sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

MACGREGOR MATHERS

Filho de William M. Mathers e Miss Collins. Nasceu em 08 de Janeiro de 1854 e no nº11 da Rua De Beauvior Place, Hackney. Seu pai morreu mu ito cedo e ele viveu com sua mãe viúva em Bournemouth até a morte da mesma em 1885.

Em 1877, Mathers foi iniciado na maçonaria, na Loja Hengist Nº195 de Bournemouth. Foi apadrinhado por E.L.V. Rebbeck, um conhecido agente de propriedades. Mathers progrediu através dos graus de Aprendiz, Companheiro e finalmente Mestre Maçon; o conseguiu em menos de 18 meses, ainda que nunca tenha chegado a ser um Mestre de Loja Maçon (grau mencionado na coleção do Cônsul Francês Lemanceau). Em 1882, Mathers renunciou à Loja.

Mathers logo foi apresentado ao Dr. Wynn Westcott e ao Dr. William Woodman. Ambos eram maçons de alto grau, e Woodman era além disso Magus da S.R.I.A.1.. A história diz que foram Westcott e Woodman que apresentaram a Mathers a S.R.I.A.. A foi e é uma Sociedade Rosacruciana aberta somente a Mestres Maçons (não confundir a S.R.I.A. em Londres com a atual S.R.I.A. nos Estados Unidos).

Durante esse período, Mathers também se fez amigo de Fredrick Hockley. Hockley era um metalúrgico, alquimista e intrépido consultor de cristais. Não há dúvidas que Mathers e Hockley fizeram algum trabalho juntos e de que Hockley teve uma influência definitiva sobre Mathers e seus ensinamentos ao referir-se à observação na Visão do Espírito (Mathers logo aperfeiçoaria essa técnica: Viajando na Visão Espiritual com o uso de símbolos específicos e cores ofuscantes, etc.).

Com a ajuda do Dr. William Wynn Westcott, Mathers fez a primeira tradução inglesa da Kabbala Denudata de Knorr Von Rosenroth. Um trabalho que teve inúmeras edições e lhe outorgou uma reconhecida posição no ocultismo.

Após a morte de sua mãe, viu-se em circunstâncias muito pobres e mudou-se para Londres, onde viveu em modestas pensões em Great Percy Street, King´s Cross, disfrutando da hospitalidade do Dr. Westcott por muitos anos. Mathers também fez algo militar. Uniu-se aos Primeiros Voluntários de Infantaria de Hamshire. Traduziu um manual militar do francês para o inglês. Deve fazer-se notar nesse ponto que Mathers ganhava a vida fazendo uma variedade de trabalhos. O ocultismo era sua vida e o dinheiro era um mal necessário para a sobrevivência.

Em 1887, a Kabbala Denudata estava acabada e um trabalho maior estava para começar: o de criar uma Fraternidade para aqueles que estivessem famintos pelo Conhecimento Oculto, que se chamaria Ordem Hermética da Golden Dawn. Foi em 1886 ou 1887 que Mathers recebeu os Manuscritos Cifrados para traduzir. O código era simples e era um código do séc. XV criado pelo Abade Trithemius. A história registra que foi Westcott quem encarregou Mathers de traduzir os manuscritos e usá-los como esqueleto para o que logo se conheceria como as Iniciações da Golden Dawn. Acredita-se que Mathers e Westcott já tinham sido iniciados nos Mistérios Rosacruzes e que os Manuscritos Cifrados eram um método de proteger seu próprio juramento de segredo.

Westcott, Mathers e Woodman integrariam o primeiro corpo diretivo da recém formada Ordem Hermética da Golden Dawn. Os três estavam acostumados a trabalhar juntos, pois também eram o corpo diretivo da S.R.I.A. com Westcott como Magus Supremo.

Muitos ocultistas estão fascinados pelo movimento, a poesia e a efetividade das iniciações da Golden Dawn compiladas e escritas por Mathers. Inclusive William Butler Yeats não pode evitar pegar imagens dos rituais que Mathers compôs.

