terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Vida Cotidiana Viking




Viking é um termo habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas nórdicos (escandinavos) que invadiram, exploraram e colonizaram grandes áreas da Europa e das ilhas do Atlântico Norte a partir do final do século VIII até ao século XI.

Esses vikings usavam seus famosos navios dragão para viajar do extremo oriente, como Constantinopla e o rio Volga, na Rússia, até o extremo ocidente, como a Islândia, Groenlândia e Terra Nova, e até o sul de al-Andalus.Este período de expansão viking - conhecidos como a "era viking" - constitui uma parte importante da história medieval da Escandinávia, Grã-Bretanha, Irlanda e do resto da Europa em geral.


As concepções populares dos vikings geralmente diferem do complexo quadro que emerge da arqueologia e das fontes escritas. A imagem romantizada dos vikings como bons selvagens germânicos começaram a fincar suas raízes no século XVIII e isso evoluiu e tornou-se amplamente propagado durante a revitalização viking do século XIX. A fama dos vikings de brutos e violentos ou intrépidos aventureiros devem muito ao mito viking moderno que tomou forma no início do século XX. As atuais representações populares são tipicamente muito clichês, apresentando os vikings como caricaturas. Eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente. A imagem histórica dos vikings mudou um pouco ao longo dos tempos, e hoje já admite-se que eles tiveram uma enorme contribuição na tecnologia marítima e na construção de cidades.

Fazendas

A vida em uma fazenda durante a “Era Viking” necessitava de muito trabalho duro. A maioria das fazendas vikings produzia culturas e animais suficientes para sustentar todos os que viviam na fazenda, sejam humanos ou animais. A maioria dos vikings eram agricultores, mesmo que parte do tempo realizassem trocas com pescado. As fazendas eram geralmente pequenas, a não ser que o proprietário fosse rico. Enquanto algumas eram isoladas, outras fazendas eram agrupadas em pequenas aldeias agrícolas.

Como os invernos eram graves nas terras escandinavas, o gado era mantido dentro de casa durante o inverno. Isto significava que os agricultores tinham que crescer feno suficiente para manter seu gado vivo durante esse tempo.

Além de feno, os agricultores aumentavam a produção de cevada, centeio e aveia. As mulheres preparavam as hortas, e algumas fazendas tinham pomares de maçã. O plantio e a colheita eram realizados de acordo com as estações do ano. Algumas tarefas eram feitas durante o ano todo: reparação das cercas, limpar a sujeira dos estábulos dos animais, coletar madeira ou esterco para as fogueiras, fabricar ou consertar ferramentas, ordenhar vacas e ovelhas e alimentar galinhas e patos. Todos trabalhavam, desde crianças. Os escravos faziam o trabalho mais difícil, o trabalho mais árduo.

Quando os homens partiam para a pesca ou expedições de pilhagem, as mulheres assumiam o controle das fazendas. Por essa razão, as mulheres ocupavam certa quantidade de poder na sociedade viking. As crianças não iam à escola; meninos aprendiam as tarefas dos homens e meninas aprendiam ajudando suas mães. A maioria dos homens retornavam para as safras de inverno e suas fazendas logo após as expedições.

No verão, bovinos e ovinos eram muitas vezes levados a um lugar mais alto para o pasto melhor. Os porcos eram muitas vezes postos em liberdade para vaguear na natureza até a hora de cercá-los e abatê-los para o inverno. Cavalos eram mantidos mais perto da fazenda já que eram usados ​​para o trabalho agrícola e transporte. Vacas leiteiras, ovinos e caprinos também ficavam mais perto das fazendas já que tinham que ser ordenhados diariamente. Os vikings apreciavam queijos, manteiga, leite e soro de leite e os valorizavam até mais do que a carne.

As fazendas e aldeias vikings não ficavam no mesmo lugar. Tanto as fazendas e vilas mudavam cem metros a cada geração para tirar proveito dos solos frescos. Mas isso mudou com a transição para o cristianismo quando os vikings construíram igrejas de pedra e as aldeias permaneceram no mesmo lugar.


Moradia

As paredes das casas eram feitas de placas de terra apoiadas em estruturas de madeira. Não havia janelas, apenas portas e todas bem pequenas (um indicativo da baixa estatura dos vikings no Século X, como aliás, a maioria das populações humanas da época). Por dentro, o piso era de terra batida com buracos para fogueiras e suportes para caldeirões.

Em cômodos grandes, a família se acomodava sobre tablados em camas e bancos recobertos por peles de carneiros e tecidos de lã. Alguns dormitórios eram separados por paredes internas de tábuas. As áreas de trabalho incluíam tear, cozinha e laticínio (os vikings produziam coalhadas, queijos e manteiga). O banheiro era coletivo, com troncos compridos a guisa de assento sanitário e canaletas de  pedra em declive, com portinhola externa, para a retirada dos dejetos.


Escrita

Apesar de não terem livros, os vikings pagãos não eram iletrados. Usavam uma escrita composta de letras chamadas runas. Hoje está na moda atribuir todo tipo de poderes mágicos aos usuários do alfabeto rúnico.

As runas eram uma escrita alfabética simples que podia ser adaptada para vários usos: comemorativos, jurídicos, práticos. A magia foi mais uma aplicação que os vikings lhe deram.

Na Escandinávia se desenvolveram sinais característicos, muito simplificados. A escrita rúnica consiste mais em linhas retas que em linhas curvas, e geralmente se pensa que se desenvolveu para gravar em madeira, dado que as linhas retas são mais fáceis de gravar puma matéria de grão resistente. Rapidamente se usaram as runas em outros materiais: em osso, metal e pedra. Em certa época, o alfabeto rúnico teve 24 letras, mas no inicio da época viking a quantidade tinha sido reduzida a 16. Aquelas letras não bastavam para representar todos os sons das línguas nórdicas, e o soletrar era muito idiossincrásico. Isso faz com que os textos rúnicos vikings sejam difíceis de interpretar.

Mas não era fácil dominar o nórdico antigo: cada letra tinha mais de um significado ou fonema. Como não havia papel, tinham de esculpir poemas e homenagens em pedra, madeira ou osso. Por isso, deixar registros escritos não era comum, o que dificulta muito a vida de historiadores até hoje. Mas os vikings escreviam seus nomes e pequenos bilhetinhos em muitos objetos. Em escavações recentes, foi encontrado um pedido singelo, escrito em um pequeno pedaço de osso: “beije-me”.

Na Islândia, que a língua falada pelos vikings se mantém sem grandes mudanças, a ponto de os islandeses serem capazes de ler os escritos originais das sagas de deuses, heróis e colonizadores do passado. E também é lá – na terra do fogo e do gelo, localizada entre a Europa e a Groenlândia – que as cinzas vulcânicas preservaram algumas moradias e instalações rurais, fornecendo os melhores retratos da vida cotidiana nos anos 900 a 1100, considerada a época de ouro desse povo nórdico.


Vaidosos até a morte

Eles eram metrossexuais, não tinham sobrenomes e conviviam com a poligamia e o divórcio. Entenda como era a vida dos nórdicos livres

Os nórdicos gostavam de ritos e símbolos. No dia a dia de uma cidade viking, era comum ver homens maquiados, mulheres repletas de joias como se fossem princesas e escutar poemas recitados ao ar livre. Na hora do adeus, rolava muito sexo, álcool e mais mortes.


Fashionistas

Na batalha, eles ficavam suados e sujos, mas, no dia a dia, não dispensavam o pente e a maquiagem. E ninguém andava com unha cheia de terra. A “necessaire” de um viking continha uma profusão de pentes, pinças e palitos de dente. Como não havia garfo, só facas, comia-se com os dedos. Mas, logo após as refeições, havia cubas próprias para lavar as mãos, em um ritual de higiene que terminava com a limpeza das unhas e dos dentes. Os pentes, em si, eram um capítulo à parte. Tinham cabos decorados com ornamentos, e tudo leva a crer que eram artigos valorizados, mas amplamente usados por guerreiros a escravos. A maquiagem também era um hábito unissex. Em um relato, o árabe-espanhol At-Tartushi, que visitou Hedeby, uma das mais importantes cidades vikings, no século 10, escreveu que tanto os homens quanto as mulheres pintavam os olhos de preto. Os sábados eram reservados ao banho semanal. Depois de limpos, era tradição arrumar o cabelo com enormes tranças e vestir a melhor roupa. As franjas eram comuns assim como o undercut, o hábito de raspar a parte debaixo do cabelo, próximo à nuca, tendência hoje no mundo todo. Os homens usavam túnicas até os joelhos, com calças, mantos com pregas em um dos ombros e botas feitas de pele de cabra. As mulheres vestiam uma espécie de vestido de lã de corte reto. A nobreza tinha o hábito de manter, em uma argola, objetos de primeira necessidade: chave, uma pequena faca, uma tesoura e uma agulha.


