correspondentes egípcios

A Sirius A era conhecida pelos antigos egípcios como Sothis. Seu ano começava como os "dias do Cão", quando a Sirius, a estrela da constelação Cão Maior, surgia atrás do Sol, por volta do dia 23 de julho. Aparentemente também conheciam a Sirius B porque, nas suas tradições religiosas, a deusa Ísis era símbolo da Sirius A e Osíris, seu consorte, era associado à sua escura companheira.
Os antigos rituais vinculam Ísis a Sirius. A câmara do ano novo do templo de Dendera foi construída de forma que a luz da Sirius seja canalizada por um corredor até o interior da câmara.
Isso é um antecedente da cerimônia Sigui que os dogons celebram quando a Sirius pode ser vista pela fresta de uma rocha da aldeia de Yougo Dogorou. Devido ao fato de Osíris ser adorado como o senhor da vida após a morte e as lendas dos antigos egípcios falarem de almas, que voavam a uma mansão imortal junto aos deuses, é possível que considerassem que essa mansão estivesse localizada na Sirius B.


Répteis humanos



Os dogons acreditam que deuses (nommos) vieram de um planeta do sistema Sirius, há 5 ou 6 mil anos. Na linguagem dogons, Nommos significa "associado à água" ; "bebendo o essencial". Segundo as lendas, os anfíbios Nommos viviam na água e os Dogons referem-se a eles como "senhores da água". A arte dogon, sempre mostra os Nommos parte humanos, parte répteis. Lembram o semideus anfíbio Oannes dos relatos babilônicos e o seu equivalente sumério Enki. Os textos religiosos de muitos povos antigos referem-se aos pais de suas civilizações com seres procedentes de algum lugar diferente da Terra. Coletivamente, isso é interpretado por algumas pessoas como a prova da existência de vida extraterrestre que estabeleceu contato com o nosso planeta em um passado distante.



Ramsés II

Ramsés II foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e 1213 a.C. O seu reinado foi possivelmente o mais prestigioso da história egípcia tanto no aspecto económico, administrativo, cultural e militar. Foi também um dos mais longos reinados da história egípcia. Houve 11 Ramsés no reino do Egito, mas apenas ele foi chamado de Ramsés, o Grande.


Vida Familiar

Ramsés II era filho do faraó Seti I e da rainha Touya. A família de Ramsés não era de origem nobre: o seu avô, Ramsés I, era um general de Horemheb, o último rei da XVIII dinastia que o nomeou seu sucessor.
Aos dez anos Ramsés recebeu o título de "filho primogénito do rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e Ramsés acompanhou-o contra os Líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.


Esposas e filhos

Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramsés já era casado com Nefertari e Isitnefert. A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramsés teve na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do reinado de Ramsés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramsés, Amenófis, conhecendo-se pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam seis filhos com Nefertari.
Isetnefert é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor atestada no Baixo Egipto. Com ela, Ramsés teve um filho que partilhava o seu nome, para além dos príncipes Khaemuaset e Merenptah (este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais velhos de Ramsés). Khaemuaset foi sumo-sacerdote de Ptah na cidade de Mênfis e foi responsável pela organização das festas Sed celebradas em honra do pai. A festa Sed celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramsés celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar construir galerias subterrâneas em Sakara, onde eram sepultados os bois de Ápis.
Ramsés foi também casado com sua irmã mais nova Henutmiré (segundo alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, Meritamon, Bentanat e Nebet-taui. Após a paz com os hititas, Ramsés recebeu uma filha do rei Hatusilli III como presente. Com ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se que adoptou o nome egípcio de Maathorneferuré. Sete anos depois desse casamento, esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.


Campanhas militares

Batalha de Kadesh

Ramsés sucedeu ao pai em 1279 ou 1278. No plano internacional os hititas, que viviam no que é hoje a Turquia, surgem como rivais do império egípcio no corredor sírio-cananeu.
No ano 4 do seu reinado, Ramsés conduz uma expedição militar exploratória que alcança a Fenícia. No rio Cão, perto da moderna Beirute, manda erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.
No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas. Ramsés atravessa a fronteira egípcia em Sila e um mês depois chega aos arredores da cidade de Kadesh, perto do rio Oronte, com o objectivo de expulsar os hititas do norte da Síria.
O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o nome de um deus da mitologia egípcia: Amon, Ré, Ptah e Set. O exército aguardou nos arredores de Kadesh, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Kadesh. Ramsés decide então avançar com a unidade Amon que lidera, desconhecendo que os hititas estavam escondidos a leste de Kadesh. Subitamente, a unidade Amon é cercada pelos hititas.
Segundo o relato egípcio, o "Poema de Kadesh" gravado nas paredes dos templos de Karnak, Luxor, Abidos, Abu Simbel e no Ramesseum, Ramsés é abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a Amon, lamentando-se por seu destino. Amon escuta sua prece e Ramsés transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os hititas.
A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço da propaganda faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado Kadesh, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.
Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na Síria-Palestina. No ano 16 do reinado de Ramsés, Mursili III, filho mais novo de Muwatalli II, foi deposto pelo seu tio Hatusilli III. Após várias tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egipto. Hatusilli III exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramsés, os hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.
No ano 21 do reinado de Ramsés, um tratado de paz procurou terminar o conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em tabuinhas de argila em cuneiforme babilónio e encontrada em Boghaz-Koi e a egípcia, gravada em duas estelas em Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da Assíria. Nos termos do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria, para os hititas.


Monumentos

Ramsés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do Império Antigo, mas sobretudo do faraó Amenófis III), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramsés II encontram-se a sala hipóstila do templo de Karnak em Tebas e o templo funerário do seu pai em Abidos.

Foi também Ramsés um dos responsáveis pela destruição dos templos da cidade de Amarna, que eram os últimos vestígios da era de Aquenáton, faraó que pretendia fazer de Aton a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas foram reutilizados na cidade de Hermópolis Magna, situada na margem oposta de Amarna.

