quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

EUCLYDES LACERDA DE ALMEIDA

"Pelas próprias palavras:"

" Meu nascimento, muito embora tenha ocorrido por aqui mesmo, e pelo processo biológico normal a todo verdadeiro homem, perde-se no turbilhão dos tempos"
Meu Verdadeiro Nome, pag. 18


“Três fatores nos empurram em direção ao Conhecimento:
Dor, Alegria e o Amor ”.
Euclydes Lacerda de Almeida


Vi a luz do mundo na Cidade do Rio de Janeiro, aos dezoito dias do mês de junho de l936 e.v., tendo o Sol em 28° Gemini e a Lua em Câncer.

Minha mãe veio a falecer “pela vontade de Deus” treze dias após meu nascimento, vítima de fulminante infecção hospitalar. Meu pai ainda jovem e sem recursos necessários para arcar com a responsabilidade de minha criação, entregou-me aos cuidados de um casal de abastada família carioca. Estes pais adotivos me criaram e educaram dentro dos melhores padrões existentes na época.

Eu nascera tão franzino que, segundo os médicos, pouca, ou nenhuma chance teria em sobreviver com a falta do leite materno.

Maria ,uma mulata jovem, foi contratada para suprir esta falta. E graças a ela consegui contestar o diagnóstico fúnebre dos médicos, suplantando este primeiro obstáculo que se erguera no alvorecer de minha existência terrena.

A jovem mestiça representou, sob vários aspectos, a mais importante influência que sofri nos primeiros anos de minha vida e, talvez de bons(bens?) futuros “carinhos”. Graças a energia de Maria eu conseguira viver, como fora também graças a sua interferência áurica que as minhas tendências mágico-místicas vieram à tona de maneira natural e rápida.

Maria permaneceu por longo tempo à nosso serviço como copeira e minha babá.

Eu não havia ainda completado onze anos de idade quando, através dela, vivi a mais importante experiência mágica naquela época. Experiência que jamais poderia esquecer, tal a Energia liberada, e que foi, sob muitos aspectos, a minha primeira Iniciação.
Aconteceu no verão de 1947 e.v.

Já me encontrava deitado, meus pais permaneciam no andar térreo da casa onde morávamos, escutando rádio, coisa que naquele tempo era muito comum, tal qual é hoje em relação à televisão.

Com a porta e janelas do quarto abertas em virtude do abrasante calor, eu podia apreciar o lindo céu, onde o crescente lunar flutuava como um barco num oceano de estrelas.

Entre dormindo e acordado, percebi um vulto entrando no quarto. Era Maria, que dirigia-se a mim numa estranha linguagem, mas bastante sonora. Aproximando-se vagarosamente, como se flutuando, parou a minha frente, bem perto dos pés da cama. Estava completamente nua. Seu corpo exuberante brilhava, à luz do luar, molhado pelo suor que, escorrendo em gotas até seu púbis, cintilava como diamantes sobre o veludo negro. Eu, ainda criança, permaneci estático, maravilhado e fascinado ante aquela visão inaudita de uma mulher despida, e que mulher...O corpo dela tornava-se mais visível a medida que meus olhos se adaptavam a semi-escuridão do quarto. Tênue claridade carmim a circundava, acentuando os seus contornos femininos.

Quase sussurrando, ela iniciou um canto cadenciado enquanto movia o corpo em ondulações sensuais. Cantava, dançava e girava em volta de um imaginário ponto no centro do quarto que era bem espaçoso. Algo pulsava dentro de mim, e crescia, crescia...

Subitamente ela dirigiu-se as palmas abertas das mãos em minhas direção.

Ilusão, ou não, vi filetes de irradiante luz emanarem dali. Meu corpo inteiro “vibrou” em espasmos de prazer com a energia recebida. Eu não era mais eu, porém um diminuto ponto adimensional.

Surpreendentemente, não fui assaltado por qualquer sentimento de medo. Pelo contrário, Eu era pura alegria, pura energia e prazer. A minha frente ( se é que era frente ) desfilavam cenas de cristalina beleza e magia. Em que Maria num momento era uma coruscante serpente de ouro, para no seguinte tornar-se um corpo brilhante como se tecido em luz estelar. Agora, eu era aquelas estrelas. Estava nelas e elas em mim. E assim, cenas indescritíveis sucediam-se.