Joias Gigantes

Vikings eram doidos por broches. Foi encontrada uma profusão deles nos túmulos dos chefes, todos em bronze, prata e ouro. Eram usados para segurar mantos e xales – alguns chegavam a pesar 1 kg. Colares e braceletes também faziam parte do traje cotidiano da classe alta e distinguiam ricos e pobres. Até dava para saber a conta bancária pelas joias. Funcionava assim, segundo um relato árabe feito em 920: a mulher cujo marido tinha 10 mil dirhams (a moeda de prata árabe) usava um colar de ouro maciço; e a cada 10 mil dirhams a mais, ganhava um novo colar, e assim por diante. Algumas mulheres tinham vários deles, com berloques com símbolos pagãos, como o martelo de Thor, um dos símbolos mais usados.


Poesia no ar

Guerreiros recitavam poemas em campos de batalha. Na hora do embate, enquanto alguns tremiam, outros improvisavam versos. Criar estrofes e recitá-las era considerado uma habilidade essencial do homem nórdico e estava presente do café da manhã ao jantar. Qualquer situação era motivo para declamar. O historiador islandês medieval Snorri Sturluson, autor do Edda em Prosa, considerada a maior fonte literária da mitologia nórdica, descreveu na Saga de St. Olaf, datada de 1230, um episódio que ilustra bem esse apreço. Logo antes da batalha de Stiklestad, em 1030, o rei Olaf 2°, da Noruega, pediu ao poeta do reino recitar alguns versos. Foram tão épicos que os sobreviventes agradeceram ao poeta por ter levantado o moral da tropa antes da derrota (o rei foi morto). A poesia eddaica tinha enredos envolventes em estrofes curtas, gravadas em pedras e pedaços de madeira. Os nórdicos tinham um incrível poder de concisão.


Ritos Funerários

Os enterros eram ritos pirotécnicos e sanguinolentos, que mobilizavam toda a comunidade. Por acreditar que os mortos precisavam de um meio de transporte para alcançar o além, eles dispunham os corpos em pequenas embarcações de madeira em chamas, ricamente adornadas com móveis, joias, animais decapitados e frutas. Mas a preparação começava bem antes. Uma das mais famosas descrições de um enterro nórdico foi a do chefe dos rus, da região de Volga, atual Rússia. Após dez dias de preparação, o corpo do chefe do clã foi levado ao interior de um barco, onde havia armas, cadeiras e camas. Cavalos, vacas e cães foram sacrificados, esquartejados e colocados junto ao corpo. Depois, a família perguntou aos escravos e servas (muitas vezes, amantes do patrão) quem desejava se unir ao defunto. Uma serva se prontificou. Teve o corpo lavado por outras escravas e foi levada a um festão, cheio de bebidas e sexo. Ela passou por vários homens antes de ser levada à embarcação, onde foi estrangulada enquanto uma mulher com o rosto tapado, conhecida como anjo da morte, enfiava uma adaga nas suas costelas. Seu corpo foi disposto junto ao do chefe, e um parente do morto ateou fogo no barco. Nos enterros mais simples, era costume jogar terra sobre o cadáver, formando um pequeno monte.


Casamento

Os vikings foram os inventores da cerimônia de casamento como conhecemos hoje, com direito a troca de alianças, véus, grinaldas e lua de mel, costumes que influenciaram os cristãos e ganharam o mundo. Na Era Viking, anéis simbolizavam o compromisso entre guerreiros, reis e casais. As festas de casamento eram regadas a hidromel e ocorriam em época de lua nova. Os homens, algumas vezes, eram polígamos, mas a primeira esposa tinha prevalência sobre as demais e usava uma espécie de chaveiro exclusivo na cintura. As esposas se dividiam nos cuidados com os filhos e enteados sem crises de ciúmes. Elas tinham todo o direito de pedir o divórcio e casar com outro. 

 O casamento nada mais era que uma grande festa que as famílias davam e todo Kindred comparecia, a união era tida como judicialmente legal após os noivos serem visto na festa matrimonial por seis pessoas. O vestido da noiva era feito pelas meninas da tribo, o vestido era bordado com muitos enfeites, a noiva usava uma coroa de flores ou de algum metal precioso, muitas jóias de prata e ouro e anéis de ouro eram muito comuns em casamentos de diversas classes. A festa do matrimônio era feita geralmente na casa dos pais da noiva cabendo ao anfitrião da mesma, preparar com antecedência de seis meses as bebidas  do casamento, entre elas o famoso mjoðr (Hidromel), sendo esse o fator que originou o termo “lua de mel” para o momento pós-celebração. Na cerimônia, eram comuns os rituais utilizando espadas ancestrais, com o noivo recitando sua linhagem e a sabedoria do clã. Entre os karls (fazendeiros), era comum a utilização do mjölnir, o martelo deThor, para prover a fertilidade da noiva e esse um item era muito usado em casamentos e funerais devido ao fato de Thor ser o deus guardião de Midgardr, o que o tornava muito famoso talvez até mais que Odin para os antigos. O dia mais requisitado para a celebração era a sexta-feira, o dia de Frigg a esposa de Óðinn, guardiã do lar, protetora da gravidez, maternidade e dos casamentos. 


*  *  *


"Na enorme sala de uma casa de madeira de seis cômodos, os parentes entoavam canções pedindo a proteção das deusas Frigg e Freya. No quarto, uma mulher de joelhos prestes a dar à luz berrava, amparada por duas escravas. Depois de horas em sofrimento, finalmente a cabeça do bebê surgiu. Suada, mas viva (o que já era uma vitória numa época em que muitas mulheres morriam no parto), a mãe recebeu o filho, que nasceu sem deformações. Os bebês com problemas eram abandonados na floresta – o método também era usado para controle da natalidade até a introdução do cristianismo na região, que condenou a prática. Na sala, a notícia foi recebida com festa. A comemoração se estendeu na mesa, com pães e blinis, pequenas panquecas de massa fermentada consumidas com manteiga, peixe, queijo e frutas.

O bebê ficava nove dias sem nome. Em um ritual íntimo, o pai segurava a criança no colo, respingava água em seu corpo e lhe dava um nome, em geral o de um parente morto admirado. Os nórdicos acreditavam que a personalidade de uma pessoa podia ser transferida a outra dessa forma. O menino recebeu o nome de Úlf (lobo na língua local), o mesmo de seu avô paterno, um guerreiro conhecido na Noruega. Era comum dar nome de animais, ou de dois deles juntos, como Úlfbjörn ou “Lobo-urso”, ou de deuses. Não existiam sobrenomes hereditários. Outro hábito da época consistia em acrescentar ao primeiro nome um aposto, indicando o local de nascimento, uma posse (como armas) ou ainda um atributo pessoal, como Sigrid, a Ambiciosa, casada com o rei Eirikr, o Vitorioso.

Úlf mal deixou o berço e já estava envolvido com a ordenha de cabras na pequena fazenda de seu pai, Ragi, um agricultor que pertencia à classe dos homens livres (que se transformavam em guerreiros durante as invasões de verão). A sociedade viking tinha três classes: a dos chefes, que exerciam domínio sobre determinados povoados; a dos fazendeiros, como Ragi, e a dos escravos, que não tinham direito algum. O pai de Úlf podia andar armado e expressar suas visões na Thing, uma espécie de parlamento que reunia representantes de diversas regiões. Ragi era o representante da sua aldeia na assembleia que ocorria no verão e era dedicada a resolver todo tipo de questões, como brigas por terra entre vizinhos. As decisões da Thing não eram transcritas em ata, mas comunicadas à comunidade inteira. Se o povo acatava, valia como lei.

