sexta-feira, 10 de abril de 2015

A FLOR DO WARATAH


E eu creio em uma Terra, a mãe de todos nós, e em um Ventre no qual todos os Homens são gerados e onde deverão descansar, Mistério do Mistério, em Seu nome BABALON. (Liber XV)

BABALON, Mãe das Abominações, como a Grande Mãe, representa a Matéria, uma palavra que deriva do termo em Latim para Mãe. Ela é a mãe física de todos nós, aquela que nos proveu de nossa carne material para vestir nossos espíritos desnudos; Ela é a Mãe Arquetípica, a Grande Yoni, o Útero de tudo o que vive através do circular do Sangue; Ela é o Grande Mar, o Sangue Divino em si que reveste o mundo e circula em nossas veias; e Ela é a Mãe Terra, o Útero de Toda Vida que conhecemos.

Ela guarda o Abismo. E é sua uma perfeita pureza daquilo que está acima, ainda que seja enviada como a Redenção àqueles que estão abaixo dela. Pois que não há outra senda para o mistério Superno que não por ela e pela Besta na qual ela cavalga.

Deixa-o olhar para a taça onde está misturado o sangue, pois o vinho da taça é o sangue dos santos. Glória à Mulher Escarlate, Babalon, Mãe das Abominações, que cavalga a Besta, pois ela derramou seu sangue em todos os cantos da terra e eis! Porém ela o misturou na taça de sua prostituição.

Este é o Mistério de Babalon, a Mãe das Abominações, e é este o mistério de seus adultérios, pois ela rendeu-se a tudo o que vive e a tudo fez participante de seu mistério. E por ter-se feito serva de todos, de tudo tornou-se senhora. Tu ainda não podes compreender sua glória. Tu és bela, Oh Babalon, e desejável, porque te deste a tudo o que vive, e tua fraqueza conquistou a força deles. Através desta união tu entenderás. Portanto és chamada de Entendimento, Oh Babalon, Senhora da Noite!

Sete são os véus da dançarina do harém d‟ELE.
Sete são os nomes, e sete são as lâmpadas ao lado da cama Dela.
Sete eunucos A guardam com espadas desembainhadas; Nenhum Homem aproxima-se Dela.
Em seu copo de vinho estão as sete torrentes de sangue dos Sete Espíritos de Deus.
Sete são as cabeças d‟A BESTA na qual Ela Cavalga.
A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo; a cabeça de um Poeta: a cabeça de Uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem Valoroso; a cabeça de um Sátiro; e a cabeça de um Leão-Serpente.
Sete letras tem Seu mais sagrado nome, que é:

 


Este é o Selo sobre o Anel que está no Indicador d‟ELE: e este é o Selo sobre as Tumbas daqueles a quem Ela assassinou.
.Aqui está sabedoria. Que aquele que tem Compreensão conte o Número de Nossa Senhora; pois que ele é o Número de uma Mulher; e Seu Número é:

Cento e Cinquenta e Seis.

Este foi um nome que ela escolheu enquanto meio ébria, como um plágio da lenda teosófica, mas contendo muitas das nossas letras-números-chaves dos Mistérios; também, o número de pétalas do mais sagrado lótus. Sua soma é 1001, que é também Sete vezes Onze vezes Treze, uma série de fatores que pode ser lida como: o Amor da Mulher Escarlate pela Magia produz Unidade, em hebraico. Pois 7 é o número de Vênus, e o Nome secreto de sete letras de minha concubina BABALON é escrito com Sete Setes, assim:

77 + (7 +7)/7 + 77 = 156, o número de BABALON.

Este número equivale a Zion, a Montanha Sagrada e a Cidade das Pirâmides. Observando-se o sistema Enoquiano de John Dee, veremos que cada tabela de anjos, contém 156 pirâmides.

BABALON é uma ortografica variante de BABYLON é encontrado pela primeira vez nas obras Enochianas de John Dee e Edward Kelly como BABALOND, traduzido como "prostituta". Babylon era uma das maiores cidades da Mesopotâmia, parte da cultura suméria. Coincidentemente, a deusa suméria Ishtar traz incontestes semelhanças com a Babalon de Crowley. Babylon é também (como Babilônia), uma cidade várias vezes citada no Apocalipse de João, usualmente representada de forma metafórica como uma cidade uma vez paradisíaca que caiu em ruínas, um aviso contra os perigos da decadência.