Pi-Ramsés

Pi-Ramsés ou Per-Ramsés ("A Casa de Ramsés") foi a capital do Egipto durante o reinado de Ramsés e até ao fim da XX dinastia. Não foi descoberta até ao momento a localização exacta da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do Delta.
A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I no começo do reinado de Ramsés. Para lá são transferidos obeliscos e nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amon, Ré e Ptah. Dois séculos depois as suas estátuas e obeliscos da cidade foram transferidas para Tânis, a nova capital da XXI dinastia.
As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do principal centro de intervenção militar desta época, a Síria-Palestina, que separava o Egito dos hititas.


Templos na Núbia

Na Núbia Ramsés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos, escavados na rocha, encontram-se em Abu Simbel, perto da segunda catarata do Nilo.
O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramsés) penetra sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramsés, associado a Amon-Ré, Ptah e Ré-Horakhti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramsés com mais de 20 metros de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do templo encontra-se um sala hipóstila onde se acham oito estátuas de Osíris. A versão egípcia da Batalha de Kadesh está representada no templo. O segundo templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari (associada a Hathor). Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramsés e duas de Nefertari.
Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de arqueólogos egícios e alemães descobriu uma estátua de Ramsés II, no templo da deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na parte trazeira da figura, há hieroglifos com o nome de Ramsés II. O templo de Bastet está localizado na colina de Bubastis, um dos sítios arqueológicos mais antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2500 a.C.). Além da estátua de Ramsés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de arenito.
Abu Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi descoberta por Jean-Louis Burckhardt. A construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo, razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha internacional promovida pela UNESCO.
Em Uadi es-Sebua Ramsés mandou construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direcção dos trabalhos esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a construção. No mesmo local Ramsés ordenou a reconstrução de um templo erguido por Amenófis III que fora danificado durante a era de Amarna.

Ramesseum

O templo funerário de Ramsés é conhecido como o Ramesseum. Situado na margem ocidental de Tebas estava dedicado ao deus Amon e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramsés em posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram representados eventos como a Batalha de Kadesh e a celebração da festa do deus Min, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês Eloquente" e textos de carácter médico.

Morte

Ramsés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa anos. O Egipto conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a parte final da XX dinastia.
O túmulo de Ramsés foi construído no Vale dos Reis (KV7), necrópole de eleição dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar. Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos objectos, que estão espalhados por vários museus do mundo.
A múmia do faraó foi encontrada num túmulo colectivo de Deir el-Bahari no ano de 1881. Em 1885 a múmia foi colocada no Museu Egípcio do Cairo onde permanece até hoje. Em 1976 a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X. Na capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas atribuíram esta degradação à acção de um cogumelo, o Daedela Biennis, que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que Ramsés sofria de doença dentária e óssea.

Curiosidades

Em 1976, a múmia do Faraó Ramsés precisou ser levada a Paris, onde foi tratada contra uma infestação de fungos. Nessa ocasião, foi providenciado um passaporte para a múmia em que constava sua ocupação: "Rei falecido". Chegando à França, ao desembarcar no aeroporto de Le Bourget, em Paris, a múmia de Ramsés foi pomposamente saudada com honras militares destinadas a monarcas e chefes de estado.

Titulatura

Como se fazia no Antigo Egito, Ramsés tinha um série de nomes que compunham a sua titulatura. Ramsés é o seu nome de nascimento e significa "nascido de Rá" ou "filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando se tornou faraó foi Usermaet-rá Setepenrá, o que é traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".


Cleópatra VII


Cleópatra Thea Filopator (em grego: Κλεοπάτρα Φιλοπάτωρ, Cleopátra Philopátor; Alexandria, 69 a.C. — 12 de agosto de 30 a.C.) foi a última rainha da dinastia de Ptolomeu, general que governou o Egito após a conquista daquele país pelo rei Alexandre III da Macedônia. Era filha de Ptolomeu Auletes. O nome Cleópatra significa "glória do pai", Thea significa "deusa" e Filopator "amada por seu pai".

Cleópatra originalmente governou conjuntamente com seu pai, Ptolemeu XII Neos Dionisos, e mais tarde com seus irmãos, Ptolomeu XIII e Ptolomeu XIV, com quem se casou como por costume egípcio, mas, eventualmente, ela tornou-se o único governante. Como faraó, ela consumou uma ligação com Júlio César, que solidificou sua pegada no trono. Mais tarde, ela elevou seu filho com César, Cesário, para co-regente em nome.
Cleópatra foi uma grande negociante, estrategista militar, falava seis idiomas e conhecia filosofia, literatura e arte gregas.2

Genealogia

Seu pai, Ptolemeu XII Neos Dionisos (Ptolemeu Auletes), era filho de Ptolemeu IX Sóter II.3 Ptolemeu XII Neos Dionisos teve, possivelmente, seis filhos: Berenice IV e Cleópatra Trifena, que tomaram o controlo do Egito durante a ausência do pai, dois filhos de nome Ptolemeu (Ptolemeu XIII e Ptolemeu XIV), Cleópatra VII e uma filha de nome Arsínoe.3 E. R. Bevan supõe que Porfírio, a fonte de Eusébio, tenha errado, e que Cleópatra Trifena seria a esposa de Ptolemeu Auletes.4
Cleópatra foi também testemunha do reinado atribulado do pai. Ptolomeu XII, cognominado Nothos por ser filho ilegítimo de Ptolomeu IX Latiro,5 era impopular entre a população de Alexandria e tinha-se mantido no poder graças ao apoio de Roma, pelo qual teve que pagar vastas somas de dinheiro, conseguidas através de pesados tributos impostos ao povo. Ateneu de Náucratis, que se refere a ele como o último Ptolomeu, diz que ele não era um homem, mas um flautista (Auleta) e um equilibrista.6 Em 58 a.C. o pai de Cleópatra refugiou-se em Roma, tendo a sua filha Berenice IV sido eleita como nova soberana, mas esta foi executada em 55 a.C., por Ptolomeu XII em seu retorno ao Egito. A co-regente de Berenice, chamada de Cleópatra Trifena, que poderia ser mãe ou irmã de Berenice, desapareceu dos registros antigos.