Ragi era dono da própria terra, herdada do pai. Mas havia também grandes latifundiários que loteavam fazendas e as arrendavam. Um deles, Jarlabanke, que viveu na metade do século 11 na hoje cidade sueca de Uppsala, fez questão de deixar registrado seu poderio. Mandou esculpir pedras distribuídas por toda a extensão de sua propriedade. Seis delas ainda existem. Em uma, está escrito: Jarlabanke ergueu essas pedras em memória de si mesmo em vida. Sozinho ele era dono de Täby inteira. Deus ajude a sua alma. Em outra, menciona outros feitos, como a construção de um local para a realização dos encontros da Thing: Jarlabanke ergueu essas pedras em memória de si mesmo em vida, fez desse o local da Thing e sozinho era dono desse distrito inteiro.

Enquanto isso, crianças como Úlf não tinham muito tempo para a infância. Ajudavam as mães no campo e, nas horas vagas, recebiam lições para se defender de inimigos e de animais selvagens, como ursos."






segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Loki e o construtor do muro

Durante muitos anos, os deuses viveram junto com os mortais até que, um dia, Odin, o maior dos deuses, teve a idéia de construir Asgard, a sua morada celestial. Era preciso que os deuses tivessem um local só para si, resguardado dos ataques dos seus terríveis inimigos, os Gigantes. Nem bem, porém, haviam terminado de construir a cidade, depararam-se todos com um grande problema: é que, na pressa, esqueceram de construir também uma sólida muralha para se proteger de um eventual ataque de seus pérfidos inimigos. Odin e Loki estavam conversando sobre o assunto, tendo ao lado outros deuses, como Tyr e Heimdall, quando, de repente, viram passar perto um
cavaleiro.

- Uma bela construção a que fizeram...! - disse ele, admirando a arquitetura da divina cidade. - Mas, onde está o muro que deveria protegê-lo?

Os deuses, constrangidos, foram obrigados a confessar que haviam esquecido desta parte.

- Ora, mas isto não é problema! - disse o forasteiro. - Sou o mais hábil construtor do mundo e posso erguer um belo e fortificado muro, se assim desejarem.

Um sorriso de satisfação iluminou a barba ruiva de Odin. Loki, também satisfeito, acenou para o homem e lhe disse: 
 E quanto tempo levará para terminá-lo?

- Em um ano e meio estará perfeito e acabado.

- Muito bem, pode começá-lo imediatamente! - disse Loki, aplaudindo o construtor.

- Esperem! - bradou Odin, interrompendo tudo. - O senhor disse que é o melhor construtor de todo o mundo, não é?

- Sim, honro-me de sê-lo!

- E, o que pede para realizar a sua tarefa? - quis saber o deus supremo, já imaginando que o hábil construtor não pediria pouco.

- Quero a mão da bela Idun em casamento - disse o outro, confirmando as mais negras previsões do maior dos deuses.

Idun era a deusa da juventude e cuidava do pomar onde brotavam as maçãs a juventude, graças às quais os deuses permaneciam sempre jovens e saudáveis.2

- Ora, desapareça daqui! - disse Tyr, o mais valente dos deuses, brandindo o seu único punho para o atrevido.

Heimdall, o guardião da ponte Bifrost, que conduzia a Asgard, como não podia falar, protestou tocando sua cometa tão alto no ouvido do estrangeiro, que construtor sofreu um sobressalto e precisou de alguns minutos para recuperar inteiramente a audição. Quanto aos demais deuses, já iam todos dando as costas, incluindo Odin, quando ouviram Loki dizer ao atrevido forasteiro:

- Muito bem, se puder construir em seis meses, o negócio está fechado! Todos os rostos voltaram-se, alarmados, para o imprevidente deus.

- Imporemos apenas a condição de que realize sozinho a sua tarefa e no espaço de um único inverno - disse ainda Loki, sem se importar com as censuras que faiscavam no
olhar de seus colegas. Para estes, entretanto, disse à boca pequena: - Não se preocupem: em seis meses, ele não terá construído nem a metade do muro, o que o obrigará a nos entregá-lo de graça!

- Trato feito! - disse o construtor, que pareceu muito satisfeito com a proposta. No mesmo instante, desceu de seu cavalo Svadilfair e meteu mãos à obra. Acoplando um trenó à cauda do cavalo, ele começou a empilhar e a arrastar enormes pedregulhos pela neve com tanta vontade e determinação, que todos os deuses empalideceram, menos Loki, que olhava para o homem com um sorriso irônico.

- Não se aflija, bela Idun! - disse ele à infeliz deusa, que vertia pelos olhos pequeninas lágrimas douradas. - São fanfarronices do primeiro dia; amanhã, ele á estará exausto e jamais conseguirá terminar o muro dentro do prazo estipulado!

Mas, no segundo dia, o ritmo não diminuiu; na verdade, aumentou e, ao fim do primeiro mês, o estrangeiro já havia construído um bom pedaço, grande o bastante para deixar em pé os cabelos de Odin.

- Loki, seu idiota...! - disse ele, chamando o responsável pelo iminente desastre. - Se a coisa for neste passo, antes mesmo dos seis meses, ele terá concluído o maldito muro e perderemos Idun e as maçãs da juventude! Não lhe passou pela cabeça, cretino, que este construtor pode ser um gigante disfarçado a tramar a nossa destruição? - indagou Odin a Loki, que cocava a cabeça, com um ar culpado.

Idun, por sua vez, observava noite e dia, com desolação, a movimentação do construtor e cada pedra que ele depositava a mais sobre o muro, era um golpe cavo que soava em seu peito. Seus olhos estavam sempre postos sobre as costas suadas do infatigável construtor e de seu portentoso cavalo que arrastava no trenó, sem um minuto de descanso, os grandes pedregulhos.

O tempo passou e faltavam agora somente cinco dias para a chegada do verão e um pequeno trecho para que o muro estivesse concluído.

Odin fez um sinal para que Heimdall fizesse soar a sua trompa, convocando os deuses para uma reunião de emergência.

- E agora, seu tratante? - disse Odin, tão logo avistou Loki adentrar o salão. - Já que foi esperto o bastante para nos meter nesta enrascada, trate de arrumar um jeito de nos tirar dela, caso contrário, você irá para o sombrio Niflheim, onde sofrerá torturas tão cruéis que nem mesmo sua filha Hei o reconhecerá!

- Verei o que posso fazer, poderoso Odin - disse Loki, o qual, se era imprevidente a ponto de se meter a todo instante em enrascadas, não era menos hábil em se safar destas mesmas situações.

Loki internou-se numa grande floresta e, naquela mesma noite, enquanto o construtor trabalhava com a ajuda de seu cavalo, ele retornou de lá transformado numa belíssima égua branca. Postando-se diante do cavalo do construtor, a égua começou a relinchar melodiosamente (tanto quanto um eqüino possa ter alguma melodia), o que fez com que Svadilfair arrebentasse, afinal, os freios que o mantinham preso ao trenó e seguisse a égua floresta adentro.

- Ei, espere, aonde vai? - gritou o construtor, espantado.

O cavalo, entretanto, lançara-se numa corrida tão desenfreada que, por mais que seu dono tentasse alcançá-lo, não pôde fazê-lo. Depois de descansar um pouco e refletir, porém, o construtor farejou naquilo o dedo de Loki.

- É claro! - exclamou furioso. - Tão certo quanto sou um gigante disfarçado de construtor, esta égua não passa do maldito Loki disfarçado!

O gigante, então, vendo que não conseguiria terminar o muro sem o auxílio de seu prodigioso cavalo, resolveu reassumir a sua forma natural para tentar completar a tarefa.

Odin, contudo, que a tudo assistia de seu trono, exclamou tomado pela ira: 

- Tal como eu imaginava: o tal construtor não passa, na verdade, de um maldito gigante!... Ótimo, pois com isto fico também desobrigado de meu juramento! - Odin suspendeu no ar a mão que alimentava seus dois lobos, Geri e Freki, e ordenou, imediatamente, que um servidor fosse chamar seu filho Thor.

- Thor, preciso que, mais uma vez, faça uso de seu martelo Miollnir para derrotar este gigante impostor! - disse Odin, depositando todas as esperanças em seu valente filho.

Thor não esperou segunda ordem: empunhando seu martelo e afivelando bem à cintura o seu cinto de força, foi até o gigante, que empilhava, freneticamente, imensos pedregulhos no afã de terminar logo a sua tarefa. O rio de suor, que lhe escorria dos membros, fizera com que a neve ao seu redor tivesse derretido toda.