Babalon e da Babylon (Babilônia) são ambas palavras de sete letras e seus valores em hebraico pode ser escrito com sete setes:


77
77 + (-) + 77 = 165 = BABYLON
7

ou

[77 + (77) / 7 + 77 = 165]

7 + 7
77 + (-) + 77 = 156 = BABALON
7

ou

[77 + (7+7) / 7 + 77 = 156]





COMENTÁRIOS (ΜΘ)

49 é o quadrado de 7.
7 é um número passivo e feminino. O capítulo pode ser lido em conexão com o capítulo 31, pois ELE (N. Trad.: IT, no original em inglês) reaparece. O título, o Waratah, é uma voluptuosa flor de cor escarlate, comum na Austrália, o que conecta este capítulo com os de número 28 e 29; no entanto, isso é apenas uma alusão, pois o assunto do capítulo é NOSSA SENHORA BABALON, a qual é concebida como a contraparte feminina d’ELE. Isso não confirma muito a teogonia comum ou ortodoxa do capítulo 11; mas deve ser explicado pela natureza ditirâmbica deste capítulo. No parágrafo 3, NENHUM HOMEM é, claramente, NEMO, o Mestre do Templo. “Liber 418” explicará a maioria das alusões neste capítulo. Nos parágrafos 5 e 6, o autor identifica-se claramente com a BESTA referida no livro, no Apocalipse e em LIBER LEGIS. No parágrafo 6, a palavra “anjo” talvez se refira à sua missão, e a palavra “leão-serpente” ao sigilo de seu decano ascendente. (Teth = Cobra = espermatozóide e Leo no Zodíaco, o qual tem, como Teth, forma de serpente. θ escrevia-se originalmente ☉ = Lingam-Yoni e Sol.) O parágrafo 7 explica a dificuldade teológica referida acima. Há apenas um único símbolo, mas este símbolo tem muitos nomes: destes nomes BABALON é o mais sagrado. Este é nome ao qual se refere em “Liber Legis” 1, 22. Repare que a figura de BABALON, ou seu sigilo, é um selo sobre um anel, e este anel está no dedo d’ELE. Isto identifica ainda mais o símbolo consigo próprio. Compare com o capítulo 3. Diz-se também ser este o selo sobre as tumbas daqueles que foram por ela assassinados, que são os Mestres do Templo. Conectando com o número 49, ver “Liber 418”, 22o Aethyr; bem como as fontes usuais.


LIBER AL VEL LEGIS

15. Agora vós sabereis que o sacerdote e apóstolo escolhido do espaço infinito é o príncipe-sacerdote a Besta; e na sua mulher chamada a Mulher Escarlate todo o poder é concedido. Eles deverão reunir minhas crianças em sua congregação: eles deverão trazer a glória das estrelas para os corações dos homens.

A Missão de 666 e sua mulher. Sua Natureza & Função. Ela é a Mulher Escarlate, Η ΚΟΚΚΙΝΑ ΓΥΝΗ, 667, assim como ele é ΤΟ ΜΕΓΑ ΘΗΡΙΟΝ, A Grande Besta Selvagem 666. Eu, A Besta 666, sou chamado para mostrar esta adoração e enviá-la para o mundo; por minha Mulher chamada de Mulher Escarlate, que é qualquer mulher que receba e transmita a minha Palavra e meu Ser Solar, esta é a Minha Obra realizada; pois sem a Mulher o homem não tem qualquer poder. Por Nós que todos os homens aprendam que tudo o que pode ser é o seu Caminho de Prazer para que prossigam; e que todas as almas são da Alma de Luz Verdadeira.

52. Existe um véu: esse véu é negro. É o véu da mulher modesta; é o véu de tristeza e a mortalha da morte: isto não é de mim. Rasgai aquele falso espectro dos séculos: não veleis os vossos vícios em palavras virtuosas: esses vícios são meu serviço; faze-os bem, e Eu vos recompensarei agora e no futuro.