Chegada ao trono

Antes de falecer em 51 a.C.,7 Ptolomeu nomeou os seus filhos, Cleópatra e Ptolomeu XIII, que deveriam reinar juntos como novos soberanos do Egito.3 Seguindo o costume da sua dinastia, Cleópatra casou com o irmão que teria cerca de quinze anos de idade.
Os monarcas estavam cercados por homens da corte que ambicionavam o poder e que exerciam um domínio sobre o irmão de Cleópatra: Teódoto, preceptor de Ptolomeu XIII, o eunuco Potino e o oficial do exército Aquilas.
Desde o início Cleópatra compreendeu que Roma era a nova potência do Mediterrâneo e que caso desejasse manter-se no poder deveria manter relações amigáveis com ela.
Em 49 a.C. Cleópatra fornece ao filho do triunviro Pompeu, Pompeu, o Jovem, sessenta barcos para se juntarem à frota que lutava contra Júlio César. Perante o comportamento da rainha, os conselheiros insinuaram que Cleópatra pretendia governar sozinha e colocaram o povo de Alexandria contra Cleópatra, que foi obrigada a fugir para o sul do Egito e depois para a Síria.


Cleópatra e Júlio César

A queda de Pompeu

A rainha não se dá por vencida e consegue juntar um pequeno exército de mercenários, tendo regressado ao Egito para lutar contra o irmão. Entretanto a situação internacional altera-se quando a 9 de Agosto de 48 a.C. Pompeu é vencido por César na Batalha de Farsália, na Tessália. Após a derrota procura refúgio em Alexandria, tendo Ptolomeu XIII declarado que aceitava recebê-lo.
Contudo, o verdadeiro plano do rei consistiu em ordenar a morte de Pompeu, julgando que desta forma agradaria a César. O assassino de Pompeu, um romano ao serviço de Ptolomeu XIII, corta-lhe a cabeça, que o rei apresentou a César. No entanto, esta atitude foi um erro, dado que César ficou horrorizado com o ato bárbaro. Apesar de inimigos políticos, Pompeu tinha casado com a filha de César, que morreu dando à luz um filho. César toma Alexandria e decide resolver o conflito entre Ptolomeu XIII e Cleópatra.

O encontro com César

Afastada do palácio real, Cleópatra deseja encontrar-se com César. É então que se desenrola o famoso episódio do tapete, relatado pelas fontes antigas.
Conta Plutarco, num episódio lendário da sua biografia dos Césares, que Cleópatra marcou um encontro com Júlio César, quando este chegou ao Egito, no inverno de 48 a.C. – 49 a.C., a fim de lhe dar um presente, que consistia num tapete. Este, ao ser desenrolado, mostrou que a própria rainha estava em seu interior (Cleópatra tinha sido enrolada no tapete pelo seu servo Apolodoro).
Cleópatra teria então argumentado que tinha ficado encantada com as histórias amorosas de César, tendo ficado desejosa de o conhecer. Tornou-se, assim, sua amante, o que ajudou a estabelecer o seu poder no país.
Numa tentativa de solucionar a crise, César procurou assegurar que o testamento de Ptolomeu XII fosse respeitado e confirmou Cleópatra e Ptolomeu XIII como co-regentes do Egito. Para além disso, propôs que os irmãos mais novos de Cleópatra, Arsínoe e Ptolomeu XIV, deixassem o Egito e se tornassem soberanos de Chipre.
Contudo, Arsínoe era ambiciosa e conseguiu que o exército a declarasse rainha do Egito. Arsínoe mandou matar o oficial Aquilas que começava a fazer-lhe oposição e em breve o seu irmão Ptolomeu XIII juntou-se à sua causa. Em 47 a.C. o exército egípcio seria derrotado por César. Arsínoe foi feita prisioneira e Ptolomeu XIII afogou-se no Nilo quando tentava escapar.
Em Junho de 47 a.C. Cleópatra deu à luz Ptolomeu XV César, conhecido como "Pequeno César" (Cesarion). Embora César tenha reconhecido a paternidade da criança, a historiografia moderna coloca em causa esta paternidade. César recusou-se contudo a torná-lo seu herdeiro, honra que coube a Octaviano.
Por sugestão de César, Cleópatra passou a reinar conjuntamente com seu irmão Ptolemeu XIV.3 Cleópatra casou-se com o seu irmão Ptolomeu XIV, tendo César partido para Roma. O Egito manteve-se independente, mas sob a proteção de Roma que aí deixou três legiões romanas.

Cleópatra em Roma

Em 46 a.C., a convite de César, Cleópatra instala-se em Roma, com o filho e Ptolomeu XIV, fixando residência nos jardins do Janículo, mesmo próxima da então esposa de César (a terceira), Calpurnia Pisonis.
Teria sido em Roma que Cleópatra elaborou o seu plano de hegemonia do Mediterrâneo. Sabe-se pouco da presença de Cleópatra em Roma, a não ser que a sua presença teria gerado desprezo na população. Em sua honra César ordenou que fosse colocada uma estátua de ouro de Cleópatra no templo da deusa Venus Genetrix, vista como antepassada da família de César.
Pouco depois do assassinato de César, Cleópatra voltou para o Egito. Segundo Eusébio de Cesareia, Cleópatra assassinou seu irmão Ptolomeu XIV, no quarto ano do reinado dele e no oitavo ano do reinado de Cleópatra, e passou a reinar sozinha.3 Seu filho passou a ser seu co-regente.


Cleópatra e Marco Antônio

Em 42 a.C., Marco Antônio, um dos triunviros que governava Roma após o vazio governativo causado pela morte de César, convocou-a a encontrá-lo em Tarso para ela responder a ele sobre a ajuda que prestara a Cássio, um dos assassinos de César e, portanto, inimigo dos triúnviros. Cleópatra chegou com grande pompa e circunstância, o que encantou Marco Antônio. Passaram juntos o inverno de 42 a 41 a.C. em Alexandria. Ficou grávida pela segunda vez, desta vez com gémeos que tomariam o nome de Cleópatra Selene e Alexandre Hélio.
Quatro anos depois, em 37 a.C., Marco António visitou de novo Alexandria, quando se encontrava numa expedição contra os partos. Recomeçou então a sua relação com Cleópatra, passando a viver em Alexandria. É possível que se tenha casado com Cleópatra segundo o rito egípcio (uma carta, citada por Suetónio leva a crer nessa hipótese), ainda que nessa altura estivesse casado com Octávia, irmã do triúnviro Octávio. Então, Cleópatra deu à luz outro filho, Ptolomeu Filadelfo.