- Ora, vejam...! - disse Thor, ao se aproximar dele. - O pequeno construtor virou, então, de uma hora para a outra, um gigante atarefado?

- Fique longe de mim! - disse o outro, carregando em desespero a última pedra que faltava para completar o muro.

Porém, antes que tivesse tempo de colocá-la sobre o último vão do muro, Thor arremessou seu martelo com tal força e velocidade, que a cabeça do gigante se esmigalhou inteira.

- Aí está, patife, o seu pagamento! - disse o deus, recolhendo Miollnir. O gigante teve, logo em seguida, o restante de seu corpo jogado nos gelos eternos de Niflheim.

- E então, tudo correu bem? - disse Odin ao filho, tendo ao lado Idun.

- Já deve estar construindo seus muros na terrível morada de Hei! - disse Thor, enquanto retirava sua pesada luva de ferro.

Todos os deuses regozijaram-se com uma grande festa, aliviados que estavam pela derrota do gigante. Entretanto, em meio a ela, alguém perguntou:

- E Loki? Que fim levou o espertalhão?

De fato, Loki havia desaparecido de Asgard desde o instante em que entrara na floresta com o garanhão do gigante. Durante muito tempo, ninguém ouviu falar dele até que, um belo dia, ressurgiu, trazendo um belíssimo e prodigioso cavalo negro de oito patas.

- Ora, viva! Finalmente, reapareceu! - exclamou Odin, que, no entanto, parecia mais interessado no cavalo do que no deus desaparecido.

- Apresento a vocês Sleipnir, o cavalo mais veloz do universo! - disse Loki, todo sorridente.

Loki, por mais incrível que possa parecer, tornara-se pai de um cavalo; mas, para quem já havia sido anteriormente pai de um lobo e de uma serpente, não havia nisto nada de surpreendente. Entretanto, percebendo que Odin apaixonara-se, perdidamente, pelo cavalo, tratou logo de lhe dar o animal de presente na esperança de fazer com que esquecesse, rapidamente, de suas trapalhadas.

E foi assim que Odin se tornou dono do cavalo mais veloz do universo. 


Obs.:
2 - Na transposição da mitologia nórdica para a germânica, a deusa da juventude passa a se chamar Freya, em vez de Idun. Por se tratar, entretanto, de uma história específica da mitologia nórdica, optamos pela fidelidade à nomenclatura original. Além disso, já há uma outra Freya entre os nórdicos, com um caráter bastante distinto daquela a qual nos referimos. (N. dos A.)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Ervas Mágicas

E muito simples manter uma pequena horta de ervas mágicas em casa não precisa de muito espaço,
basta escolher as ervas de acordo com o local que você tem disponível em sua casa ou apartamento, e dedicação. As ervas são repletas de energia e poder natural, além de suas propriedades medicinais. através de rituais a energia é direcionada para o objetivo desejado. As ervas são ótimas condutoras psíquicas, pela sua força energética e vital, são poderosos talismãs quando cultivadas em casa. Que tal cultivar seu próprio chá, tempero, ervas mágicas? Abaixo segue o significado de algumas ervas para quem quer começar.


Alecrim

Propriedades mágicas: Planeta: Sol. Elemento: Fogo
Usado em encantamentos de proteção, para ajudar nos estudos. Lavar as mãos com uma infusão de alecrim substitui um banho de purificação. Beba um chá de alecrim antes de fazer um exame ou uma entrevista para ter a mente alerta. O chá de alecrim é ótimo para trazer o ânimo de volta. Amor, sensualidade, cura, proteção. Queime alecrim e lavanda para proteção e cura. Esfregue óleo de alecrim em velas verdes para atrair amor e sensualidade.Está ligado à fidelidade, amor, lembranças felizes. O cheiro de alecrim mantém a pessoa alegre, é um símbolo de amizade.
Como cuidar: O plantio por estaquia é feito cortando ramos com cerca de 15 cm de comprimento. Plante os ramos em vasos ou outros recipientes, deixados em local bem iluminado, mas sem luz solar direta. O solo deve ser mantido bem úmido até o enraizamento, que leva de três a quatro semanas. Após o enraizamento as mudas devem receber luz solar direta. As mudas são transplantadas para o local definitivo com cerca de um ano em regiões onde o inverno é frio, mas podem ser transplantadas cerca de um ou dois meses após o enraizamento das mudas em regiões onde o inverno é ameno. As plantas jovens não devem ficar expostas a temperaturas muito baixas em seu primeiro ano de vida. O alecrim pode ser cultivado em jardineiras e vasos de tamanho médio ou grande, mas geralmente não se desenvolve tanto quanto os cultivados no solo. A colheita do alecrim para uso doméstico pode começar a partir de 90 dias após o plantio. Contudo, o ideal é que a colheita ocorra apenas a partir do segundo ou terceiro ano de cultivo, retirando-se no máximo metade dos ramos para não prejudicar muito as plantas. O alecrim é uma planta perene e pode produzir bem por mais de dez anos.

Alfazema/ Lavanda

Propriedades Mágicas: Planeta: Mercúrio, Vênus, Júpiter. Elemento: Ar.
Bastante utilizada em banhos de purificação. Significa universalmente pureza, castidade, longevidade, felicidade. Dormir sobre ramos de lavanda abranda a depressão. Feitiços de amor. Combate às culpas de ações impensadas. Na astrologia está associada ao planeta Lua. Restabelece a paz depois das discussões e conflitos. Para o entusiasmo, alegria, determinação. Na medicina oriental, constata-se que a alfazema fortalece a parte In do indivíduo, auxiliando no amadurecimento do lado emotivo. Amor, proteção. Use óleo de lavanda para suavizar a mente e o corpo e trazer visões de amor. Misture lavanda com sálvia e queime na Lua Minguante para purificar e proteger a casa.
Como cuidar: Para a propagação por estaquia, os ramos podem ser cortados com cerca de 10 cm de comprimento, retirando as folhas da parte inferior que ficará enterrada no solo. O solo deve ser mantido apenas levemente úmido, pois um excesso de água leva ao apodrecimento dos pedaços de ramo. O espaçamento recomendado entre as plantas pode variar de 30 a 90 cm, dependendo do porte da variedade cultivada e das condições de cultivo. A lavanda também podem ser cultivada facilmente em vasos com 30 ou 40 cm de diâmetro. As flores são colhidas assim que se abrem, cortando quase todo o ramo. As folhas podem ser colhidas quando necessário, mas são menos apreciadas do que as flores. O óleo essencial é extraído apenas das flores recém-colhidas. Esta planta cresce de forma relativamente lenta, e embora chegue a florescer no primeiro ano, a floração é mais abundante a partir do segundo ano de cultivo. A lavanda é uma planta perene e pode produzir bem por mais de uma década.

Aloe Vera/ Babosa

Propriedades Mágicas: Planeta: Lua - Elemento: Água
Proteção e sorte. Acredita-se que manter uma babosa em casa, sobretudo no jardim, protege a residência de energias negativas. Amor, força. Queime babosa para atrair amor e boa sorte. As altíssimas vibrações espirituais atrairão amor se você carregar consigo a babosa ou usa o incenso.
Como cuidar: Pegue um vaso de flor com terra e cave um pequeno buraco não muito fundo nela. Ponha a folha no buraco. Se quiser, pode cobri-la com terra, mas não é necessário. Regue a babosa e cuide dela. É melhor colocá-la em um local com um pouco de luz solar. Em cerca de duas semanas, a babosa começará a brotar. Deixe o processo acontecer naturalmente e apenas regue a planta quando o solo estiver seco.Enquanto ela estiver crescendo, não use suas folhas. Somente as utilize quando estiverem grandes ou (melhor) depois de dois meses.