Em dado momento, Maria parou o canto e a dança, ficando qual uma estátua de luz irradiante, uma flama ardente, faiscante de beleza indescritível, dentro de um cristal. O púbis daquela deusa irradiava como um diamante negro atingido por luz violeta, e os verdes olhos dela brilhavam como gêmeos sóis de esmeralda. Seguiu-se um interlúdio de felicidade e prazer extremos. Minha sensação era de estar mergulhando num negrume luminoso do espaço infinito. Meu pênis pulsava quente. e eu era aquele pulsar levando-me a total inconsciência de mim mesmo. 

Ela veio em minha direção. Não andava, simplesmente vinha...

Fazendo-me sentar na cama, lentamente, mas tão lentamente que mal podia sentir, desnudou-se por completo. Em seguida, colocando o travesseiro por baixo de minhas nádegas - de modo que fiquei levemente inclinado para traz - cruzou-me as pernas na postura do Lotus. Suave e delicadamente sentou-se, por sua vez, sobre meu membro ereto, cruzando as longas pernas às minhas costas, de modo que estávamos, agora, os dois, na posição característica de amor entra SHIVA E SHAKTI.

O calor do corpo de Maria ( que não mais era Maria ) envolveu-me calidamente, e o morno odor de sua sensualidade, misturado ao de seu suor, recendia em todo aposento. Minha respiração - se era que eu respirava - era superficial, longa e quase imperceptível. Ela puxou os meus quadris para a frente, introduzindo meu pênis em sua vagina quente e úmida; depois balbuciou um Nome e permaneceu imóvel. Somente havia um movimento de contração em sua vulva em torno de meu membro.

No momento supremo foi como se um Sol explodisse dentro de Mim. As paredes, o teto, o chão, tudo mais sumiu naquele clarão...Apenas uma luz claríssima, mas não ofuscante, existia. E naquela luz o melodioso som de uma flauta. E tudo estava naquele som.

Três dias após aquela noite, Maria foi-se embora. Nunca mais a vi fisicamente...

II


Meus pais adotivos, embora originários de família tradicionalmente católica romana, depois de certos acontecimentos, passaram a dedicar-se ao Culto Umbandista .

Assim, desde muito cedo vi-me em contato com Energias oriundas de outros planos de manifestação o que, obviamente, contribuiu diretamente em minha natural tendência para a magia, e ao mesmo tempo manteve-me afastado das influências malsãs do romanismo, do cristianismo “histórico”, mas não do “Cristianismo em sua forma eterna.

Atingindo a adolescência fui atraído de maneira acentuada para a mais proeminente Entidade feminina do Panteão Umbandista: YEMANJÁ, o ORIXÁ fêmea das Águas, que no sincretismo Afro-Brasileiro identifica-se com a Virgem, e no Antigo Egito com ÍSIS, a Mãe Terrestre, que por sua vez se identifica ( em outro plano ) com NUIT, a Mãe Celeste como Ela Mesma se declara em Liber AL: “I am the Infinite Space, & the Infinite Stars thereof”. A frase é um anagrama de Ísis. Ora, esta imagem me foi dada a ver por duas vezes em minha infância ( como a Grande Mãe e como a Grande Prostituta ) incarnadas em Maria, a exuberante mulher de seios fartos que me amamentara, e aquela outra de púbis aveludado que copulara comigo “ritualisticamente”.

Esta “adoração” por YEMANJÁ, chocante como possa parecer, desenvolveu em mim características mágico-eróticas. E por enumeras vezes, profundamente energizado a ponto da exaltação, eu, quando ia para a cama com uma mulher, ela imediatamente se transformava ( em minha imaginação ) Naquela Deusa .

Em 1937, com um ano de idade, padeci de pneumonia. Isto aconteceu em São Lourenço, Estância Hidromineral localizada ao Sul do Estado de Minas Gerais, onde normalmente meus pais iam passar as férias. A doença deixou-me em coma durante 4 dias. No quinto dia pronunciei minha primeira palavra: MA. E me recuperei prontamente .