A morte de Cleópatra, de Reginald Arthur
Durante as Doações de Alexandria, no final de 34 a.C., a seguir à conquista da Arménia:
Cleópatra e Cesarion foram coroados co-regentes do Egito e Chipre;
Alexandre Hélio foi coroado governante da Arménia, Média e Pártia;
Cleópatra Selene foi coroada governante da Cirenaica e Líbia;
Ptolomeu Filadelfo tornou-se o governante da Fenícia, Síria e Cilícia.
Cleópatra recebeu também o título de Rainha dos Reis.
O senado romano declarou-lhes guerra em 31 a.C.. Após serem derrotados por Otávio na batalha naval de Áccio, ambos cometeram suicídio, tendo Cleópatra se deixado picar por uma serpente da espécie Naja egípcia, em Alexandria no ano 30 a.C., e o Egito tornou-se inteiramente uma província romana.


Mausoléu

A imprensa internacional noticiou, em 26 de maio de 2008, ter sido encontrada a cabeça de uma estátua em alabastro de Cleópatra, perto de Alexandria, no litoral mediterrâneo do Egito. A descoberta deu-se no templo de Taposiris Magna.
Em abril de 2009 o arqueólogo egípcio Zahi Hawass afirmou ter descoberto a sepultura de Cleópatra no templo de Taposiris Magna.8



Liber XLIX - O Livro de Babalon


O Livro de Babalon
Sub Figurâ XLIX
A.•. A.•.



1. Sim, sou eu, BABALON.

2. E este é meu livro, que é o quarto capítulo do Livro da Lei, Ele completando o Nome, por eu ser saída de NUIT como HÓRUS, a irmã incestuosa de RA-HOOR-KHUIT.

3. É BABALON. TEMPO É. Sim tolos.

4. Tu me chamaste, oh maldito e bem-amado tolo.

5-8. (Desaparecido e provavelmente perdido.)

9. Saiba agora que Eu, BABALON, tomarei carne e virei entre os homens.

10. Eu virei como um fogo pendendo, como uma canção desviada, um trumpete nos átrios de julgamento, uma bandeira à frente de exércitos.

11. E reúna minhas crianças a mim, pois O TEMPO está à mão.

12. E este é o modo de minha encarnação. Atenção!

13. Tu ofertarás tudo que fores e tudo que tiveres a meu altar, nada retendo. E tu serás atingido todo sentido e daí serás proscrito e amaldiçoado, um errante solitário em lugares abomináveis.

14. Sim arrisque. Eu não pedi a nenhum outro, nem pediram eles. Outros são vãos. Mas tu quisestes isto.

15. Saiba então que assim eu vim a ti antes, tu um grande Lorde, e Eu uma donzela arrebatada. Ah cega insensatez.

16. E depois disso loucura, tudo em vão. Assim tem sido, multiforme. Como tu queimaste além.

17. E Eu virei novamente, na forma que tu sabes. Agora será vosso sangue.

18. O altar está correto, e o robe.

19. O perfume é sândalo, e a vestimenta verde e dourada. Há minha taça, nosso livro, e vossa adaga.

20. Há uma flama.

21. O sigilo da devoção. Seja ele consagrado, seja ele verdadeiro, seja ele diária-mente afirmado. Eu não sou desdenhada. Vosso amor é para mim. Procure uma moeda de cobre, em diâmetro de três polegadas sobre o campo azul, a estrela dourada de mim, BABALON.

22. Este será meu talismã. Consagre-o com os supremos rituais da palavra e da taça.

23. Minha chamada como tu sabes. Todas as canções de amor para mim. Também procure-me no Sétimo Ar.

24. Isto a um tempo prescrito. Não procure o fim, Eu te instruirei a meu modo. Mas seja verdadeiro. Seria duro se eu fosse tua amante, e sobre ti? Mas Eu sou tua amante e estou sobre ti.

25. Eu providenciarei um receptáculo, quando ou donde Eu não digo. Não a siga, não a chame. Deixe-a anunciar. Nada pergunte. Mantenha silêncio. Haverá ordálias.

26. Meu receptáculo deve ser perfeito. Este é o modo da perfeição dela.

27. O trabalho é de nove luas.

28. O trabalho de Astarte, com música e festividade, com vinho e todas as artes do amor.

29. Que ela seja dedicada, consagrada, sangue a sangue, coração a coração, mente a mente, um em vontade, nenhum sem o círculo, tudo a mim.

30. E ela vagará pelo bosque enfeitiçado sob a Noite de Pan, e conhecerá os mis-térios do Bode e da Serpente, e das crianças que estão escondidas longe.

31. Eu providenciarei o local e as bases materiais, tu as lágrimas e sangue.

32. É isto difícil, entre matéria e espírito? Para mim isto é êxtase e agonia indizí-veis. Mas Eu estou em ti. Eu tenho grande força, tu tens igualmente.

33. Tu prepararás meu livro para a instrução dela, também tu ensinarás que ela deve ter capitães e adeptos em seu serviço. Sim, tu tomarás a peregrinação negra, mas não será tu quem retornará.

34. Que ela prepare seu trabalho de acordo com minha voz em seu coração, com teu livro como guia, e nenhuma outra instrução.

35. E que seja ela em todas as coisas sábia; e segura, e excelente.

36. Mas que ela pense nisto: meu caminho não está nos caminhos solenes, ou nos caminhos racionais, mas no caminho livre selvagem da águia, e o caminho tortuoso da serpente, e o caminho oblíquo do fator desconhecido e inumerável.