A tarefa então era admitir sérios estudantes na nova Ordem. Mathers estava muito influenciado pela Dra. Anna Kingsford e seu associado, Edward Maitland. Eles eram os fundadores da Sociedade Hermética e amigos muito próximos de Mathers. Ele absorveu muito de suas crenças de Anna Kingsford e insistiu em que uma dessas crenças fosse incorporada na Golden Dawn; que as mulheres fossem aceitas na Ordem, sobre bases completamente equitativas com os homens. Mathers era insistente neste ponto e até que Woodman e Westcott não aceitassem, não prosseguiria.

Todos concordaram com Mathers e as mulheres foram aceitas na Ordem equitativamente. Mathers e a nova Ordem estavam a ponto de fazer história, história que mudaria o mundo do oculto para sempre. Mathers conheceu sua futura esposa, Mina Bergson, pela primeira vez no Museu Britânico. Ela era companheira de estudos da filha do Sr. Horniman, e uma talentosa artista da Escola de Slade. Encontrava-se no Museu estudando a arte Egípcia.

Dali tiveram um breve compromisso e uniram-se em matrimônio na Igreja Chacombe, próxima de Bandury, pelo reverendo W.A. Ayton, que era um proeminente estudioso do misticismo, investigador de Alquimia e membro de numerosas sociedades ocultas.

Logo após a Ordem operar por um tempo, Mathers percebeu a necessidade de uma Segunda Ordem, ou Ordem -Interna-. Enquanto aparentemente vista do exterior pode ter se assemelhado ao acréscimo de uma Ordem Externa, de fato, sempre houve uma Segunda Ordem Interna, e sob a direção de Mathers sempre esteve aberta aos membros da Golden Dawn. Junto com Moina, e sob a direção dos contatos da Terceira Ordem, a Segunda Ordem foi criada.

Como comentário exterior, podemos ver agora que embora um dos erros que Mathers cometeu na direção da Segunda Ordem foi a admissão de candidatos inaceitáveis. O crescimento do ego de uma pessoa é suficientemente grande enquanto atravessa os graus da Ordem Externa, e se essa pessoa não está estabilizada suficientemente como um bom vinho e se lhe permite ascender demasiado cedo à Segunda Ordem, os resultados podem ser desastrosos. O ego está então completamente incontido e tomando uma corrente muito mais forte que aquela da Ordem Externa. Condutas como a criação de rumores, separações e auto-engrandecimentos são o resultado. Isto é parcialmente o que acontecia na Segunda Ordem da Golden Dawn no final do século, quando a Ordem atravessaria uma desastrosa revolta por Adeptos que quiçá nunca deveriam ter alcançado a Segunda Ordem. Em 1891, Mathers e sua esposa se mudaram para Paris, onde Mathers realizou extensas investigações literárias na Librarie d´Arsenal, uma instituição notável, por sua riqueza em literatura oculta, e no Museu Guimet, de onde derivou muito de seu conhecimento da antiga sabedoria mística oriental.

Mathers também publicou uma tradução para o inglês de um manual militar francês, um Ensaio sobre as Cartas do Tarot, e um volume de Poemas. Durante sua residência em Paris, adotou o mote escocês de -S’Rioghail mo Dhream- (Régia é minha Tribo). Enquanto alguns historiadores acreditam que esse mote era uma reafirmação de sua história anterior escocesa (é o mote do clã MacGregor), é claro ao iniciado nos Mistérios Avançados. A Raça Real é o pequeno número de verdadeiros buscadores dedicados à evolução espiritual da humanidade. A Raça Real é essa augusta linhagem de Mestres iniciados que mantiveram os Mistérios vivos através de toda a antiguidade.

Também declarou sua sucessão ao título Jacobita de Conde de Glen Strae, o qual alegou haver sido outorgado a um ancestral seu pelo Rei James II. Mathers foi conhecido popularmente no distrito de Auteuil como "o inglês louco".

Em Paris, inicialmente, Mathers e Mina viveram numa pobreza extrema. Sua principal fonte de renda era Annie Horniman, que vivia em Londres, sendo amiga de Moina e membro da Ordem. Foi dois anos após sua mudança para Paris que Mathers estabeleceu um Templo operativo nesta cidade. O Templo foi chamado Ahathor, e se encontra ativo atualmente. Devido a seus meios limitados, Mathers perdeu em Paris muita de sua sua reputação como estudante de boa fé e mestre, e caiu em práticas questionáveis que não foram vistas com bons olhos por alguns alunos antigos.