Hortelã/ Menta

Propriedades Mágicas: (Mentha piperata) Planeta: Vênus, Elemento: Ar 
Usado em encantamentos de cura, tomar banho com hortelã também é ótimo para curar, e também pode ser usado como incenso. Erva muito utilizada para cura de feridas emocionai. A hortelã-miuda, é empregada como tempero e age como calmante quando usada em chá. A hortelã-pimenta estimula a pele e os terminais nervosos sensíveis ao frio. Para aquecer ambientes muito frios, coloca-se uma bacia com água e folhas de hortelã. Como digestivo, faz-se uma infusão com 100g de água quente já adoçada, coloca-se 5g de folhas frescas ou secas de hortelã, filtrar e beber em seguida bem devagar. Para excitação nervosa e insônia colocar uma pitada de folhas frescas de hortelã em uma xícara de água quente, filtrar e beber o liquida. (Em casos de insônia, tomar antes de deitar).
Como cuidar: Uma recomendação é que o local de cultivo deve ser bem protegido do vento, pois este pode prejudicar muito as plantas. A hortelã ou menta pode ser cultivada em lugares ensolarados ou em sombra parcial. Em sombra parcial é mais fácil manter o solo úmido e o ambiente fresco, principalmente quando sua região tem um clima mais quente. Irrigue de forma a manter o solo sempre úmido. O ideal é que o solo nunca seque durante o ciclo de crescimento das plantas. O plantio é geralmente realizado através de rizomas retirados de plantas bem desenvolvidas, saudáveis e de boas características, com duas ou três gemas em cada pedaço de rizoma. Estes podem ser plantados diretamente no local definitivo ou em canteiros, sendo as mudas depois transplantadas quando atingem de 10 a 15 cm de altura. É possível fazer a colheita de todas as hastes três vezes por ano, por quatro a seis anos sem necessidade de replantio. Apesar de seu uso ser muito comum, o poejo contém uma alta concentração do óleo essencial pulegona, que é muito tóxico, de forma que seu uso deve ser moderado. Outras mentas também contêm pulegona, mas em menor concentração. Mulheres grávidas devem evitar totalmente o consumo de poejo e de todas as outras hortelãs.

Manjericão

Propriedades Mágicas: Planeta: Marte, Sol e Vênus; Elemento: Fogo
Também chamado de alfavaca, o manjericão é conhecido como símbolo do amor e da coragem e tem associação de longa data com a bruxaria e a magia. Pode ser usado para acalmar o temperamento entre os amantes e em divinações com fins amorosos. Traz riqueza para aqueles que o carregam em seus bolsos e é utilizado em estabelecimentos comerciais (na soleira da porta ou perto do caixa) para trazer fregueses. Se for espalhado pelo chão, nenhum mal fica onde ele está. Pode ser utilizado para exorcismos e banhos de purificação. Ele transmuta a energia agressiva, transformando-a em vontade e força para brigar por coisas mais importantes como metas e ideais. Ajuda a brigar pela vida e pelas coisas que nós queremos. É ótima para os desorganizados e indisciplinados. Ajuda-nos também a ver o brilho e o perfume da vida. Pode também ser colocado em vasos para evitar a entrada de energias negativas. Utilize em banhos de limpeza, saúde e cura, fertilidade. Protege contra todas as formas do mal e atrai boa sorte. Cultivar manjericão, eu um vaso ou em uma horta, traz paz e felicidade para a casa.
Como cuidar: O manjericão ou basílico, Ocimum basilicum, é uma planta que cresce melhor em temperaturas acima de 18°C. A planta não suporta baixas temperaturas, devendo ser cultivada dentro de estufas em regiões de clima frio, ou apenas durante os meses do ano em que as temperaturas não descem abaixo de 15°C. Em regiões de clima quente o manjericão pode ser cultivado durante todo o ano. O manjericão necessita de alta luminosidade e deve receber luz solar direta ao menos por algumas horas diariamente. Irrigue com freqüência para que o solo seja mantido levemente úmido. Tanto a falta quanto o excesso de água prejudicam o manjericão. O manjericão também pode ser propagado por estaquia, ou seja, por ramos cortados de plantas adultas saudáveis. Corte ramos com aproximadamente 15 cm de comprimento e remova as folhas deixando apenas as mais próximas da extremidade do ramo (deixe 3 ou 4 pares de folhas). O manjericão pode ser cultivado facilmente em jardineiras e vasos de tamanho médio ou grande, embora geralmente cresça menos. No solo e em boas condições de cultivo, alguns cultivares de manjericão pode ultrapassar a 1 metro de altura. Assim, para plantio em vasos e jardineiras, dê preferência a cultivares de menor porte, ainda que seja possível plantar qualquer um dos cultivares disponível. A colheita das folhas pode começar quando a planta estiver bem desenvolvida, o que geralmente ocorre de 60 a 90 dias após a semeadura. As flores também são comestíveis. 

Sálvia

Propriedades Mágicas: planeta: Júpiter. Elemento Ar.
Erva de proteção para casa. Empresta seus poderes para proteger a casa de ataques e invasões provenientes de qualquer área. Sabedoria, proteção: Use óleo de sálvia pra clarear confusão. Coloque folhas de sálvia sob um tapete para proteger a casa contra negatividade. Queime sálvia na Lua Minguante para proteção.
Como cuidar: O plantio por estaquia é feito cortando ramos lenhosos e plantando estes em solo bem úmido, até que enraízem. Também chamada de salva ou salva-das-boticas, é uma planta cultivada desde a antiguidade para fins medicinais. Suas folhas são usadas como tempero e para fazer chá, e é também muito cultivada como planta ornamental em jardins. Há vários cultivares desta planta, com folhas e flores de diversas cores. A sálvia precisa de luz solar direta ao menos por algumas horas diariamente. Irrigue com freqüência para que o solo seja mantido levemente úmido. O excesso de água prejudica as plantas, principalmente quando a temperatura está baixa. Plantas adultas são moderadamente resistentes a curtos períodos de seca. A colheita das folhas da sálvia ou salva pode ser iniciada quando as plantas estão bem desenvolvidas. No primeiro ano é possível fazer uma colheita leve. Nos anos seguintes, duas colheitas por ano. Para uso doméstico, colha folhas ou ramos quando necessário. A colheita pode ser feita de 90 a 120 dias após o plantio. Os ramos ou folhas devem ser colhidos antes que a floração comece o que ocorre geralmente somente a partir do segundo ano. Os ramos e folhas podem ser usados frescos ou secos, sendo que a secagem dos ramos deve ser feita em local fresco e bem ventilado, sem ficar exposto à luz solar direta.

A Importância do Rio Nilo - Antigo Egito



 Hulton Archive/Getty Images
Por volta de 1900: as pirâmides de Gizé nas margens do Nilo, construídas pelos egípcios antigos para guardarem os corpos de seus faraós


O rio Nilo era a fonte de vida do povo egípcio, que vivia basicamente da agricultura. No período das cheias, as fortes chuvas sazonais (junho a setembro), faziam o Rio Nilo transbordar, encobrindo grandes extensões de terras que o margeavam, mas também, este fenômeno fertilizava o solo ao depositar matéria orgânica (fertilizante de primeira qualidade) neste.
Para o povo egípcio era uma verdadeira bênção dos deuses. Aliás, o próprio rio era tido como sagrado. O historiador antigo Heródoto fez conhecida a frase "o Egito é uma dádiva do Nilo" - idéia essa que causa a ilusão de que a prosperidade alcançada por esse povo se devia unicamente às condições naturais. Mas para o Egito, o Nilo não era apenas um presente da natureza. Havia necessidade da inteligência, do trabalho, da aplicação e da organização dos homens. Após as cheias, as margens do rio ficavam cobertas por húmus - adubo natural, que dava ao solo a fertilidade necessária para o plantio. No tempo da estiagem, num trabalho de união de forças e de conjunto, os egípcios aproveitaram as águas do rio para levar a irrigação até terras mais distantes ou construir diques para controlar as cheias, protegendo o vale contra essas catástrofes terríveis. No período das cheias, os camponeses eram encaminhados para as cidades, onde realizavam outros trabalhos que não a agricultura. O trabalho no campo era regulado em função das três estações do ano, típicas do país, relacionadas ao ciclo do rio Nilo: Akhit - a inundação, de julho a novembro; Peret - a chamada ,saída, ou reaparecimento da terra cultivável do seio das águas - época da semeadura - que acontecia de novembro a março; Shemu - a colheita, que acontecia de março a junho.

HAPI
Fértil, Neter do rio, seu nome significa “inundação”. Ligado a Nun como a água primordial e a Osíris como Neter da fertilidade, seu lar era uma caverna escondida em baixo da primeira catarata do Nilo, próximo a Elefantina. Ele também presidia o rio do mundo subterrâneo.