37. Pois eu sou BABALON, e ela minha filha, única, e não haverá nenhuma outra como ela.

38. Em Meu Nome tenha ela todo poder, e todos os homens e coisas excelentes, e reis e capitães e os secretos a seu comando.

39. Os primeiros servidores são escolhidos em segredo, por minha força na dela - um capitão, um mentiroso, um agitador, um rebelde - Eu provirei.

40. Chame-me, minha filha, e Eu virei a ti. Tu serás repleta de minha força e fogo, minha paixão e poder te cercarão e inspirarão; minha voz na tua julgará nações.

41. Nenhum resistirá a ti, a quem eu amo. Ainda que te chamem de meretriz e prostituta, desavergonhada, falsa, má, estas palavras serão sangue em suas bocas, e pó então.

42. Mas minhas crianças te conhecerão e te amarão, e isto os libertará.

43. Tudo está em tuas mãos, todo poder, toda esperança, todo futuro.

44. Um veio como homem, e foi fraco e falhou.

45. Uma veio como mulher, e foi boba, e falhou.

46. Mas tu és além de homem ou mulher, minha estrela é em ti, e tu utilizarás.

47. Mesmo agora tua hora baterá sobre o relógio de meu PAI. Pois Ele preparou um banquete e um Leito de Núpcias. Eu era a Noiva, designada desde o início, como estava escrito T.O.P.A.N.

48. Agora é a hora de nascimento à mão. Agora seja meu adepto crucificado na morada do Basilisco.

49. Tuas lágrimas, teu suor, teu sangue, teu amor, tua fé proverão. Ah, Eu te drenarei como a taça que é de mim, BABALON.

50. Não cedas tu, e Eu passarei o primeiro véu para falar contigo, através do tremor das estrelas.

51. Não cedas tu, eu Eu passarei o segundo véu, enquanto Deus e Jesus são golpeados com a espada de HÓRUS.

52. Não cedas tu, e eu passarei o terceiro véu, e as formas do inferno serão transformadas em beleza.

53. Por tua causa caminharei largo através das flamas do Inferno, ainda que minha língua cale-se por completo.

54. Deixe-me contemplar-te nu e luxurioso à minha maneira, chamando meu nome.

55. Deixe-me receber toda tua humanidade em minha Taça, clímax sobre clímax, prazer sobre prazer.

56. Sim, nós conquistaremos morte e Inferno juntos.

57. E a terra é minha.

58. Tu farás a Peregrinação Negra.

59. Sim sou mesmo EU BABALON e EU SEREI LIVRE. Tu tolo, seja tu também livre de sentimentalismo. Sou Eu tua rainha da aldeia e tu um secundarista, para que tenhas teu nariz em minhas ancas?

60. Sou EU, BABALON, sim tolos, MEU TEMPO é vindo, e este meu livro que meu adepto prepara é o livro de BABALON.

61. Sim, meu adepto, a Peregrinação Negra. Tu serás amaldiçoado, e esta é a natureza do caminho. Tu publicarás a questão secreta dos adeptos que tu soubestes, retendo nenhuma palavra deste, num apendix a este meu Livro. Então eles gritarão tolo, mentiroso, bêbado, caluniador, prevaricador. Não estás tu contente de teres te metido com magick?

62. Não há outro modo, querido tolo, é a décima-primeira hora.

63. O selo de meu Irmão é sobre a terra, e seu Avatar é à sua frente. Há debu-lhação de trigo e um pisoteamento de uvas que não cessará até que a verdade seja conhecida pelo último dos homens.

64. Mas você que não aceita, você que vê além, alcancem-se as mãos minhas crianças e ceifem o mundo na hora de sua colheita.

65. Congreguem-se em covens como da antiga, cujo número é onze, que é tam-bém meu número. Congreguem-se em público, em festival de música e dança. Congreguem-se em segredo, estejam nus e desavergonhados e regozijem em meu nome.

66. Trabalhem seus feitiços pelo modo de meu livro, praticando secretamente, induzindo o feitiço supremo.

67. O trabalho da imagem, e a poção e o charme, o trabalho da aranha e da ser-pente, e os pequeninos que vão no escuro, este é o seu trabalho.

68. O que ama não odeia, o que odeia teme, deixe-o provar do medo.

69. Este é o modo disso, estrela, estrela. Queimando brilhante, lua, feiticeira lua.

70. Você o secreto, você o pária, o amaldiçoado e desprezado, mesmo você que congregou-se privadamente há muito em meus ritos sob a lua.

71. Você o liberto, o selvagem, o indomado, que caminha agora só e desesperan-çado.

72. Veja, meu irmão quebra o mundo como uma noz para seu alimento.

73. Sim, meu Pai fez uma casa para você, e minha Mãe preparou o Leito Nupcial. Meu Irmão confundiu seus inimigos.

74. Eu sou a Noiva designada. Venha para as núpcias - venha agora!

75. Meu prazer é o prazer da eternidade, e minha risada é a risada bêbada da prostituta na casa do êxtase.

76. Todos seus amores são sagrados, brinde-os todos a mim.



77. Ponha minha estrela em suas bandeiras e vá em frente em prazer e vitória. Nenhum lhe negará, e nenhum lhe estará à frente, por causa da Espada de meu Irmão. Invoque-me, chame-me, chame-me em suas convocações e rituais, chame-me em seus amores e batalhas em meu nome BABALON, no qual todo poder é dado!


Nosso corpo nos fala

É comum vermos tantas pessoas lutando na vida para se libertarem das dores e doenças. Na verdade, as dores e as doenças estão indicando dificuldades pessoais que poderão fazer com que se conquiste um bem estar físico e emocional. “Conflitos e sentimentos ficam gravados no corpo e se manifestam nos movimentos e nas doenças”, diz o terapeuta paulista Eduardo Shinyashiki.

Segundo ele, a leitura corporal feita em várias sessões, detecta e solta emoções reprimidas, dissolvendo medos e resistências. A matéria-prima desse tipo de análise é um inventário de doenças, tensões, dores, acidentes, fotos, imagens de vídeo, exercícios sensibilização, respiração e meditação.