Da luz vamos agora para a ausência de luz. Ainda assim isto não é real. Isto é um véu. Este véu não está na ordem da natureza. Ele foi feito de vergonha e medo, tentando trancar tudo o que é verdadeiro e real da alma. Resistir à mudança e desafiar a natureza, esta é a chave da Magia do mal da Fraternidade Negra, cujo ídolo é a mulher modesta. Seu véu é de tristeza e morte. Nós de Thelema adoramos Nuit: “tudo o que pode ser” adorado por “tudo o que é.” Suas formas são inumeráveis; e em cada uma ela se entrega livremente para todas e cada alma que A deseje. Então a Sua sacerdotisa na terra é a Mulher Escarlate, a Meretriz da Besta que concede tudo o que ela pode a todos que desejam. Cada um dos seus atos invoca mudança que é vida. Por outro lado, a “mulher modesta” se oculta e se nega. Ela está com medo e envergonhada de si mesma – com medo e envergonhada de todos os homens. Ela sonha que algo pode acontecer a ela, e assim permanece rígida e inflexível em morte mesmo no auge da sua juventude. Este verso do Livro da Lei é o desafio final ao passado. O Anjo golpeia sua lança de ponta afiada sobre o temeroso escudo do covarde e escravo que espreita por trás da mascara de um Mestre, de um fantasma, um espantalho, erguido por ele para espantar os cancioneiros alados da liberdade dos campos férteis que são seus por direito. Até este verso, talvez pudesse ter estado em poder de algum sofista sutil a explicação dos versos deste livro. Aqui Aiwass não deixa sombra de dúvida. Ele diz com o máximo de clareza “Rasgai aquele falso espectro dos séculos: não veleis os vossos vícios em palavras virtuosas: esses vícios são meu serviço; faze-os bem, e Eu vos recompensarei agora e no futuro.”.

O Anjo nem ao menos se digna a mostrar que aquilo que as pessoas piedosas chamam de vícios são de fato virtudes: ou seja, símbolos de masculinidade; ou que vícios significam “imperfeições”. Ele usa estas duas palavras no seu sentido vulgar. Desafiar o mundo para um duelo até a morte. Ele não tenta a humanidade meramente para aquilo que os cristãos chamam de mal, ele diz que estes vícios são do sacerdotado de Hadit, meios de invocá-Lo, meios de chegar à verdade, escadarias para galgar até a Divindade. Nós não seremos punidos por fazer o que é errado, como eles o chamam. Tanto aqui como doravante a nossa recompensa é garantida.

Mais ainda. O véu é odioso. Nós não podemos, como a classe dominante dos homens fazem agora, nos divertirmos de todas as formas, e fingir com o máximo de cautela que não fazemos nada disso. Nós devemos ter orgulho do nosso prazer. Nós devemos ser desavergonhados e francos. Já que tudo o que existe, é Deus, o único erro é impedir que Deus seja ele mesmo ou que faça a sua vontade, ou que descubra a sua verdade.