OSÍRIS
É o deus da fecundidade, a divindade que representa e sustenta a continuidade da natureza; ele é quem faz nascer a semente, quem a amadurece. Osíris é o princípio da própria vida. Nos mistérios de Osíris a alma era a semente e a vida, a vegetação.

CALENDÁRIO EGÍPCIO – 28 DE NOVEMBRO
Estação do Ano: Peret é a estação da semeadura (ou primavera). Era a segunda das três estações agrícolas do antigo Egito. Nessa época era feita a plantação, começava no final de novembro ou começo de dezembro.
Neter do Mês: Min o mais antigo deus da fertilidade, se manifestava como o raio da vida no momento da união sexual. Seu nome significa “estar firme”. Personifica a renovação, abundância, procriação epoder sexual
Neter da Estação: Kheperi o escaravelho ou carocha. Deus da transformação, a palavra kheper significa “tornar-se”. Acreditava-se não só que ele cria a vida, mas também a restaura, estando assim sempre associado a ideia de ressureição.

Dia de prolongar a vida e a virtude de maât.

Soror Zoé#Z


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Lendas e Mitos do Antigo Egito - Parte 1

PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO

O período pré-dinástico corresponde ao período neolítico antigo até o surgimento do primeiro faraó (Faraó Menés), aproximadamente 3100 a.c. O curso do desenvolvimento pré-dinástico se deu de forma gradual, o que levanta muitas hipóteses sobre a época final do período. Antes da unificação o Egito era constituído de vários Nomos (como se fossem pequenas cidades) cada Nomo tinha sua capital, emblema, divindades e regras. Por volta de 3100 a.c. O Faraó Menés unificou os Nomos, surge a partir daí a técnica de mumificação dos mortos e a personificação dos Neteru, surge aí a ideia de Deuses Egípcios, onde tornou-se possível explicar ao povo comum como se dava os princípios arquetípicos dos Neteru.

O período pré-dinástico é caracterizado por um forte processo de desertificação, onde foram estabelecidas as atuais características climáticas do Egito. Neste período surgiu à agricultura, e as práticas médicas egípcias mais antigas são datadas deste período.


OS NETERU

Neteru é o plural de Neter e Neteret, é traduzido como “Deus” ou “Grande”. O uso real da palavra representa um arquétipo, ou uma força divina, da natureza ou universal que reúne vários princípios e/ou características. São princípios universais, locais ou estelares. Era uma forma de explicar os princípios básicos da vida, astronômicos, funcionamento do planeta e sua influência na vida e no humor das pessoas. 

Os Neteru são forças da natureza, e nenhuma força é superior à outra, pode ser mais acentuada que outra dependendo do local e tempo de atuação. Um Neter/ Neteret pode apresentar características contraditórias e complementares, por exemplo, um arquetípico de maternidade pode ser representado por uma Neteret que possui uma faceta carinhosa ou feroz dependendo das circunstâncias. Na simbologia egípcia a função dos Neteru é desvelada de diversas maneiras: vestimenta, ornamentos, animal, planta, cor, tamanho, posição, gesto, objeto sagrado. Onde é representada toda a riqueza de elementos físicos, psicológicos, fisiológicos e espirituais. O termo Neter significa “princípio”, e indica que os Iniciados egípcios encaravam suas divindades não como deuses no sentido de entes imortais a serem adorados, mas como ideias e qualidades a serem venerados e praticados.



ENÉADE DE HELIÓPOLIS

Existem muitas lendas egípcias para explicar a origem do universo. Entre as mais aceitas está a Enéade de Heliópolis.

Enéade é um termo grego, para nove deuses e deusas, era a base de um dos mitos de criação do antigo Egito. O primeiro mito de criação vem de Heliópolis e inclui nove divindades que surgiram do deus criador Atum e do deus dos oceanos primordiais, chamado de Nun, Atum fez Shu, deus do ar, e Tefnut (Mâat) deusa da umidade. Eles por sua vez fizeram Geb deus da terra e Nuit a deusa do céu. Geb e Nuit eram os pais de Osíris, Seth, Isis e Néftis. A fonte mais completa, até hoje encontrada, vem dos textos das pirâmides, esse mito de criação foi o mais popular em todo o antigo Egito.

As Águas Primordiais eram conhecidas como o grande deus Atum que, de repente, eleva-se de si mesmo e se transforma em um monte de terra, que passa a ser conhecido como a Colina Primordial. Como o universo se encontrava mergulhado em trevas, o surgimento da Colina Primordial significa também o surgimento da manhã, da luz, do dia. Um poema encontrado em uma pirâmide diz o seguinte: “Atum foi criador aos masturbar-se em Heliópolis (tida pelos sacerdotes como sendo a Colina Primordial); pôs o pênis em sua mão para que pudesse sentir o prazer da ejaculação, e com isso nasceram irmão e irmã Shu e Tefnut”.

Shu passa a ser o espaço, a luz no meio da escuridão das Águas Primordiais, ao mesmo tempo em que passa a ser o ar. Como luz, ele separa a Terra e o Céu, e como ar sustenta a abóboda celeste. Com o passar do tempo passou a ser considerado o “Eterno”, mediador entre o Um, o Deus Supremo e as diversas criaturas subsequentes. 

Tefnut tornou-se Maiet (ou Mâat), a Ordem Cósmica sem a qual a vida no Egito não seria possível.


Neteret Mâat JUSTIÇA – representada por uma mulher que traz na cabeça uma pluma de avestruz ou pavão, representa a justiça e a verdade, o equilíbrio, a harmonia do Universo tal como foi criado inicialmente. É também a deusa/princípio do senso de realidade. Este respeito implica na prática da equidade, verdade, justiça, no respeito às leis e aos indivíduos, e na consciência que o tratamento que se inflige aos outros pode nos ser infligido.

Mâat não era adorada somente na religião do Antigo Egito, estava presente também na sociedade, a Neteret Mâat faz parte da base da criação da sociedade egípcia, também era compreendida como um conjunto de preceitos éticos, esses preceitos orientavam a conduta do homem egípcio; fornecia os princípios primordiais para o posicionamento moral do homem na sociedade em que vivia. Mâat tratava-se de um princípio imutável, inscrito no coração dos homens desde a criação. Opor-se a este princípio significava desarmonia e consequentemente: caos e sofrimento. “cada um aja segundo seu coração”. No julgamento dos mortos, Osíris pesava as almas de todos que chegassem ao Salão de Julgamento subterrâneo com a pena da verdade, cedida por Mâat. Era colocada a pluma na balança, e no prato oposto o coração do falecido. Se os pratos ficassem em equilíbrio, o morto podia festejar com as divindades e os espíritos dos mortos. Entretanto, se o coração fosse mais pesado, ele era devolvido para Ammit para ser devorado.

Consta que logo depois de gerados Shu e Tefnut separaram-se de Atum, que enviou seu olho para procura-los. Quando encontra seus filhos, o olho do deus Atum chora e de suas lágrimas surge à humanidade. Da junção dos três (Atum enquanto Espírito Primário), Shu enquanto Vida e Tefnut como a Ordem Cósmica, surgem Geb (Terra) e Nuit (Céu). Por fim, os dois se apaixonam e do amor de Hadit e Nuit surge os mais radiantes dos seres, ele foi chamado de Rá, que significa “Iluminação e Esperança”.

O poder de Rá era tão grande que iluminava e aquecia a Terra, fazendo com que ela se fertilizasse. O calor e a radiação que Rá produzida fizeram com que a Terra (Hadit ou Geb) possuísse o calor necessário para que as primeiras formas de vida fossem produzidas no planeta. Rá era de certa forma, um ser muito forte e com poder ilimitado, porém muito solitário, pois Nuit e Hadit ocupavam-se muito com seu amor. Então do ventre de Nuit surge Toth (ou Tahuti), que assumiu a forma da Lua, pois Tahuti era a beleza, o encanto, a divinação e a magia.


Neter Thoth SABEDORIA - É o deus da escrita e da sabedoria, os egípcios acreditavam que Thoth tinha criado os Hieróglifos, a matemática, astronomia, magia, alquimia, arquitetura, medicina, em fim, representava todos os conhecimentos científicos.
 
É o Deus da Lua. Thoth é representado com a imagem de um Íbis (pássaro), por ele ter um bico parecido com a lua. Thoth compreendia todos os mistérios da mente humana, ele representa o advogado da humanidade.