Para decifrar as mensagens do corpo, ele o divide em sete segmentos. Doenças ou tensões registradas em cada um deles têm origem em diferentes tipos de conflitos. Confira:

1. Olhos, ouvidos, nariz: dificuldade de conexão com a realidade.
2. Boca, dentes, gengiva: questões envolvendo a expressão dos sentimentos.
3. Pescoço e coluna cervical: controle das emoções e da imagem.
4. Peito, coração e pulmão: problemas de afetividade.
5. Abdômen superior (estômago, fígado e rins): resistência a “engolir” situações, resolver conflitos, ansiedade.
6. Abdômen inferior (barriga): sensação de insegurança, inadequação, incapacidade.
7. Genitais e pernas: situações relacionadas ao prazer e a tomada de decisões.


Fonte:  Revista Mais Vida-abril/97


Antiga magia egípcia - "maa kheru - Aquele que percebe a sua Palavra"


Ra tinha um grande nome pelo qual ele governou o mundo e todas as coisas em plena potência. Este nome era desconhecido aos deuses, reis e humanidade. Ele nunca foi falado e permaneceu escondido para que ninguém pudesse ganhar poder sobre ele. Um dia, o grande Tahuti e a deusa Auset, conspiraram para enganar Ra a revelar o grande nome para ela. Na lenda, ela foi bem sucedida. A partir daí, Ra foi desafiado por outros deuses, reis e magos. Às vezes, na história religiosa egípcia, ele perdeu o poder absoluto para deuses mais poderosos, cujos templos consequentemente floresceram.

A Criação (da humanidade) foi obra do deus Rá e o deus Khepera, provocada pela pronunciação do Grande Nome. Posteriormente, pensava-se que apenas por pronunciar um nome de uma pessoa, esta poderia vir a existir na Terra. Sem um nome, nenhuma pessoa pode ser identificada no julgamento na morte. O uso do nome de uma pessoa pode trazer uma maldição para seu proprietário, ou uma cura e bênção. O nome de uma pessoa ou criatura viva é tanto uma parte de seu ser como a alma e outros órgãos ... nome de uma pessoa era na verdade um dos nove corpos *, e era uma parte essencial da existência dessa pessoa. Pensava-se que um nome era o rótulo para toda a existência de uma criatura mundana ou espiritual. Esse nome, no entanto, era vulnerável à manipulação por magia.

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Os nomes dos deuses eram canais para sua energia suprema. Os nomes de demônios e outros seres extraterrestre possuía grande poder também. Se o nome de um deus era conhecido e usado para invocá-lo, acreditava-se que eles tinham de responder.

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Alguns deuses, como Tahuti, e demônios, como o desafiante renomado de Ra, nomeado Apep, acreditava-se que tem o poder de assumir uma forma diferente. Cada forma tinha um nome único. Para ganhar o poder absoluto sobre um ser que mudou as formas, era vital saber todos os nomes de todas asformas.

O magista freqüentemente muda de forma durante a adivinhação e magia para a forma de um deus, uma forma de diabo, ou a forma de qualquer criatura mítica como o griffo. Os nomes secretos da forma são recitados para que a transformação do magista seja assegurada e completa. É por isso que os scripts egípcios contêm uma abundância de nomes mágicos para recitar ...

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Egípcios reconheceram o som como um canal direto entre a humanidade e os deuses. Eles sabiam que a prática e o uso de sons nas palavras e nomes dos roteiros revelam o verdadeiro mistério da magia. Pronúncia correta e recital de roteiro mágico eram um dos princípios mais importantes da magia.

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* Os egípcios acreditavam que os seres humanos e outras criaturas vivas consistiam de nove "corpos". Esses corpos definiam porque os egípcios acreditavam que era possível invocar a força vital de uma criatura em uma estátua, e assim, ganhar o poder da criatura. Eles acreditavam em fantasmas e aparições, que foram tornadas possíveis pela existência do corpo "ka", e o corpo "Khu" ... Através de diferentes corpos, os egípcios se comunicavam com os mortos, projetado-os para fora do corpo, assumiam o poder de outra criatura , e gosavam de outras habilidades ...



HORUS, NUIT e ANUBIS

HÓRUS:

Era originalmente o deus do céu, voando sobre o Egito como um falcão para proteger seu pai, o rei Osíris. Quando Horus derrotou o assassino de seu pai, Seth, ele se transformou no rei de todo o Egito, e ele é descrito usando uma coroa com uma parte superior branca para representar o Alto Egito e uma parte vermelha inferior para representar o Baixo Egito. Por esta razão, os governantes do Egito sempre se identificaram com Horus na vida, se transformando na personificação de Osíris quando eles morriam.

Hórus, para os antigos egipicios, é considerado a encarnação de Rá na terra, a manifestação fálico solar no plano material, o princípio do fogo. É um deus gêmeo, possuindo aspecto duplo: um ativo como heru-pa-khrat, ou Hárpocrates parao gregos no período Ptolomaico; e um aspecto ativo, como Ra-heru-Khuit podendo ser escrito também como Ha-roor-Khuit, o seu aspecto marcial.
O princípipo hermético da polaridade está presente na sabedoria iniciatica egípcia, compreendendo a natureza nos seus aspectos ativos/passivos como complemetares.
Harpócrates, o Hórus menino, é o primeiro iniciador e seu sinal, o do Silencio (colocando-se o dedo indicador da mão diretia sobre os lábios), já era um Sinal utilizado nos templo egípios simbolizando a iniciação pelo silêncio, para um contato com Num, as águas primordiais da vida (Nuit), através da quietude interna. Era um Sinal sempre feito nos Templos antes de se iniciar toda toda prática, por mais simples que esta pudesse ser.

O Deus Hórus, senhor do presente Aeon. Horus era adorado em centros de cultos em Behdet, Hirakonpolis e Edfu e o olho de Horus era considerado um amuleto poderoso. 

Em Thelema, Hórus é o Deus Falcão, o Senhor da dupla Baqueta de Poder, que destrói os últimos resquícios do antigo Aeon de Osíris. Ra-Roor-Khuit traz em seu interior a criança Heru-pa-khrat, que é a criança do novo aeon, traz o novo aeon dentro de si. 