XI ‒ VOLÚPIA

Este trunfo era chamado anteriormente de Força. Mas ele implica em muitíssimo mais do que força no sentido ordinário da palavra. Uma análise técnica mostra que o caminho que corresponde a esta carta não é a força de Geburah, mas a influência proveniente de Chesed sobre Geburah, o caminho equilibrado tanto vertical quanto horizontalmente na Árvore da Vida (ver diagrama). Por esta razão, julgou-se melhor mudar o título tradicional. Volúpia sugere não apenas força, mas inclusive a alegria da força exercida. Trata-se de vigor e do arrebatamento do vigor. “Saí, oh crianças, sob as estrelas, & tomai vossa fartura de amor! Eu estou acima de vós e em vós. Meu êxtase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.” “Beleza e força, gargalhada e langor delicioso, força e fogo são de nós.” “Eu sou a Serpente que dá Conhecimento & Deleite e glória brilhante, e agita o coração dos homens com embriaguez. Para me adorar, tomai vinho e drogas estranhas das quais Eu direi ao meu profeta, & embebedai-vos deles. Eles não vos ferirão em nada. Isto é uma mentira, esta tolice contra o ser. A exposição de inocência é uma mentira. Sê forte, oh homem! deseja, aproveita todas as coisas de sentido e êxtase: não temas que Deus algum te negue por isto.” “Vede, estes são graves mistérios; pois há também amigos meus que são eremitas. Agora, não penseis em encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas bestas de mulheres com extensos membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelos em chamas em volta delas: lá vós os encontrareis. Vós os vereis no governo, em exércitos vitoriosos, em toda a alegria; e neles haverá uma alegria um milhão de vezes maior do que esta. Cuidado, para que um não force ao outro, Rei contra Rei! Amai-vos uns aos outros, com corações ardentes; nos homens baixos, pisai no violento ardor de vosso orgulho, no dia da vossa ira.” “Há uma luz diante de teus olhos, ó profeta, uma luz indesejada, muito desejável. Eu estou erguido em teu coração; e o beijo das estrelas chove forte sobre teu corpo. Tu estás exausto na voluptuosa plenitude da inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e risonha que uma carícia do próprio verme do Inferno!“ Este trunfo é atribuído ao signo do Leão no zodíaco. É o Kerub do fogo e é regido pelo Sol. É a mais poderosa das doze cartas zodiacais e representa a mais crítica de todas as operações mágicas e alquímicas. Representa o ato do casamento original como ocorre na natureza, em oposição à forma mais artificial ilustrada na Atu VI; não há nesta carta nenhuma tentativa de dirigir o curso da operação. O assunto principal da carta se refere a mais antiga coletânea de lendas ou fábulas. Aqui se faz necessário entrar um pouco na doutrina mágica da sucessão dos Æons, a qual está ligada à progressão do zodíaco. Assim, o último Æon, o de Osíris, se refere a Áries e Libra, como o anterior a este, o de Ísis, estava especialmente relacionado aos signos de Peixes e Virgem, enquanto que o presente Æons, o de Hórus, está vinculado a Aquário e Leão. O mistério central nesse Æon passado foi o da encarnação; todas as lendas de homens-deuses se fundaram em alguma história simbólica desse tipo. O essencial em todas essas histórias consistia em negar a paternidade humana do herói ou homem-deus. Na maioria dos casos, afirma-se ser o pai um deus sob alguma forma animal, o animal sendo escolhido conforme as qualidades que os criadores do culto desejavam ver reproduzidas na criança. Assim, Rômulo e Remo foram gêmeos gerados numa virgem pelo deus Marte e foram amamentados por uma loba. Toda a fórmula mágica da cidade de Roma foi fundada sobre isso. Neste ensaio já foram feitas referências às lendas de Hermes e Dionísio. Dizia-se que o pai de Gautama Buda era um elefante de seis presas, o qual apareceu a sua mãe num sonho. Há também a lenda do Espírito Santo sob a forma de uma pomba impregnando a Virgem Maria. Há aqui uma referência à pomba da arca de Noé trazendo boas novas sobre a salvação do mundo das águas (os moradores da arca são o feto, as águas, o fluido amniótico). Fábulas similares devem ser encontradas em toda religião do Æon de Osíris: é a fórmula típica do deus que morre. Nesta carta, portanto, surge a lenda da mulher e o leão, ou melhor, serpente-leão (esta carta é atribuída à letra Teth, que significa serpente). Os videntes dos primeiros tempos do Æon de Osíris previram a manifestação deste Æon vindouro no qual vivemos agora, e eles o encararam com intenso horror e medo, não compreendendo a precessão dos Æons, e considerando toda mudança como catástrofe. Eis a interpretação real e a razão para as invectivas contra a Besta e a Mulher Escarlate nos capítulos XIII, XVII e XVIII do Apocalipse. Mas na Árvore da Vida o caminho de Gimel, a Lua, descendo do mais alto, corta o caminho de Teth, Leão, a casa do Sol, de modo que a mulher na carta pode ser considerada como um forma da Lua, sumamente iluminada pelo Sol, e intimamente unida a ele de tal maneira que produz encarnados sob forma humana o representante ou representantes do Senhor do Æon. Ela monta a Besta de maneira escarranchada; na mão esquerda segura as rédeas, que representam paixão que os une. Na mão direita segura nas alturas a taça, o Cálice Sagrado inflamado de amor e morte. Nesta taça estão misturados os elementos do sacramento do Æon.