No tribunal de Osíris, havia uma balança onde era colocada em um dos pratos a pena de Mâat e no outro o AB (coração do morto). Cabia a Thoth examinar e determinar a dignidade do morto, Thoth penetra na mente dos homens para identificar seus sentimentos e propósitos, era considerado o Escriba confidencial do Deus Osíris, ele anotava minunciosamente cada julgamento, assinalando se aquele que estava sendo julgado havia conduzido bem, se tivera uma vida digna e honrada. A escrita era muito importante para o povo daquela época, a partir dela era possível imortalizar as coisas para que não se perdessem com o tempo, os egípcios sabiam muito bem disso, e podemos ver que estavam certos, pois uma parte da cultura deles ainda é viva por causa dos hieróglifos, a escrita por meio de imagens e símbolos. . É representado com um Íbis, um homem com cabeça de Íbis ou ainda um babuíno.



Rá e Tahuti tornam-se melhores amigos e passam a fazer tudo juntos. Um dia Tahuti, lendo a sorte de Rá, viu que um irmão ainda não nascido o derrotaria. Rá preocupou-se, não queria perder o posto de Senhor dos Neteru e então fez um acordo com seu avô Shu, para criar o vácuo, sob pena de parar de aquecer o solo. Nuit e Hadit (Geb) foram separados pelo Vácuo, dessa forma Rá conseguiria evitar a fecundação de sua mãe Nuit.

Porém Nuit já carregava cinco irmãos de Rá e Tahuti em seu ventre, quando Rá ficou sabendo enganou Tahuti para obter sua ajuda para decretar que nenhum novo Neteru poderia nascer enquanto o Sol tocasse a Terra, e ao mesmo tempo, fez com que a Barca Solar parasse de andar, fazendo com que sempre fosse dia no Antigo Egito. Assim, passaram-se mais de cinco mil anos, e como Nuit não podia dar a luz, seu ventre foi se expandindo ao infinito, formando a imensidão do espaço. Cada um dos cinco Neteru em seu ventre passou a ser representado por uma estrela, pois assim como o Sol, essas estrelas tinham um poder imensurável (quando ouvimos a expressão “Todo homem e toda mulher é uma estrela!” refere-se a isso, pois as pessoas são comparadas a esses Neteru, que são conhecidos por “Os Não Nascidos”).

Tahuti, compadecido pela tristeza de sua mãe Nuit, pegou um tabuleiro de xadrez (Rá gostava muito desse jogo) e foi até Rá. Tahuti, com sua astúcia, usou da arrogância de Rá para enganá-lo, foi deixando Rá vencer a maioria das partidas. Assim alguns anos se passaram, enquanto Rá ganhava e comemorava suas vitórias, Tahuti ia roubando algumas horas de Rá, e com essas horas formou cindo dias sem Sol. Sem Rá perceber, Tahuti fez com que em cada dia nascesse um dos Neteru que estavam no ventre de Nuit. (Thoth criou o calendário com 365 dias, o anterior possui apenas 360, e foi dessa forma que Thoth conseguiu os cinco dias adicionais). Nascem os “Não Nascidos”, os Neteru não nascidos vieram a ser conhecidos pelos nomes: Unefer (Ausat ou Osíris), Weret Wekau (Auset ou Isis), Rá-Hoor-Khuit (Hórus ou Horoeris), Néftis e Hotep Sekhus (Set). Ainda no ventre de Nuit, Unefer e Weret Wekau se casam, assim como Hotep Sekhus e Néftis.



A Lenda do Nome Mágico

Contam os mitos egípcios que governou o mundo um poderoso Deus. Ninguém conseguiu descobrir seu verdadeiro nome, pois ele se transformava para não ser reconhecido. Era conhecido pelo nome de Deus Oculto.
Isis sabia que o Deus Oculto era o condutor de barca do Sol. E assim ela seguiu o barqueiro e descobriu que ele caminhava pelo céu.

No dia seguinte quando o Deus Oculto parou para descansar, a Deusa esperou que o suor pingasse em sua face e o misturou ao barro, formando uma massa com a qual modelou como uma serpente venenosa e fez com que ela picasse o Deus Oculto.

O Deus oculto gritava de dor dizendo:

- Eu jamais havia visto uma serpente igual a essa. (O Deus Oculto conhecia todas as criaturas existentes).

- Diga-me, Deus soberano, qual o teu verdadeiro nome? Disse Isis

- Muitos são meus nomes: somente meu pai me chama pelo verdadeiro nome, não posso revelar meu verdadeiro nome, pois ele me deu esse nome para que ninguém pudesse me enfeitiçar com Magias e assim se apoderasse de minha eterna sabedoria.

- Diga-me, Deus oculto qual o seu verdadeiro nome, e eu te ajudarei. Com um feitiço com teu nome secreto, poderei retirar o veneno do teu corpo.

- Meu nome é Rá. Este é meu nome dado por mim e por meu pai.

- Na mesma hora, um poderoso encanto saiu da boca de Isis e o corpo de Rá ficou livre do veneno.

A Deusa o curou, mas Rá pagou o preço Isis passou a exercer poder eterno sobre ele. E, assim, Isis se tornou superior de todos os outros Deuses.



Soror Zoé #Z 



terça-feira, 21 de abril de 2015

O INICIADO

// Este texto é extraído do site da Fraternidade LUX et FRARI  e está na íntegra //
                                                                                                                 
                                               
Iniciado: Alguém que se iniciou; neófito de práticas secretas; aquele que recebe ensino de um mestre.
O iniciado é aquele que penetra nos mistérios da Deusa, levantando seus véus e contemplando a sua face comunga com seus mistérios divinos.
Meu mestre costuma dizer que: “Um mestre só se torna realmente mestre após ter um iniciado”. Este dito revela a importância do iniciado para o mestre.
Todo o mestre sonha em ter um iniciado perfeito, dedicado, estudioso e disciplinado, assim como o iniciado sonha em ter um mestre pleno de conhecimento, poder mágico e sabedoria. No entanto, para ambos, nem sempre isso acontece.
Diz um provérbio antigo “... o mestre se apresenta para o iniciado quando este está pronto”. Mas é preciso que o iniciado queira se tornar um. Ninguém pode obrigar alguém a ser um iniciado. Mas após optar e ser aceito, o iniciado deve dedicar-se, ter disciplina, seguir as orientações do seu mestre para progredir e esforçar-se para manter-se ao lado dele. “... o mestre é alguém que pesca com um anzol reto, o iniciado é alguém que se esforça para manter-se preso ao anzol”.
Às vezes vejo um iniciado julgando, criticando ou queixando-se do seu mestre, e isso me entristece, pois ou o mestre não esta atendendo as necessidades do seu iniciado ou o iniciado julga saber mais que seu mestre, e em ambos os casos a relação esta prejudicada, onde algumas vezes o rompimento da relação é a melhor solução.
A relação entre mestre e iniciado vai muito alem da relação entre professor e aluno. O laço entre os dois dura para sempre. Vejo com freqüência mestres se referindo ou citando palavras de seus antigos mestres ouvidas muitas vezes quando eram iniciados, e percebo nas suas vozes sentimentos de saudade, admiração e respeito, estes sentimentos por seus mestres, talvez nunca tenha sido percebidos por eles mesmos, quando eram iniciados.
Ouso dizer, que a relação entre mestre e iniciado é como a relação entre pai e filho.
A função do mestre é passar o conhecimento para o iniciado para que este possa seguir o seu caminho. A função do iniciado quando se tornar mestre é passar o que aprendeu de seu mestre, acrescido da sua experiência pessoal, a outros iniciados, mantendo viva a chama da tradição.
“... o pai que ama verdadeiramente seu filho deixa-lhe um legado para que este possa crescer com segurança e se manter no mundo vindouro quando seu pai lhe faltar. Da mesma forma quando o filho tornar-se pai passará o seu o conhecimento para o próprio filho”.
O caminho do iniciado não é um caminho fácil, muito pelo contrário, é repleto de ordalias. Há momentos em que as dificuldades, dúvidas, insegurança e medo parecem dominar e que a melhor saída é desistir. O iniciado deve confiar no seu mestre, ouvi-lo e tentar nestes momentos trevosos seguir-lhe a orientação. Ainda que seu mestre não seja o ser mais perfeito, ele é alguém que com certeza, não encontrou a sua espada caída na esquina; ele a conquistou superando as mesmas dificuldades pelas quais passa agora ou passará o seu iniciado.