Nesta cidade, dois outros fatos ocorreram ( quinze, e vinte e cinco anos depois ). Primeiro: tive , por assim dizer, minha primeira experiência de paixão. Ela era cinco anos mais velha que eu, que contava quinze anos. Sua experiência, sexualmente falando, foi de grande proveito para mim. Ficamos juntos quase três anos seguidos, e DELA guardo uma lembrança muito carinhosa. Segundo: passei ali minha lua-de-mel .

III


Aos treze anos de idade ingressei no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Ali adquiri disciplina, respeito à hierarquia, e um grande amor por meus pais; coisas que muito me ajudaram na vida profana e, posteriormente, na iniciática.

Também ali estabeleci ligações de amizade com dois professores que, nos anos futuros, tornar-se-iam conhecidos expoentes no campo do misticismo e da yoga. Juntamente com eles e outros colegas fundamos um Núcleo Espírita dentro do Colégio. Este Núcleo, se não me engano, ainda funciona até hoje. Sob a orientação de um e do outro aprofundei-me no estudo do Ocultismo nos raros, e não muito bons, livros que na época tinha ao alcance . Incentivado pelo professor H., liguei-me a então conhecida S.T.B.. Nesta organização teosófica, e por sorte minha, tive como instrutor o Sr. D., profundo estudioso e conhecedor das obras de Blavatsky. Por coincidência, a cidade de São Lourenço era, e ainda é, a Meca dos teosofistas ligados à Sociedade fundada por J.H.S.; e, em diversas viagens para aquele centro teosófico, recebi instruções individuais do Sr. D. no próprio interior do Templo MAITREYA ( Templo Mágno da S.T.B. ) .
Lembro-me que várias vezes, meu instrutor e eu, ficávamos conversando sentados na escadaria que dá acesso ao Templo, observando o pôr do sol. Naqueles momentos eu me sentia como que em outro mundo, e em minha imaginação voava longe.

Entretanto, todo conhecimento até então adquirido ainda não me preenchia plenamente e, desligando-me destes laços iniciais, dediquei-me, aproximadamente por dois anos, à Hata-Yoga, sob a sábia orientação do professor H.

Também não satisfeito com os resultados obtidos , enveredei por outros “caminhos”ocultistas não ortodoxos, seguindo somente os impulsos do coração. Tal atitude provocou grande preocupação entre meus familiares, temerosos que eu não resistisse a pressão e viesse descambar para a demencia. Enfrentando os conflitos e as discussões estéreis que a nada levavam, filiei-me à várias organizações ocultistas. Em uma delas, dissolvia pouco tempo depois, vi-me atraido pelas iniciais A..A. ( o nome desta organização era Agla Avid, sendo chefiada por uma deslumbrante mulher cujomoto mágico era IARADASÃ. Ao que parece, ela era uma magista de grande capacidade e de um “glamour”irresistível. Porém, esta Ordem pouco durou, seus dirigentes devem ter pago muito caro pela ousadia de especular com as sagradas iniciais da Grande Ordem ). Em nenhuma dessas organizações encontrei o que procurava. Mas o que eu procurava? Nem mesmo eu o sabia na época .

Andava, certa ocasião, às voltas com Kardec e Blavatsky ( que mistura! ) quando pela primeira vez li o nome ADONAI. Sem qualquer aparente razão (assim pensava na época) o Nome causou-me estranha comoção. Durante aquela noite custei a dormir, só o conseguindo já de madrugada. Sonhei estar subindo uma colina perdida algures. No topo da elevação sobressaía pequena choupana, sendo a única construção existente naquela paisagem até onde minha vista alcançava. Paz e Tranquilidade moravam ali. Uma perfumada aragem soprava e com ela vinha uma melodia que me treazia recordações. Não dá para explicar de como ouvia a melodia, apenas a “sentia”vibrando em todas as partes do meu ser. Não a ouvia no sentido que normalmente damos ao termo. À porta da choupana um ancião olhava-me complascente. Não pronunciou uma palavra sequer; somente apontava para o interior da singular construção. Entrei. No interior desta havia uma mulher morena, vestia um tipo de robe lilás, transparente, deixando transparecer exuberante sensualidade em seu corpo esguio. No centro do pequeno aposento uma mesa rústica coberta por uma toalha branca sobressaia. Sobre a mesa um volumoso livro fechado em cuja capa, parecendo couro, estavam gravados em ouro 4 caracteres hebraicos . No entanto, eu os lia perfeitamente. Estava escrito (ADNI=ADONAI).