Mathers também foi vítima da fraude de Madame Horos e seu esposo, dois aventureiros que pouco tempo depois foram processados e convictos em Londres por ofensas abomináveis. Assistido por sua esposa Moina, Mathers obteve em Paris uma noteriedade passageira com a intenção de reviver a adoração da deusa egípcia Ísis.

Mathers fez freqüentes viagens a Londres para lidar com assuntos da Ordem. Uma de suas mais dolorosas tarefas fois a suspensão de Annie Horniman em 1896.

Horniman era uma das mulheres mais ricas da Inglaterra. Ela era benfeitora de Mathers, o que lhe permitiu desse modo continuar seu trabalho e investigar para a Ordem. Sem dúvida, não considerando suas necessidades pessoais e consciente de que expulsá-la da Ordem lhe causaria difíceis problemas econômicos, procedeu sem hesitação. Foi demitida da Ordem por intrometimento e geração de desordem em assuntos da organização; um problema comum que deveria ser enfrentado por qualquer bom Chefe de uma Ordem. A mudança de século trouxe tempos duros e difíceis para Mathers. Uma cisão na Segunda Ordem do Ísis-Urânia começou. Há vários motivos dados para a cisão, mas nenhuma razão é válida. Uma das acusações lançadas e freqüentemente citada por aqueles que favoreceram a revolta era que Mathers era um líder autocrático. Nada podia estar mais longe da verdade. Um líder autocrático não outorga a outros uma posição alta ou posto como Mathers fez.

Um líder autocrático quer ter decisão direta sobre tudo. Mathers, ao contrário, mudou-se para Paris e deu orientações a seus Adeptos em Londres, mas lhes outorgou o poder de liderança. Foi apenas após constantes abusos de poder e uma falta geral de respeito pela Tradição, à Ordem e ao Chefe dela, que Mathers escreveu seu famoso manifesto.

Em qualquer caso, os animais agora estavam soltos no zoológico, e em gratidão aos 15 anos de dedicação a sua aprendizagem (virtualmente todos os ensinamentos da Ordem surgiram de Mathers), se separaram e começaram sua própria corrente e Ordem.

Em 1903, Aleister Crowley, que então acreditava ser o -Menino Dourado-, por assim dizer, e o novo Chefe da Ordem, se separou de Mathers. Seria nos depois, em 1910, que Crowley ofenderia a seu antigo Mestre em vários volumes de uma publicação bienal chamada -The Equinox-. Nesta publicação, Crowley tornou públicos uma grande quantidade de documentos de instrução ritualística que havia recebido sob o juramento de segredo, e este procedimento o levou a ações legais que nunca terminaram satisfatoriamente.

Nessa época, Mathers regressou a Londres e permaneceu ali por dois anos. Não se sabe se Moina esteve com ele nesse período. A razão primeira de seu retorno a Londres era investigação. Sem dúvida, ainda tinha alguns Adeptos leais em Londres. Em 1912, Mathers retorna a Paris. Investigaria e logo brindaria o público com uma tradução aceitável do -Grimório de Armadel-. Mathers também era responsável pela -Chave Maior de Salomão-, quiçá o documento mais importante da Magia Cerimonial.

A Primeira Guerra Mundial chegou e Mathers viveu o suficiente para ver a vitória dos aliados no outono de 1918. Desde então, as coisas se voltaram obscuras. Nos ensinam que Mathers morreu em seu apartamento na Rue Rivera em 20 de novembro de 1918. Depois, Dion Fortune nos diz que Moina lhe informou que ele havia falecido de uma epidemia de gripe nesse ano, mas não se encontrou nenhuma Certidão de Óbito de Mathers, nem sua tumba.

Ainda que Moina possuísse uma Certidão de Óbito, não há registros cartorários.
Mathers foi um ser humano especial que aportou um sentido de dedicação e trabalho intenso aos Mistérios. Acreditava no potencial humano e na possibilidade de o ser humano passar mais além e eventualmente -tornar-se mais que humano.


Fonte: (http://www.ordoaa.com.br)