O Olho de Hórus é também chamado de "Olho no Triângulo" e segundo Viviane Crowley, no livro "Cabala - um enfoque feminino", a imagem deste Olho representa Ain Soph, Kether, Chokmah e Binah.

O Ain Soph seria a pupila escura; Kether o círulo em volta da pupila, a íris. Chokmah está em torno disto, dando a forma oval do Olho e Binah é o triângulo (a base para o mundo tridimencional).

Segundo Marisa Castelo Branco, no livro "Do Egito Milenar à Antiguidade", o hieróglifo do Olho de Hórus significa ver, construir, criar, sendo que a palavra em egípicio que o representa é UDJAT e este simboliza um bastão por meio do qual se obtinha o fogo.

A autora disserta também que o símbolo é oriundo do Olho de Rá e, deste modo, o Olho era o signo R (a boca) com o Sol no meio, simbolizando também o verbo criar.
No papiro de Nesiamsu é dito que os homens foram criado das lágrimas de deus.
Assim sendo, a autora justifica que no Olho de Rá ou Olho de Hórus representa as lágrimas do criados, representado pelo hieróglifo QD (uma estaca em construção e também o verbo construir) e simbololiza Osíris que desceu à terra para trazer os primórdios da civilização.

A segunda lágrima é representada pelo hieróglifo de uma espiral das forças construtivas da natureza, simbolizando Hórus. 




NUIT:

Na mitologia egípcia, Nuit era a deusa dos céus, ao contrário de muitas outras mitologias, onde o Pai dos Céus é quase sempre uma figura masculina. Nuit é a filha de Shu e Tefnut. Ela era uma do Grupo dos nove. 

Rá, o deus do sol entrou em sua boca após o pôr-do-sol no anoitecer e renasceu de sua vulva na manhã seguinte. Ela também engoliu e renasceu as estrelas.

Ela era a deusa da morte, e sua imagem está no lado de dentro da maioria dos sarcófagos. O faraó entrava no corpo dela após a morte e posteriormente era ressuscitado.

Na arte, Nuit é representada como uma mulher sem roupas, cobertas com as estrelas e sustentada por Shu; o oposto a ela (o céu), é o seu marido, Seb (a Terra). Com Seb, ela foi a mãe de Osíris, Ísis, Set, e Néftis.

Alternativas: Nu, Nut 

Curiosamente, o francês nuit significa "noite". 

No túmulo de Tutankhamon foi encontrado junto a sua múmia um peitoral no qual era invocado a proteção desta deusa: “Nut minha divina mãe, abre tuas asas sobre mim enquanto brilharem nos céus as imorredouras estrelas”. 

Nuit é a principal oradora no primeiro capítulo do Livro da Lei e o cumprimento feminino ao deus Hadit. Nuit é o círculo infinitamente vasto cuja circunferância é incomensurável e cujo centro está em toda parte. Hadit é o ponto infinitamente pequeno dentro do núcleo de todas as coisas. A união dos dois é ainda um outro glifo da Grande Obra. 



ANUBIS:

É um deus egípcio geralmente retratado como um homem com cabeça de chacal, ou um chacal negro em posição de esfinge (este último geralmente guardando algo ou alguém) Anúbis, o Juiz dos Mortos também conhecido como Anupu, ou Anpu, é o antigo deus egípcio dos mortos e do submundo.

Anúbis é filho de uma união extraconjugal entre Nephtys e Osíris, onde a primeira, esposa do terrível deus Set, faz-se passar por Ísis, a verdadeira esposa de Osíris para poder desfrutar de seu amor incondicional. Temendo a vingança cruel de Seth ao descobrir sobre sua gravidez, Néftis, também mãe de Sebek (o deus com cabeça de crocodilo) esconde o bebê Anúbis em um pântano, onde mais tarde Ísis, sua tia, o encontra e cria longe do alcance maléfico de seu tio Seth.

Anúbis então crescido adquire inúmeras tarefas como deus da morte e do submundo, e todos seus aspectos relacionados, como o julgamento, ritos de passagem e as tarefas de embalsamamento. Mais tarde, com a morte de Osíris por seu tio Seth, após Ísis e Néftis terem reunido os pedaços esquartejados de Osíris Anúbis se voluntaria para trazê-lo de volta a “vida”, através das práticas de mumificação e de seu infinito conhecimento sobre a pós-vida, tendo sido assim criada a primeira múmia do Egito e do mundo.

Após este ato Osíris, que originalmente era um deus da agricultura, por seu status morto-vivo e seu status de divindade maior, “usurpa” então os aspectos de Anúbis, de deus da morte e do submundo.


Anúbis então passa a se dedicar aos outros aspectos relacionados a Morte. Ele passaria a guiar as almas através do submundo, até os salões do julgamento, onde ele também pesaria o coração da alma contra a pena de Maat, a deusa da justiça, do equilíbrio e da verdade, em um tribunal presidido por Osíris, Toth e perante 42 deuses menores, cada um incumbido de julgar uma das 42 confissões que a alma deveria fazer.

Também era o patrono da cidade de Cinópolis, o patrono dos embalsamares e dos conhecimentos obscuros.

Após as invasões Gregas em 332a.c. e Romanas em 31a.c., onde apenas um ano mais tarde o Egito tornaria-se um estado vassalo de Roma, muitos de seus deuses foram "exportados", entre eles Ísis, Toth e Anúbis, que mais tarde, formaria junto com Hermes um híbrido conhecido como Hermanúbis. E as mumificações e necrópoles tornaram-se muito mais populares e espalhadas pelos impérios Grego e Romano, até hoje surpreendendo arqueólogos com seu estilo diferenciado. 





Sagrado Masculino

Ensurdecedor o silêncio das florestas, o silêncio onde mil sons começam quando o homem se cala e move-se com suavidade e cuidado sobre a pele da Grande Mãe. Pé ante pé, evitando fazer qualquer ruído, tateando o solo com os dedos, para que o menor graveto não se parta ou uma folha seca estale. 