Na manhã seguinte, o nome ainda ressoava em minha mente, e assim passei o dia inteiro. À noite, indo a casa de um amigo que, ao que parecia sabia muito mais do assunto do que eu (embora nunca tivera, em qualquer ocasião comentado a respeito comigo), contei-lhe num desabafo meu estranho sonho. Sem nada dizer, ele apenas sorriu. Levantando-se, saiu da sala. Ao retornar trazia num volume e me o entregou. Ali estava, fisicamente palpavel, o livro visto em sonho. Profundamente exitado, li-o naquela mesma noite, ficando fortemente impressionado com o romance escrito por JORGE ADOUN ( Mago Jefa ). O autor exibia profundos conhecimentos no Caminho Iniciático, usando um Sistema do qual jamais ouvira antes, apontando para certos aspéctos do uso do sexo na Consecução espiritual . A principal personagem feminina da narrativa ASTAROUTH - a Shakati de Adonis, o Adepto do livro, trazia-me à mente a imagem de Yemanjá, de Maria, de minha primeira amante, de Ísis, etc..

A repercussão do livro fora tão violenta em minha mente e coração que, após sua leitura, fiquei como alucinado. Abandonei tudo que até então julgara ser o Caminho. Tudo o que eu “sabia”revelou ser apenas castelos de areia se dissolvendo sob o impácto das ondas do Verdadeiro Conhecimento.

Eu ouvira o “Chamado”. Mas não sabia como responder-lhe. Não só o romance ADONAI, como sua continuação. O “BATISMO DO FOGO”me exitara profundamente, reavivando aquele Fogo Consumidor que eu tentara apagar ao seguir sistemes já superados.

Tomado por profundo sentimento de solidão, de saudades, de desconforto espiritual, de lembranças que ainda se encontravam no limiar de minha memória , fiquei no “ar”, sem saber o que fazer. Onde e como procurar aquele mestre, ou aquela Ordem descrita no livro . Não mais raciocinando, a inquietação interior aumentava. A pressão chegou ao máximo. Alguma coisa, eu sentia, iria ceder e, por várias vezes, pensei em auto extermínio. A vida não valia nada divorciada do meu “ideal”. Certo dia em total desespero tomei um sério juramento: “Ei de conseguir o que quero, nem que para isto seja necessário morrer”. O tempo passou. Em 1959, terminando o curso científico ( Escola Preparatória de Cadetes do AR ), renunciei à carreira militar e comecei a me preparar para o vestibular de engenharia, não conseguindo passar no vestibular. Desiludido procurei a Embaixada de França para ingressar na Legião estrangeira. Nada consegui. Resolvi, então, a contra-gosto de meus pais, trbalhar. Neste meio tempo, conheci a mulher com quem me casei.
A despeito de todo o meu ardente anseio de encontrar “meu Mestre”nada de parecido ocorreu até o verão de 1962.

Ao casar-me em 1961, renunciei a todas minhas esperanças de, ainda nessa vida, tornar-me um iniciado, e comeceia me dedicar à pintura. Porém, por mais que me esforçasse para esquecer do passado, meus quadros eram vivas contestações a esta renuncia.

Em 1964, aquela com quem me casei, e tem sido até hoje muito paciente com minhas traquinices, surgiu como veículo de meu encontro com aquele meu anseio .

Certo dia, ela solicitou-me que comprasse um livro- - - um desses romances comuns. Ao procurá-lo na livraria de nosso bairro (Tijuca), encontrei, perdido perdido entre os livros mque nada tinham a ver com o ocultismo, um curioso livreto intitulado “CHAMANDO OS FILHOS DO SOL”. Intrigado com o título, folheei-o. Na ante capa final havia um nome - THELEMA -. Uma palavra que eu já houvera lido ou ouvido antes em algum lugar, mas que não ,me lembrava onde e quando .

Comprei o livro e, naquela mesma tarde o li de um só fôlego. O conteúdo do mesmo excitou-me enormemente. Indicava, ao que parecia, a existência de um corpo de Iniciados, entre homens e mulheres, unidos em Espírito e Verdade sob a égide de uma Ordem Superior denominada A.•.A.•. ( iniciais que, tinha absoluta certeza, já ouvira antes ) , trabalhando seriamente no terreno da magia e do misticismo em prol da evolução espiritual e material da humanidade. A esta Ordem Superior, várias outras se ligavam, trabalhando no mesmo sentido e promulgando a Lei de THELEMA.