Por Delphos Ankh-Af








O MESTRE


// Este texto é extraído do site da Fraternidade LUX et FRARI  e está na íntegra //

Abaixo transcrevo um texto do frater Goya do Círculo Iniciático de Hermes, por estar em plena concordância com os ensinamentos da Fraternidade Lux et Frati. Tomei apenas a liberdade de substituir a palavra discípulo ou aprendiz pela expressão iniciado, por esta, estar mais de acordo com a utilizada em nossa ordem.
Delphos Ankh-Af



Quem é o Mestre?

Por definição, Mestre: O que é perito ou versado numa ciência ou arte. Portanto, o Mestre seria alguém que se dedicou a um determinado ofício, ciência ou arte, até atingir um grau suficiente de instrução que lhe permita ensinar, ou guiar o iniciado.
Todo Mestre foi um dia iniciado. Ninguém nasce Mestre. O aprendizado nunca é um caminho fácil, mas ao contrário, é um caminho exigente e difícil, cujo preço é para a maioria das pessoas, impossível de pagar. Note-se que falamos aqui de um tipo de Mestre específico. O Mestre de uma ordem esotérica. Supõe-se portanto, que o Mestre ou Guia, tenha passado por todas as trilhas e iniciações previamente, as mesmas pelas quais levará seu iniciado. Logo, aqueles Mestres que levam o título sem ter nada praticado na verdade não se encaixam aqui sendo uma vergonha para seu iniciado. Mas voltaremos a eles mais adiante. Não percamos tempo.


A Formação do Mestre

Como alguém se torna Mestre? Em tese, qualquer pessoa pode tornar-se um Mestre, e por vários meios, embora a trajetória seja basicamente a mesma. No processo de formação do Mestre, nem sempre ele possui a idéia clara de que é um Mestre já no início. Mas o fato de não ter consciência imediata disso, não quer dizer que ele ainda não seja um Mestre.
Normalmente, no decorrer dessa jornada, o buscador primeiro responde a um Chamado (anseio) pessoal, que o leva a buscar certo caminho. Esse anseio muitas vezes é um desejo exagerado já na infância por coisas que são inapropriadas para a idade. Aqui estamos falando daqueles que desde de cedo acabam encontrando sua vocação, normalmente no final da primeira infância (a partir dos 7 anos). Depois disso, acabam buscando informações por conta própria, sendo difícil encontrar na história desses buscadores precoces um tutor assim em tão tenra idade. Normalmente a juventude desses buscadores acaba sendo bastante solitária e até podemos dizer marginal, pois em grande parte dos casos demonstra um recolhimento voluntário. Então, na vida adulta, após os 21 anos no Ocidente, é que acontecem as grandes reviravoltas. Normalmente nessa fase é marcada por grandes conflitos pessoais, um desejo incessante de crescer, e uma disparidade entre o que se pensa e o que se vive. Lembramos aqui que em nossos dias ninguém é educado desde a infância para ser Mestre. Logo, quando a fase de amadurecimento ocorre, há um choque entre aquilo que veio aprendido na família de origem, e aquilo que é aprendido por outros meios, sejam eles espirituais ou não. E normalmente, no período ao redor dos 30 anos, tem uma grande virada ou amadurecimento de sua carreira mágica.
Adiante disso, só podemos dizer que normalmente o caminho segue mais tranqüilo, a menos que ocorra algum tipo de virada na jornada pessoal. 


Um Mestre deve ter uma vida perfeita?

Deveria, mas não tem. Muitas pessoas têm o conceito errôneo de que por ser Mestre, o indivíduo deve ter uma vida perfeita. Devemos aqui lembrar que a pessoa pode ser um Mestre, mas o cônjuge, os filhos, ou os parentes necessariamente não o são, e tampouco o são o Chefe do Trabalho, os credores e por aí vai.

Mas se ele é Mestre, como não consegue resolver as questões diárias?

Não devemos nos esquecer que um Mestre é alguém preparado para determinadas áreas do conhecimento. Ele é um especialista, logo, por ser um Mestre no lado esotérico não faz dele um terapeuta familiar, ou um especialista em finanças. O Mestre é alguém que vive no nosso plano físico e portanto limitado às nossas leis e regras como qualquer um de nós. A grande diferença é que ele aproveita muito melhor as chances da sua vida. O verdadeiro Mestre busca o equilíbrio em tudo o que faz, e o alcança na maioria das vezes. E como dissemos adiante, nem sempre os familiares (que são os que estão mais próximos a ele) são Mestres também. Voltaremos a esse tema quando falarmos do Discipulo. 


Um Mestre é alguém Teórico?

Sim e não. O verdadeiro Mestre é aquele que possui habilidades teóricas e práticas. Alguém que sabe passar (logos/teoria) aquilo que se pratica (práxis/prática). Toda prática, leva ao estabelecimento de uma teoria. Por exemplo, o melhor jeito de bater num prego, para que consiga pregar no menor número de marteladas possível. Levando assim, à Teoria do Martelo. Logo, quando for ensinar alguém, vou passar a Teoria do Martelo e a Prática do Martelar...
A grande dificuldade existente hoje, é que muitas pessoas apenas lêem, não praticam, e se dizem grandes conhecedores, pois analisaram todas as possibilidades na sua mente “racional”. Devemos lembrar que essas pessoas “racionais” são as mesmas que não conseguem sustentar uma conversa sob qualquer tema até o final, as mesmas que esquecem metade da lista do supermercado, e as mesmas que tem dificuldades nos caixas eletrônicos. Sendo na verdade, racionais de meia-tigela, que querem bater num determinado artista na rua porque o personagem dele é mau na novela, e é a mesma pessoa racional que se diz elevada espiritualmente e espanca os filhos quando chega em casa nervosa do trabalho. E se dizem racionais...


Mestres Secretos e Mestres Conhecidos

Tradicionalmente existem pelo menos dois tipos de Mestre. Existe o Mestre Secreto ou Desconhecido e o Mestre Conhecido.
O Mestre Desconhecido, deve ser entendido como alguém a quem o aprendiz apenas tem acesso e que pede sigilo, ou ainda a uma egregóra, como Jesus, Buda, etc. Nosegundo caso, o aprendiz absorve de alguma forma o conhecimento fornecido pela egrégoratentando assim obter o que se chama tecnicamente de “revelação”.Muitos adoram usar o termo Mestre como alguém inacessível, porque é importante para eles justificarem sua incompetência em seguir qualquer estudo diligente seja sozinho ou em grupo. Logo, ele cria uma figura idealizada de Mestre Oculto, distante, invisível e em outro plano, porque é incapaz de admitir a si mesmo que apesar de ser um incompetente total naquilo que se propôs, outros podem ser bons alunos e praticantes, chegando a algum tipo de mestria de fato. Surge aí então, o Mestre Conhecido, que é aquele que se mostra publicamente. Talvez nesse ponto é que surjam as grandes dificuldades de se saber quem é quem. Muitas pessoas buscam a mestria como um auto-reconhecimento, um motivo do que se orgulhar.
De fato, não há mal algum em se orgulhar de um trabalho bem-feito, mas algumas pessoas acham que o título lhes garante status, o que não é verdade. Um dos pontos mais facilmente observáveis nos falsos Mestres, é a dificuldade de tê-los disponíveis e a aura de mistério que fazem questão de exalar. Poses, caras e bocas, fazem deles seres inatingíveis. Mas esses, que apenas se fazem de mestres sem verdadeiramente o ser, são descobertos facilmente após algum tempo de convívio. Vamos ao Mestre de fato, aquele que realmente nos interessa. Normalmente, o Mestre Conhecido pertence a alguma escola esotérica. Existem ordens e ordens. Como já foi dito acima, o Mestre é alguém que percorre um longo caminho em direção à perfeição de si mesmo, porque acredita que este é seu papel, ou ainda, também pode ser colocado nessa situação por forças externas a ele. E em especial, o Mestre Conhecido, aquele que se expõe, quando é um Mestre realmente, é alguém que faz das tripas coração para atender seu iniciado.

Por Frater Goya

Transcrito por 
Delphos Ankh-Af