O homem integrado à natureza, um ligado ao outro como uma só coisa, seu suor misturado ao cheiro das folhas e peles que usara no ritual de busca da caça. O ancião evocara os ancestrais do clã para a caçada, bravos caçadores se materializavam frente aos homens do clã, portando suas armas e mostrando numa dança como conquistaram os seus animais de poder. Lutas se formam na névoa de resinas que queimam no braseiro, junto a folhas colhidas pela anciã, que conhecia os segredos da Mãe.

Embriagados e tomados pelos antepassados, os homens repetiam em gestos rítmicos as grandes caçadas feitas no passado, como quando o fundador do clã saiu com seus caçadores para criar um novo agrupamento depois de andar dias a procura de um abrigo. Faminto e cansado encontrou a caverna mãe, onde nasceram todos os ancestrais da tribo. Ele a conquistou lutando com um leão das cavernas com sua lança e faca.

Nesta luta o Grande Caçador ganhou a marca das 4 garras do antigo proprietário da caverna, no rosto, marca que até hoje os caçadores repetiam passando os quatro dedos, molhados na tinta cor de sangue que as mulheres preparavam, riscando o rosto na transversal vindo da esquerda para a direita. Repetiam estes eventos enquanto o corpo era impregnado com os cheiros das resinas e das folhas. 

Depois o ancião vestia o couro do animal de grandes chifres e chamava as manadas e viajava através dos céus para ver o caminho que esta manada iria percorrer e a que distancia estavam, para então decidir qual o melhor ponto para interceptar os animais. Enquanto os caçadores viajavam para os feitos que fariam nesta surtida, com estes sonhos eles podiam antecipar os perigos, e na hora que ocorressem poderiam evitar o ataque dos animais. 

Ele estava preocupado. Havia sonhado que um macho galhudo o pegaria no momento que se distraísse ao enterrar sua lança numa fêmea prestes a parir, pois queria a pele macias do feto. No próximo encontro da primavera estava querendo se mudar para o clã do grande touro. Havia reparado em uns olhos verdes que sempre o seguiam nas reuniões de clãs enquanto ele disputava os jogos com os rapazes. Mas agora não estava mais ansioso pela primavera, para as brincadeiras masculinas. Este ano fora consagrado caçador, agora podia ser o dono da caça que ele abatesse, agora participaria da festa das fogueiras e, segundo seus primos mais velhos, poderia penetrar nos mistérios da criação do universo junto às fogueiras. Era muito mais que uma iniciação mística da união do céu e da terra. Era muito além disso. Era penetrar no universo e sentir o corpo macio de uma mulher. Enquanto descreviam as delícias, ele se lembrava dos olhos verdes, e dos sorrisos que a menina lhe enviava. Ele queria a pele dos fetos prestes a nascer para fazer uma pelica leve e macia para ofertar a ela nas fogueiras.

Mas de que adiantaria matar a fêmea, se poderia ser morto pelo macho e, seu sangue a escorrer pela terra junto com o da fêmea, poderia fazer com que ele nascesse gamo na próxima vida.

Nem durante a sua iniciação ele ficara tão receoso. Fora levado vendado para bem longe e solto com apenas um pouco de comida, poucas lanças, uma faca de pedra e apetrechos de fazer fogo. 

Ele deveria voltar pra casa com uma caça, que ele sacrificaria aos deuses cortando a garganta do animal, para que o sangue empapasse a terra e voltasse para a grande mãe. Depois ofereceria o coração ao Deus da caça, montaria acampamento, conservaria a carne com fumaça e ficaria ali até que o Grande Caçador lhe indicasse o seu animal de poder e seu nome mágico.

Agora ele era um caçador dos leões da caverna do riacho limpo, era um homem, e por mais que soubesse que não existia morte, ele gostava de estar vivo. 

Agora ele iria aproveitar as regalias de ser um caçador, participaria dos mistérios, freqüentaria os rituais masculinos, faria jornadas em busca de caças distantes. Seus feitos seriam contados nos encontros da primaveras e depois seriam levadas para as tribos distantes e sua alma nunca se perderia, pois ele estaria sempre nas conversas noturnas das cavernas e seu nome seria falado nos rituais dos ancestrais. Mas se morresse por seu orgulho de caçar a presa que buscava, e se descuidasse das suas defesas, seria logo esquecido e sua alma se perderia do clã e não mais renasceria na própria família.

Já visualizava o rebanho se aproximando, seu corpo colado à arvore parecia ser parte dela, todos os seus sentidos estavam voltados para a caçada, seus músculos retesados e prontos para o ataque enquanto na sua mente os gestos e movimentos dos seus antepassados tantas vezes dançados nos rituais estavam incorporados dentro dele, como se uma cadeia interminável de vidas o levassem ao primeiro caçador, ao Grande caçador, o Deus que diferenciou os homens dos animais, o Deus que ensinou que os homens podiam se alimentar melhor caçando e que salvou a espécie da extinção. Com ele aprenderam a criar suas armas, o código silencioso usado pelos grupos que substituíam os gritos e as palavras, e que permitiam que cercassem e se aproximassem mais da caça sem assustá-la. 

Ele agora era o Deus, seus pés plantados no chão o ligavam à terra, seu corpo era como uma mola comprimida, pronta para distender-se e voar em direção à presa e arremessar certeiramente sua lança com a ponta afiada no fogo. O deus caçador estava nele, não importava mais a vida ou a morte, agora a sua mente só pensava em escolher o alvo, pois o clã precisava da carne para continuar forte, alimentando suas mulheres e crianças, para que novos caçadores crescessem fortes e pudessem manter o nome da caverna mãe com honra.

Paro aqui para dizer que ainda temos no masculino este espírito caçador, ainda temos em nós o deus da caça e no fundo de nossas mentes ainda existem gravadas as danças e os movimentos da caçada. Ainda podemos ser unos com a natureza, e por mais civilizados e com todos os controles sociais que mascaram a nossa identidade selvagem, nem todo o controle imposto pelos impérios da antiguidade, nem os 2.000 anos de cristianismo apagaram em nós o espírito pagão, a divindade que existe no masculino.