O que mais me atraíra na narrativa era o modo de como o assunto estava colocado. O autor, ou autores, (não havia nenhum nome desta, apenas uma inicial M.) declarava abertamente que todos os sistemas, até então usados, estavam mortos, ultrapassados, e que um Novo Sistema (Thelema) fora oferecido ao mundo. Uma NOVA ERA já despontara para o mundo. As declarações do livro causaram-me grande impressão. Parecia-me, por assim dizer, ester familiarizado com tudo aquilo; que já o sabia de uma forma ou de outra, abrindo-me as Portas de minha memória , paralelamente a isto, uma parte de mim repudiava o livro. Era incrível, um verdadeiro paradoxo.

Abordando vários assuntos, ele ia fundo no âmago das coisas. Referindo-se ao sexo - que eu tentara inutilmente reprimir - o autor contradizia tudo que, com excessão de Jorge Adoum, dizia sobre o assunto: “Sede mais abençoado quanto mais fordes potentes, quanto mais anciares pela beleza e refrigério da mulher”. Aquilo parecia loucura. Todos nós “ocultistas”não sabemos que o sexo é uma das grandes barreiras no Caminho? Não é dito em todas as partes que a castidade é a base de tudo? Que loucura. E mais adiante: “Nossa fraternidade é a Fraternidade dos Filhos da Luz. Anossa Habitação é o Lago de Fogo Eterno, o SOL”. Era demais para mim.Caí doente. Durante quase uma semana a febre corroeu-me internemente. Uma decisão. Entre as Ordens enumeradas no Livro, uma delas me chamou mais a atenção: a ordo templi orientis . Escrevi para o endereço contido no livro, solicitando mais informações a respeito. E, assim, iniciou-se uma relação que duraria treze anos. Eu havia encontrado meu primeiro instrutor nas Artes Mágicas e Místicas. Meu juramento havia sido aceito.
“ O Mestre ” aparecera para reclamar seus direitos...

IV


Fui convocado e colocado na Balança.
Em 1963, por indicação de um amigo, iniciei-me na Macónaria Osiriana. O Ritual de Inciaiação decepcionou-me profundamente., pois desenvolveu-se no plano físico. Não me oferecera nenhuma visão interna. Sai da cerimônia tão profano quando antes .

Alcançando a plenitude macônica em 1966 , e já com certa bagagem de conhecimento verdadeiramente iniciático, escrevi uma carta aberta a todas as lojas listadas como pertencentes a maior Potência Maçônica do Brasil. Nesta, relatava a todos os Irmãos a séria situação em que a Ordem Maçônica se encontrava no Brasil .

Compreedendo, embora tardiamente, a falta de visão iniciática da grande maioria dos mações, e recebendo enérgicas instruções de meu instrutor na ordo templi orientis para não mais interferir ( seria pura perda de tempo ), retirei-me definitivamente daquela Ordem osiriana, mas não da Real Maçonaria, dedicando-me inteiramente ap meu processo na ordo templi orientis . Mais um elo fora desfeito com o passado. Mas haviam muitos outros ainda...

A primeira fase de minha iniciação terminara . Durante o longo período que agora parece tão curto, estive constantemente sob ordálias, as mais severas, spbre as quais me é bastante difícil descrever . O doloroso processo de se desligar dos velhos caminhos e condicionamentos do homem lunar, de sofrer o caos  que se estabelece entre duas posições , e de se lançar no desconhecido, estava finalmente terminado naquela fase. Até onde podia perceber , eu vencera o período de "probação". Começara a engendrar a "criança" em mim mesmo. de como Ela cresceria, ou mesmo se cresceria, dependia única e exclusivamente de meus próprios esforços.

A fase culminou com o vislumbre da "terrivelmente magnífica", e magnificamente terrível, visão parcial do que o homem é, e suas relações com o universo . Percebera também a futilidade das ambições de poderes mágicos, e das ambições humanas em todas as relações sociais e segmentos da vida; a total impermanência das coisas do mundo explodiu em minha face.


Fonte: (www.ordoaa.com.br)